Seguidores

sábado, 2 de setembro de 2023

A OITAVA

Por José Mendes Pereira


Primeiro do que tudo, não fui eu quem a escreveu.

Meus amigos Alan Jones, Railton Melo, Pedro do Nascimento e João Augusto Braz, sempre é bom ler os engraçados acontecimentos que foram registrados por pessoas que viram ou conviveram, e esta não diretamente, mas envolve um pouco o rei do baião Luiz Gonzaga do Nascimento. 

Hoje vamos ler mais uma história sobre o nosso Nordeste, escrita por Régis Freire Gomes. A história não é tão longa assim, e o tempo é suficiente para se ler. Segue:

A OITAVA - Por Régis Freire Gomes.


Corria o ano de 1978, interior do Ceará, cidadezinha pequena, toda a população reunida, aos domingos, para a feira já tradicional...

Pois bem, a história que vou relatar aconteceu com um senhor, chamado Seu Doca, que morava no sertão mesmo, um distrito da cidade que ficava há uns 15km da sede, e que todo domingo vinha à feira, no seu jumento.

Ao chegar, sempre seu Doca fazia as compras da semana, depois ia ao bar, tomar sua pinguinha e, depois, voltava pra casa.

Só que ele tinha comprado uma radiola (para tocar vinil), então, foi a um vendedor de uma banca de vinil e K7 e, ao chegar, apeou do seu jumentinho e foi logo falando:

- Bom dia, seu morço! Eu tô percurano de um Longuiprêi qui tem a musga da "oitava". Será que o cumpade num tinha ai?

- Tenho sim, mas todos esses discos aqui meu senhor tem a oitava música, disse o vendedor, mostrando dezenas de discos de vinil.

- Mas eu quero é o da musga qui chama Oitava, tem? Perguntou seu Doca.

- Então vamos testar alguns pra ve se a gente encontra, ta certo?

E foram testando os LPs. Já tinha ouvido a oitava música de quase trinta discos... e nada de encontrar a música de seu Doca.

Foi quando o vendedor falou:

- Será que o senhor nao poderia cantar um pouco dessa música pra gente ouvir?... Aí, ficaria mais fácil da gente encontrar.

- Só qui eu num lembru agora, cumpade! Minha memória tá meia fraca, eu so sei que é a da "Oitava", disse seu Doca.

Testaram mas uns vinte, já se tinham passado mais de duas horas e nada de encontrar a música, quando o vendedor lembrou de uma música e disse:

- Ja sei, deve ser a Oitava Sinfonia de Beethoven, será que é essa seu Doca? É essa né? Até que enfim!!

- Nunca ovi fala nesse bitôvi, mas só sei que é a "Oitava".

O vendedor colocou a Oitava Sinfonia de Beethoven, e, para sua tristeza, não era a música desejada.

Depois de quase três horas, o vendedor desistiu e disse a Seu Doca que não tinha a música, e a menos que ele cantasse uma parte dela, seria muito difícil de encontrá-la.

Seu Doca disse:

- Pois bem seu môço, eu vô mimbora, ja que voismicê num teim a "Oitava".

Seu Doca montou em seu jumento, deu a volta, quando, de repente, lhe veio a lembrança a tal música! Desmontou rápido e disse ao vendedor com entusiasmo:

- Lembrei!! Lembrei!! Lembrei, Seu Môço. Mi lembrei da "Oitava".

-Que maravilha seu Doca, agora cante um pedacinho, que, com certeza, eu terei o seu LP.

E Seu Doca, para o espanto e alegria de todos, disse, todo contente:

- A musga é assim, homi:

"OITAVA NA PENÊRA ,
OITAVA PENERANO,
OITAVA NUM NAMÔRO,
OITAVA NAMORANO..."

Seu Doca era um grande fã de LUIZ GONZAGA, mas no seu linguajar do sertão, não sabia a letra correta da música, trocando a parte de: EU TAVA por OITAVA.

Essa estória é contada aqui por meus parentes mais antigos, passou-se na cidade de PENTECOSTE-CE.

Se é verdade não posso provar, mas só sei que foi assim!!

A Música é FARINHADA, foi gravada por Gonzaga, em 1982, no LP "Eterno Cantador"

Mas, no interior, pela simplicidade do nosso matuto, ela ainda é conhecida até hoje como OITAVA, por causa do refrão!

E viva o Povo Brasileiro!!!

Contribuição: Regis Freire Gomes
http://www.luizluagonzaga.mus.br/000/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Itemid=32

Como eu escrevo e publico histórias fictícias e não fictícias diferencie as minhas histórias verídicas das fictícias. Segundo o Régis Freire Gomes, esta história é real.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário