"Vamos
sambar minha gente até o sol raiá, que já mataram Corisco e balearam
Dadá".
Por: Liandro Antiques.
Não poderia
deixar passar em branco uma data como essa, muito importante para a história de
Barra do Mendes.
Raríssima
foto em frente ao cemitério novo onde se pode ver o caixão de Leogera e muitas
pessoas, dentre os cavaleiros está Corisco montado. Barra do Mendes, 24 de maio
de 1940
Em 25 de maio de 1940, há exatamente 75 anos, era capturado na Fazenda Pacheco, distante 10 km da sede do município de Barra do Mendes, o Cangaceiro Corisco e sua mulher Dadá.
José Antonio Pacheco filho do velho Zé Pacheco. Foi ele quem de dirigiu ao arraial
de Barro Alto no sábado afim de fazer a compra dos mantimentos para Corisco e
seus companheiros seguirem viagem naquele mesmo dia. Já era um homem de 41 anos
de idade e casado com a prima Joventina Araújo Barreto, neta de sua tia e
madrinha Mariquinha grande, irmã de seu pai.
Zé Antonio não sabia que os "romeiros " arranchados em sua casa eram cangaceiros, por isso a delação foi um ato de inocência.
Zé Antonio não sabia que os "romeiros " arranchados em sua casa eram cangaceiros, por isso a delação foi um ato de inocência.
Corisco, Dadá, Rio Branco, Florência e a menina Zefinha, chegaram na Fazenda do Velho Zé Pacheco, dia 23 de maio, uma quinta-feira e nessa mesma noite faleceu Leogera, filha do dono da casa.
Na sexta-feira, dia 24, Corisco e Dadá acompanharam o cortejo fúnebre até a Vila de Barra do Mendes, onde Leogera foi sepultada no “Cemitério Novo”.
No sábado, dia 25, Corisco, que estava arranchado na casa de farinha da
propriedade, encomenda a Zé Antonio Pacheco, um homem, já de 41 anos de idade,
e não um rapaz como contam, que lhe trouxesse da feira livre do Arraial de
Barro Alto, os mantimentos necessários para seguirem viagem, pois dizia ele que
eram romeiros com destino a Bom Jesus da Lapa.
Nessa
pose Corisco o Diabo Loiro está ladeado por sua fiel companheira Dadá.
Acontece que no Barro Alto, Zé
Antonio se depara com a volante do Tenente Zé Rufino, que indaga acerca dos
“romeiros, e ao receber informação precisa de onde estavam, intimida Zé Antonio
e outros a o levarem a dita localidade. Já chega atirando, sem dar chance de
fuga. Dadá é baleada no pé e Corisco alvejado por uma saraivada de tiros,
ficando imobilizado no local. Não morreu na hora. O outro casal, Rio Branco e
Florência, estavam na Lagoa do Soldado lavando roupa, por isso ao ouvirem a
“pipoca” aproveitam a distância e fogem, indo parar em.
A volante leva Corisco e Dadá, mas o cangaceiro morre na estrada e é sepultado em Miguel Calmon. Dadá é operada e levada para Salvador, onde morreu já idosa.
Volante do tenente Zé Rufino o mesmo tenente que bateu Corisco na fazenda Pacheco em 25 de maio de
1940
Durante muito tempo, se ouviu muitas estórias acerca da permanência de Corisco em Barra do Mendes, o que na verdade não passam de invencionices do nosso povo sertanejo. Ora, se eles não ficaram nem 72 horas por aqui, como daria tempo para tantas aventuras contadas? E como fugitivos, o que mais queriam eram garantir ao máximo o anonimato, dariam tanta chance para estarem em evidência?
O certo é que, em terras de Barra do Mendes, teve fim um dos mais avultados movimentos do nordeste brasileiro, O CANGAÇO. Aqui tombou o vingador de Lampião, o Diabo Loiro.
José
de Souza Pacheco o dono da fazenda onde os cangaceiros estavam escondidos sob
o disfarce de romeiros. O velho Zé Pacheco era um fervoroso devoto do Bom Jesus
da Lapa, talvez por isso concordasse tão facilmente em abrigar desconhecidos
sob seus domínios. prova disso foi ele ter morrido a caminho do santuário onde
todos os anos fazia peregrinação.
No entanto, não obstante a importância do fato, o local onde tudo isso aconteceu, a Fazenda do Velho Zé Pacheco, continua lá, sem nenhum marco, sem nenhuma identificação. Não existe mais vestígio algum da casa de farinha. Os atuais donos da propriedade, uma neta do Velho Zé Pacheco e seu esposo, sempre recebem muito bem as pessoas que lá vão em busca de conhecer o local, mas nada mais podem fazer além disso.
Aqui,
a velha Brasilina e seu esposo Zé Pacheco, donos da fazenda onde capturaram Corisco em 25 de maio de 1940
Ao longo desses 75 anos, nada fora feito por nenhuma esfera governamental afim
de preservar e de garantir as futuras gerações o direito ao acesso daquilo que
lhe é garantido por Lei.
Nossa história carece de mais estudo, merece mais atenção!
Liandro Antiques
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário