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quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

RELENDO O CAPÍTULO DE “A MARCHA DE LAMPIÃO”, DE RAUL FERNANDES

Por Antonio Corrêa Sobrinho

AMIGOS,

Relendo o capítulo de “A Marcha de Lampião”, de Raul Fernandes, que trata do assalto e da resistência de Mossoró, obra considerada das mais importantes dentre as que tratam do ataque de "Lampião" e comandados à cidade do oeste potiguar, em junho de 1927, fico aqui a meditar sobre o que realmente consiste a História: em visões, versões e intenções de quem as faz, depois que confronto o sobredito livro do filho do então prefeito de Mossoró, coronel Rodolfo Fernandes, cujas loas quase todas sobre seu pai recaem, pois bem, quando comparo com a matéria que leio no jornal “O Globo”, de agosto de 1927, publicada dois meses depois do término do conflito, sobre a transferência para outra cidade, segundo o jornal, injusta, do telegrafista Mirabeau da Cunha Mello. No livro, a participação deste na defesa de Mossoró é quase de passagem, com informações breves e uma fotografia, como o fez com outros combatentes; de que se tratou de um colaborador, seja na organização de novas defesas, seja na composição da trincheira do Telégrafo. Já na matéria jornalística, é destacada a atuação de Mirabeau Cunha na heroica defesa. O que levou um jornal de circulação nacional trazer a lume notícia de uma mera transferência de um servidor público? Quem nos contará sobre quem realmente os grandes daqueles dias em Mossoró? 


FOI REMOVIDO O TELEGRAFISTA DE MOSSORÓ

A POPULAÇÃO LOCAL ACHA INJUSTA A MEDIDA E PROTESTA CONTRA ELA

MOSSORÓ (Rio Grande do Norte), 22 – Tem produzido justos descontentamos a remoção do telegrafista Mirabeau da Cunha Mello para Recife, contra a sua expectativa. Além dos interesses naturais de família, economia e propriedades prejudicados desnecessariamente, a repentina remoção acarreta odiosa atitude, visto saber-se das prevenções de superior hierárquico do distrito contra aquele que é merecedor de muitas considerações. Ninguém ignora aqui a atitude brilhante de Mirabeau na defesa do Telégrafo. Agora mesmo, a fim de defender a repartição do ataque dos bandidos de "Lampião", Mirabeau organizou alí uma força respeitável de defesa, com auxiliares do Telégrafo, tomando parte nesta bacharéis, padres e comerciantes. Essa defesa animava o povo confiante e certo de ser conservada constante correspondência telegráfica sobre as medidas urgentes de defesa. Em certos momentos críticos, ele foi heroicamente animar o pessoal, não abandonando igualmente os aparelhos Mirabeau organizou oito trincheiras, de acordo com o comandante da força, prejudicando os próprios interesses com as medidas de defesa. O telegrafista aludido merece promoção e não remoção ostensiva, vendo-se banido pelas falsas interferências. Para substituir os aparelhos quebrados pelos bandidos, em Apodi e Alexandria, teve ele de arranjar, por empréstimo, três telefones com particulares, que ainda não foram substituídos por outros, por quem de direito. Não é o fato de remoção que causa indignação, mas a violência da mesma inoportunamente. Testemunha da patriótica atitude desse distinto servidor da causa pública nacional, o povo protesta contra o ato vingativo e injusto de sua remoção desta cidade contra a sua expectativa.

JORNAL "O GLOBO" – 23/08/1927
Imagem do telegrafista Mirabeau Mello.

Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço e Nordeste
Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/587794398096175/?comment_id=588435498032065&notif_t=like&notif_id=1484849014470785

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