Por Francisco de Paula Melo Aguiar
A canoa de Jeremias
Era o único transporte
A usina, todos os dias
O Paraíba cheio, comporte.
Construída do miolo
De madeira de lei
Inversão do nado, cabriolo
Leva e trás gente de cada vez.
Passa rico e pobre também
Corta a água do Paraíba
De beira a beira como ninguém
Banho de gente afoita, pindaíba.
O jornal falado do dia
Era ouvido da boca do povo
Matraca da vida alheia corria
Bajulador, puxa-saco, balanço ovo.
Eram tantos os adjetivos
Ouvidos e levados para o patrão
Verdadeiro cheira curativos
Diga ai “seu menino” em atenção.
O coronel deitado na rede
Ouvia em silêncio seu operário
Comia, dormia e acordava com sede
O relatório do canoeiro diário.
A canoa de Jeremias era a independência
Sim! Um território fora da terra firme
Do massapé da Várzea sua existência
Senzala, lugar sem leis e pulso firme.
Enviado pelo autor
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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