Por Antonio Corrêa Sobrinho
AMIGOS,
Relendo o
capítulo de “A Marcha de Lampião”, de Raul Fernandes, que trata do assalto e da
resistência de Mossoró, obra considerada das mais importantes dentre as que
tratam do ataque de "Lampião" e comandados à cidade do oeste
potiguar, em junho de 1927, fico aqui a meditar sobre o que realmente consiste
a História: em visões, versões e intenções de quem as faz, depois que confronto
o sobredito livro do filho do então prefeito de Mossoró, coronel Rodolfo
Fernandes, cujas loas quase todas sobre seu pai recaem, pois bem, quando
comparo com a matéria que leio no jornal “O Globo”, de agosto de 1927,
publicada dois meses depois do término do conflito, sobre a transferência para
outra cidade, segundo o jornal, injusta, do telegrafista Mirabeau da Cunha
Mello. No livro, a participação deste na defesa de Mossoró é quase de passagem,
com informações breves e uma fotografia, como o fez com outros combatentes; de
que se tratou de um colaborador, seja na organização de novas defesas, seja na
composição da trincheira do Telégrafo. Já na matéria jornalística, é destacada
a atuação de Mirabeau Cunha na heroica defesa. O que levou um jornal de
circulação nacional trazer a lume notícia de uma mera transferência de um
servidor público? Quem nos contará sobre quem realmente os grandes daqueles
dias em Mossoró?
FOI REMOVIDO O TELEGRAFISTA DE MOSSORÓ
A POPULAÇÃO
LOCAL ACHA INJUSTA A MEDIDA E PROTESTA CONTRA ELA
MOSSORÓ (Rio
Grande do Norte), 22 – Tem produzido justos descontentamos a remoção do
telegrafista Mirabeau da Cunha Mello para Recife, contra a sua expectativa.
Além dos interesses naturais de família, economia e propriedades prejudicados
desnecessariamente, a repentina remoção acarreta odiosa atitude, visto saber-se
das prevenções de superior hierárquico do distrito contra aquele que é
merecedor de muitas considerações. Ninguém ignora aqui a atitude brilhante de
Mirabeau na defesa do Telégrafo. Agora mesmo, a fim de defender a repartição do
ataque dos bandidos de "Lampião", Mirabeau organizou alí uma força respeitável
de defesa, com auxiliares do Telégrafo, tomando parte nesta bacharéis, padres e
comerciantes. Essa defesa animava o povo confiante e certo de ser conservada
constante correspondência telegráfica sobre as medidas urgentes de defesa. Em
certos momentos críticos, ele foi heroicamente animar o pessoal, não
abandonando igualmente os aparelhos Mirabeau organizou oito trincheiras, de
acordo com o comandante da força, prejudicando os próprios interesses com as
medidas de defesa. O telegrafista aludido merece promoção e não remoção
ostensiva, vendo-se banido pelas falsas interferências. Para substituir os
aparelhos quebrados pelos bandidos, em Apodi e Alexandria, teve ele de
arranjar, por empréstimo, três telefones com particulares, que ainda não foram
substituídos por outros, por quem de direito. Não é o fato de remoção que causa
indignação, mas a violência da mesma inoportunamente. Testemunha da patriótica
atitude desse distinto servidor da causa pública nacional, o povo protesta
contra o ato vingativo e injusto de sua remoção desta cidade contra a sua
expectativa.
JORNAL "O
GLOBO" – 23/08/1927
Imagem do
telegrafista Mirabeau Mello.
Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
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