Por José Gonçalves do Nascimento
O brasão da polícia militar do estado de São Paulo é revelador do quanto a
corporação, ao longo da história, foi-se notabilizando na repressão a
movimentos populares em todo o Brasil - prática que também remonta ao tempo das
bandeiras. O quilombo dos Palmares, por exemplo, foi aniquilado por um
bandeirante, Domingos Jorge Velho. Entre os movimentos reprimidos pelos
paulistas, através de suas forças repressivas, está a comunidade sertaneja de
Canudos, liderada por Antônio Conselheiro, em fins do século XIX.
Dito brasão contém 18 estrelas, que representam "marcos históricos da
corporação". A 18ª estrela é uma referência à "revolução de
março". O termo "revolução" é usado por militares que negam ter
havido uma ditadura no país entre 1964 e 1985.
Além do golpe de 64, estão representadas no brasão outras ações repressivas
registradas em episódios conhecidos, como a Guerra do Paraguai (1864 a 1870),
que devastou o país vizinho, e o conflito de Canudos (1896 a 1897) no sertão
baiano, que dizimou todos os participantes do movimento, e onde a polícia de
São Paulo atuou, revelando todo o seu poder de repressão. Há ainda estrelas em
homenagem às repressões à Revolta da Chibata (1910) e ao levante dos 18 do
Forte de Copacabana (1922).
Portanto, não há de se estranhar quando, durante as “jornadas de junho” e a
copa do mundo, policiais armados até os dentes foram às ruas de São Paulo para
reprimir e assassinar jovens, trabalhadores e estudantes, que ali se
encontravam no pleno exercício do direito de manifestação.
PS. Tamanha arrogância, talvez herdada do bandeirante, que tanto crime praticou
Brasil afora, está sacramentada também no brasão de armas do estado, onde se
lê: "NON DUCOR DUCO". Ou seja, "não sou conduzido,
conduzo". Cremos vir daí a ideia de "locomotiva do país".
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário