Por Sálvio Siqueira
“Coiteiro (ou
couteiro) quer dizer: “guarda de coutada”. Coutada, por sua vez, é a terra onde
a caça é proibida. Deriva-se, pois, de coito (ou couto).
Couto (ou coito) compreende-se por terra coutada ou aquela onde se podiam asilar os criminosos, onde não entrava a justiça, a “Lei” do Estado. Contudo, o sentido lato do vocábulo “coito” (do latim coitus, junção) significa cópula ou relação sexual”.( FERREIRA, Aurélio B. de H)
Lampião, o
“Rei do Cangaço”, nos deixa boquiabertos com a elasticidade, tamanho, da sua
‘malha’ de colaboradores.
Sem ela, sem os colaboradores, não tinha como ele ter se mantido tanto tempo dominando as caatingas sertanejas, imperando em seu ‘reinado’.
A coisa era
mantida com muitos ‘n’ em suas qualificações, tais como imposição, medo,
ameaças, dinheiro, etc... Desde o menor ao maior era por demais importante
mantê-los na ‘palma das mãos’. A maior ‘mola’, aquilo que segurava tantos e em
quase todos os recantos dos Estados por ele dominado, lógico, fora o dinheiro.
Quem foi chefe de bandos de cangaceiros sabia que tinha que manter esses
colaboradores, colaborando, para que se mantesse vivo e dominante.
O ex-cangaceiro Antonio Silvino
Estando preso desde 1914, na Casa de Detenção do Recife, Capital do Estado pernambucano, o chefe cangaceiro Antônio Silvino, é convocado, e aceita, por Gilberto Freire, na época, Chefe de Gabinete do então governador de Pernambuco, Estácio Coimbra, para criar um ‘meio’ de acabar com o cangaço, visando prioritariamente Lampião, no Nordeste.
O chefe cangaceiro, preso, dá a ideia, o sociólogo acata e o chefe de Polícia do Estado de Pernambuco, Eurico de Souza Leão, aprova, aceita e a coloca em prática.
A maneira mais cabível de acabar com Lampião, era retirar dele sua maior força,
seus Coiteiros. Sem a colaboração destes, o “Rei do Cangaço”, ficaria no mato
sem cachorro, pois, faltariam informações, alimentação, armas e munição para
seus ‘cabras’. E foi justamente aí, que a Força Pública começou a atingir o
cangaço.
Só que, na busca por coiteiros, muitos que nada tinham com a coisa, também entraram no cacete e sofreram muito.
“Para ser acusado do crime de dar coito a Lampião não é preciso mais que o abrigue durante uma noite, alimente-o, ou lhe forneça armas ou dinheiro. Ser coiteiro para a polícia é servir-lhe um copo d’água numa rápida parada de sua marcha incessante; é vê-lo passar ao longe, e não ir, pressuroso, delatá-lo; é topá-lo na estrada e responder às perguntas que lhe forem feitas; é, enfim, todo aquele que voluntária ou involuntariamente tenha com ele o mais leve contato. A estes chamaremos ‘pseudo-coiteiros’.”(PRATA, 1985 p. 102)
Segundo o autor citado, são classificados em três, as categorias ‘coiteira’, ou dos ‘coiteiros.
A primeira delas diz-se do “coiteiro-involuntário” que protege o bandido premido pelo medo, sabendo que pagará com a vida qualquer inconfidência ou delação feitas; a segunda diz-se do “coiteiro-vingativo” que age para tirar desforra por alguma ofensa a si ou familiar, por diferentes causas; e, por fim, a terceira, diz-se do “coiteiro-comerciante” que age para auferir proveito pecuniário sobre o fornecimento de víveres, armas e munições, por preços usurários e além do mercado.
Sem a ‘colaboração’ dos coiteiros, nenhum chefe de cangaceiros teria tido êxito.
Mas, como acima cito, muitos que nada tinham haver com a coisa, foram agredidos, torturados e até mortos pela volante.
A imprensa também deu seu ‘toque’ especial no que diz respeito aos coiteiros, chegando a qualificá-los de ‘facínoras’.
Veremos acima, uma das cenas que, a meu ver, tendo Lampião permitido a mesma, condena-se perante o Governo Federal da Nação.
Recordes de jornais pescados no http:// cangaconabahia.blogspot.com
Também veremos recortes de jornais, da época, noticiando prisões e ‘resultados’
dos ‘depoimentos’ dos coiteiros presos no interior, na caatinga, e enviados a
Capital.
Recordes de jornais pescados no http://cangaconabahia.blogspot.com
Com a ajuda de um chefe de cangaceiros, dá-se o começo do fim do cangaceirismo no
nordeste brasileiro.
Foto fotofilme
de Benjamin Abrahão
Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
Grupo: OFÍCIO DAS ESPINGARDAS
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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