Por Sílvio Oliveira
Quando 28 de julho chega, a família Ferreira, os descendentes do movimento do Cangaço, pesquisadores de todo o país, estudantes e a comunidade do Baixo São Francisco e Alto Sertão convergem como num ritual para a Grota do Angico, com o intuito de lembrar os anos de morte do Rei do Cangaço, da sua Maria Bonita e seus integrantes, ceifados em uma emboscada na Fazenda Angico, então pertencente ao município de Porto da Folha e hoje território de Poço Redondo (SE). O Cangaço além do tempo e do território é fonte inesgotável para a moda, a gastronomia, o universo das artes, da liturgia, da música, do cinema.
Neste ano, a 27º Missa do Cangaço lembrou os 86 anos de morte como de costume, e habitualmente levantou a questão que traz o Cangaço para além das discussões do bom ou mal, do herói ou vilão: o legado que perpassa gerações, territórios e por que não dizer, materialidade, tempo e espaço!
A sanfona ecoou no local emblemático de morte dos Cangaceiros e no ritmo do xaxado, quer fizesse chuva ou sol, a terra árida da Caatinga se mostrou colorida com a presença dos bornais de couro pitados a mão, dos adornos com bainhas coloridas e cabaças penduradas, das sandálias de couro, das jaquetas presentes no sertão de Sergipe e, por vezes, carregadas compassadamente por artistas e modelos em passarelas da moda pelo país e pelo mundo. Ah, e os chapéus encontrados em todo o país que significam imaginariamente resistência e força? As alpercatas em couro que calça gerações em todo o mundo? A arte imita a vida e transcende a linha do tempo para dizer que o Cangaço está vivo e é MODA. O Cangaço além do tempo e do território é fonte inesgotável de inspiração.
O cordel continua a girar as crenças como de costume na galeria das ARTES, feito um Hino de Glória, para marcar que Cangaço é LEITURA, LITERATURA, LITURGIA E PESQUISA. Sim, o Cangaço é um dos movimentos mais pesquisados pelo mundo e por vezes esquecido nas escolas brasileiras. São contabilizados somente no Brasil mais de 48 filmes nos últimos tempos com a temática nordestina. É impossível identificar quantas citações, pesquisas ou textos, tamanha a quantidade, mas sabe-se que as palavras cangaço, Lampião, Maria Bonita, cada uma delas digitadas em fontes de pesquisas na internet vai ofertar mais de 4 milhões de resultados, tamanho é o interesse por essa temática.
Na Missa do Cangaço, não faltou MÚSICA que ecoou vivíssima no compasso do sanfona, do triangulo e da zabumba em xotes e o xaxados, típico da dança cangaceira. É possível que os gritos de guerra presentes na dança sejam traços de Virgulino e seus companheiros. Os atos litúrgicos católicos intrínsecos de espiritualidades fazem perpetuar o Cangaço como mito e não é da conta de ninguém. FÉ é pessoal.
Só sei que quando a Missa termina, o cangaço continua presente no famoso ensopado de bode do sertão, nos embutidos de carneiro, na buchada, no sarapatel e até na carne seca ao sol acompanhada de raiz. O cangaço é certamente fonte de tradição para a GASTRONOMIA e, sendo gosto, cheiro, cores e tradições, nada melhor que influenciar criação de museus, de espaços, de memoriais, de rotas, de circuitos. A Rota do Cangaço está presente interrestadualmente para lembrar que cangaço é TURISMO.
Por representar um importante fenômeno social e cultural da história brasileira, mais fortemente nos anos 20 e 30, constitui-se uma fonte inesgotável e presente no imaginário popular brasileiro. O Cangaço além do tempo e do território é fonte inesgotável de inspiração. Lampião e Maria Bonita vivem na devoção do sertanejo, nas cores da moda dos grandes centros, nas histórias de pesquisadores e estudantes e nos seus seguidores por todo o Brasil e Mundo. Um dos mais pesquisados e biografados brasileiro, será sempre fonte inesgotável.
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