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sábado, 2 de novembro de 2019

NO SERTÃO DE PERNAMBUCO

Rei do Cangaço 'Lampião' é condenado em júri épico 

Projeto transportou o público à década de 30, para presenciar como seria o julgamento de Lampião.

Por G1 Petrolina

Um dos personagens mais conhecidos e polêmicos do Nordeste foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. O rei do Cangaço nunca foi julgado por seus crimes, pois foi morto em [28] de julho de 1938, em uma emboscada policial, na grota do Angico, em Sergipe. Pensando nisso, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, um projeto acadêmico realizou nesta quinta-feira (31) o ‘Juri Épico de Lampião’. A encenação, que teve recursos de um julgamento real, declarou Lampião, culpado.

O júri contou com uma defesa feita por advogados e defensores públicos. A acusação foi realizada por promotores do Ministério Público. Os juízes foram Marcos Bacelar, da Vara da Infância e da Juventude em Petrolina, e Elane Brandão Ribeiro, da Vara do tribunal do Júri do Recife.

Júri Épico de Lampião em Petrolina no Sertão de Pernambuco. 
Foto: Reprodução/ TV Grande Rio

O júri começou, por volta das 9h, no Centro Cultural Dom Bosco, em Petrolina. O réu Virgulino Ferreira da Silva foi acusado de assassinatos, estupro, extorsão, roubo e sequestro, segundo o recorte histórico. Os jurados foram escolhidos por sorteio. Os primeiros a serem ouvidos foram as vítimas sobreviventes. Depois de ser citado, o réu teve direito a resposta. No fim da manhã, as testemunhas de defesa começaram a ser ouvidas. O primeiro, foi o padre Cícero Romão. Em seguida, foram ouvidos Volta Seca e Corisco, cangaceiros do bando de Lampião.

A denúncia foi de uma ação de Lampião e do bando dele, em [Dores], município de Sergipe, em 1930, e que resultou na morte de José Elpídio dos Santos. Destemido, Lampião não se mostrou intimidado pelos juízes e nem pela acusação. "Entrei para o cangaço por justiça e por destino, tudo começou por uma briga de terra e criação".

O réu negou ser o autor do assassinado, mas admitiu ser o mandante do crime. " Eu precisava dar o exemplo, não podia tolerar desrespeito a mim, não. Não gosto de derramamento de sangue, mas infelizmente nesse caso, foi necessário", disse Lampião.

Centro Cultural Dom Bosco em Petrolina ficou lotado durante todo o dia para assistir ao júri. 
Foto: Reprodução/ TV Grande Rio.

O período da tarde foi destinado para aos debates entre acusação e defesa. Foram duas horas e meia para as alegações de promotores do Ministério Público e outras duas horas e meia para advogados e defensores. Só depois disso, os jurados seguiram para a sala secreta. Até que à noite, a sentença foi lida pelos juízes, declarando Virgulino Ferreira da Silva, culpado.

O Júri Épico é um projeto acadêmico que pretende integrar a ciência jurídica a outras disciplinas, além de transportar o público à década de 30, para presenciar como seria o julgamento de Lampião. A realização é do Ministério público de Pernambuco, da Defensoria Pública do Estado, Ordem dos Advogados do Brasil, do Tribunal de Justiça de Pernambuco e de duas instituições de Ensino Superior.


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