Por Campos Monteiro
Freguesia
de Penha Longa, concelho de Marco de Canaveses, distrito do Porto - 8 de Janeiro de 1852, cerca das 8 h da noite - Documentação histórica e Tradição
A Casa de
Carrapatelo, situada próxima da Barragem do Carrapatelo no rio Douro, pectence
à freguesia de Penha Longa e naquela época fazia parte do julgado de Benviver.
Fica na margem direita do rio, a pouco mais de dez quilómeuos do Marco, a sede
do concelho (1).
Quem embarcar
na pequena praia do Lavadouro e descer pelo rio Douro abaixo, após cerca de
meia hora de viagem poderá ver, olhando lá para cima, à direita, empoleirada no
alto da escarpa, uma casa de feição fidalga - é a casa da quinta de Carrapatelo.
Sozinha. Isolada.
O solar exibe a sua frontaria principal virada para o rio Douro, como que a mirar-se nele. Em frente da casa, um pequeno largo com um parapeito muito baixo; depois é a escarpa, e lá ao fundo, a menos de cem metros, as águas do rio.
Esta é a
fachada sul. Mas existe uma segunda, virada ao nascente, para cuja porta se
sobe por uma elegante escadaria de granito, com um corrimão também de granito.
Ao cimo da porta ostenta-se o brasão da família Abreu e Lemos.
Do lado de
trás, voltada para norte, fica a porta da cozinha.
Vista de
frente, pela fachada principal, a casa tem as portas ao rés do chão e por cima
os aposentos, e num andar superior alguns quartos que ficam ao nível das
águas-furtadas. Naquela época, a casa ainda não tinha a capela nem a pequena
construção com a latada (do lado esquerdo, na foto).
A Casa de
Carrapatelo pertencia ao rico fidalgo provinciano José Joaquim de Abreu e
Lemos, de 73 anos, sargento-mor das milícias do julgado de Benviver, que aí
habitava na companhia de sua filha, D. Ana Vitória de Vasconcelos e Abreu Lopes
da Fonseca Lemos, de 39 anos, viúva; de sua filha natural D. Rita de Cássia; e
de sua neta D. Ana Amélia, de 19 anos, solteira; além dos criados e criadas da
casa. Tinha ainda outra neta, D. Maria de Melo, de 22 anos, que casara havia um
ano com João da Silveira Osório de Vasconcelos e vivia na margem de lá do
Douro, na Póvoa ou Quintã de Antemil.
A 3 de Janeiro
de 1852 faleceu o sargento-mor.(2)
Todos os
fidalgos e autoridades das redondezas tinham acorrido ao funeral e a apresentar
condolências à família enlutada, além do muito povo que comparecera, pois era
geral a estima pelos fidalgos de Carrapatelo e conhecida a bondade de D. Ana
Vitória.
Durante a
tarde do dia 7 iam partindo as últimas visitas.
***
Por trás do
Carrapatelo ergue-se a serra de Monte de Eiras. Nas faldas da serra, num
planalto com cerca de 150 metros de altitude, fica a capela de S. Brás, e,
perto dela, uma corte que constitui uma espécie de abrigo. Esta corte era do
Carvalhais, homem de confiança do Vinagre, de quem falaremos já a seguir.
Neste reduto
encontravam-se, ao entardecer do dia 7, o José do Telhado e os seus homens.
Dali ao solar de Carrapatelo, descendo por atalhos quase a pique, seriam 1500
metros.
"Tendo
atravessado o Tâmega no Barco do Canal [situado em Abragão, concelho de
Penafiel], a quadrilha dirigiu-se para o monte do Castelinho, onde passou parte
da tarde fingindo que caçava. Dali foi para a corte de Fandinhães, aonde o
Fragas lhe enviou comida. Já noite, dirigiu-se a um alto que fica próximo da
casa de Carrapatelo, onde José Teixeira destinou os postos de cada um."(3)
Enviado de Lisboa capital de Portugal pelo pesquisador Roberto Emídio
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