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terça-feira, 6 de março de 2012

SERTÃO VIOLA E AMOR

Por: Alcino Alves Costa
Vilela, Alcino e Rubinho

Sem se comparar com as sublimes e ternas palavras pai, mãe, filhos e netos, existem três outras designações que são mágicas e cercadas de esplendorosa ternura e luminosidade. Quais são elas? SERTÃO VIOLA E AMOR.

Além das acima mencionadas, as palavras SERTÃO VIOLA E AMOR estão entranhadas em meu sentimento e em minha aura. Desde a aurora de minha infância que estas três palavras fazem parte de minha vida. Em 1992, levado pela sensibilidade de nosso Luís Eduardo Costa, que me convidou, aceitando uma solicitação de Inácio Loiola, então prefeito de Piranhas e hoje deputado por Alagoas, a fazer um programa em sua nova emissora, a Xingó FM, de Canindé de São Francisco.

Mesmo sem jamais me imaginar fazendo um programa de rádio aceitei o desafio. Fiz apenas uma imposição. O programa seria de música sertaneja, aquela da viola e do dueto. E lá estava eu, o caipira de Poço Redondo, divulgando a tão combalida música violeira, pois era e sou um apaixonado pela “moreninha das dez cordas” e tenho nas músicas de Tonico e Tinoco a terapia de minha vida.

SERTÃO? Foi e é o esplendor e a magia do mundo do caboclo e do caatingueiro. A beleza do sertão não tem similar. Ele consegue ser lindo e encantado mesmo durante as tremendas secas que com seu sol inclemente torra a caatinga, desnuda a terra e deixa os riachos, tanques e lagoas sem água para o homem e o animal. Esta mesma beleza, só que em outra forma e em outra roupagem, aflora das entranhas de nossa mãe terra por ocasião das trovoadas e invernos, com as benditas chuvas empapando os nossos campos sertanejos, abarrotando de água os riachos e lagoas, tanques e barreiros. É neste instante da vida sertaneja, que como se fosse um passe de mágica aflora lá do fundo da terra, o verde da esperança e da felicidade do camponês, o verde que significa bonança e fartura na mesa do campônio. .

Este é o meu sertão, este é o nosso amado sertão, este é um dos maiores tesouros da humanidade. Sertão é uma palavra sagrada que faz parte do meu viver.

VIOLA? É a emanação da poesia brasileira. De suas cordas se expande o som divino que é sem dúvida alguma o mais terno e lindo do universo; o som de uma viola acalenta os que passam por alguma atribulação e faz com que aqueles que a escuta sinta o seu espírito voando tranquilo e no mais completo alento; viola é quem me acarinha em meus instantes de solidão e tristeza; viola é o hino sagrado que toma conta de meu sentimento e me faz, ainda mais, acreditar no amor e na felicidade; viola é a luz que ilumina o meu espírito e enleva o meu coração a Deus.

AMOR? É a firmeza de sentimento em nossas raízes, origens e tradições; é a ternura maior que um ser humano pode carregar em sua existência; é o anseio daqueles que ainda guarda dentro do mais profundo de seu coração o desejo de paz e felicidade; é o elo fortíssimo que tem o poder de unir as pessoas que se conhecem e se relacionam; é o símbolo maior que o homem e a mulher jamais poderiam perdê-lo.

Foi num instante de grandiosa inspiração que eu batizei o nosso programa com estas três maravilhosas palavras. E assim, o SERTÃO VIOLA E AMOR correu a estrada do tempo. Lá se vão quase duas décadas. Os sertões de quatro estados nordestinos têm em nosso programa um companheiro sem ofensas e sem abusos. Um companheiro que adentra a sua casa, o seu lar e ao lado de sua família, de sua esposa e de seus filhos ele oferece instantes de prazer e felicidade; fazendo com que todos, embevecidos, escutem com atenção, e emoção, as mensagens e histórias que são eternos clássicos de nosso cancioneiro e fazem parte da discografia sertaneja. O tinido de uma viola, com seus acordes que mais parece uma sinfonia celestial, faz à alegria e a felicidade de nosso povo nas tardes dos dias de sábado.

O SERTÃO VIOLA E AMOR se transformou em livro, em música, em título de CD, e vive nos corações dos povos sertanejos, mandando mensagens, contando histórias de nosso povo, o povo que faz parte de nossa família sertaneja. Eis abaixo a foto da capa do CD e a letra da canção de minha autoria, em parceria com Dino Franco, o maior compositor vivo da música sertaneja, reverenciando o SERTÃO VIOLA E AMOR, que está na faixa 2, do CD, SERTÃO VIOLA E AMOR.


No nordeste brasileiro
Uma onda se espalhou
Na voz da rádio Xingó
Com seu apresentador
Foi uma bênção divina
A um povo sofredor
O violeiro cantando
Sertão viola e amor.

O cavaquinho no samba
Num canto se encostou
O tamborim fez silêncio
Pra longe se retirou
A natureza sorriu,
Ouvindo o seu trovador.
No rádio leu-se a mensagem,
Sertão viola e amor.

Cantigas e mais cantigas,
De um tempo que já passou;
As trovas apaixonadas,
Do poeta cantador.
Histórias de vaquejadas,
Maravilhas, sim senhor!
Me alegra quando ouço,
Sertão viola e amor

O nordeste, leste, oeste,
O povo se admirou.
Ouvindo a rádio Xingó
E seus poemas de amor.
Canta, canta, minha gente,
Pois violeiro também sou.
O Brasil todo conhece,
Sertão viola e amor


Publicado, no dia 15 de janeiro de 2011, pelo JORNAL DA CIDADE, Aracaju, Sergipe

Saudações

Alcino Alves Costa
O Caipira de Poço Redondo - SE


Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço:
Alcino Alves Costa

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