Por Sálvio Siqueira
Ação dos
chamados “Novos Cangaceiros” no Mato Grosso.
Começa a
alusão desmoronar no conceito propriamente dito – “O termo Cangaço é
proveniente de canga, uma peça de madeira utilizada em pescoços de boi para
transporte. Como os chamados cangaceiros tinham que carregar todos seus
pertences junto ao corpo, deu-se o nome a partir da associação” – (Antônio
Gasparetto Junior).
O cangaço foi
um fenômeno social, caracterizado por atitudes violentas por parte dos
cangaceiros. Não citarei motivos, pois cada um que dele fez parte teve suas
razões, sendo ela qual tenha sido em qual das colunas, cangaceira ou volante,
participou. Eles, em sua horda, andavam em bandos, armados, espalhando o medo
pelo sertão nordestino.
Armas de
grosso calibre do “Novo Cangaço” apreendidas pela polícia.
Promoviam
saques a fazendas, atacavam caravanas, comboios e chegavam a sequestrar
fazendeiros, políticos, militares para obtenção de resgates. Aqueles que
respeitavam e acatavam as solicitações dos cangaceiros não sofriam, pelo
contrário, eram muitas vezes ajudados.
Esta atitude,
fez com que os cangaceiros fossem respeitados e até mesmo admirados por parte
da população da época.
A meu
ver, não têm nada comparável a quadrilha hoje determinada de ‘Novos
Cangaceiros’. Sendo uma alusão mal colocada. Comparação imprópria para os
números do ibope televisivo e/ou escrito. A imprensa, principalmente a
brasileira, vive disso, manchetes para ter saída e/ou audiência. Ibope, pois
mesmo em tempos idos, os atos dos legítimos cangaceiros eram distorcidos, assim
como as ações das forças policiais combatentes.
Os verdadeiros
cangaceiros.
Creio estarem
sem inspiração criativa para manchetear dessa maneira uma quadrilha
especializada, repito especializada, em caixas eletrônicos e agências
bancárias.
Temos, nos
entraves da história sertaneja, cangaceiro vingador, cangaceiro que falou
diretamente com um Presidente da Nação, cangaceiros que tinha ligações com as
mais diversas autoridades dos governos estaduais…
Temos
pesquisadores, escritores e estudiosos que vivem a imaginar uma ‘musa
inspiradora’ chamada Lídia…
Durvinha ao
lado de seu grande amor: Virgínio.
Temos a
simplicidade e boniteza de Durvinha, a vaidade e charme de Quitéria, a
determinação e valentia da ‘Suçuarana’, a cangaceira Dadá, o amor de Rosinha e…
etc.
Por outro
lado, encontramos a assombrosa valentia de Manoel Neto, a determinação e
companheirismo de Odilon Flor, o amor secreto de Zé de Rufina… Isso, junto aos
mais variados postos de soldados, espeçadas, civis e… etc.. Todos envolvidos em
uma única ‘direção’, todos com um só objetivo e uma só determinação…
Temos os
versos, cantigas, sanfona, zabumba, triângulo, pandeiro e xaxado.
Temos no
bioma, fazendo parte do fenômeno a batata do umbuzeiro, o xique xique, o
mandacaru, a favela…
Os coiteiros e
suas famílias… suas maneiras infinitas e criativas para, de algum modo, levar
e/ou trazer uma notícia, roupas, alimentos… etc... O sangue, a
vingança, a traição… o amor…
Fonte –
canalcienciascriminais.com.br
O medo, o
sonho, a desilusão… a dor…
Aqueles que
surgiram através do fenômeno, gerado das entranhas do coronelismo, não podem,
em nada, serem comparados com essas quadrilhas atuais.
Possuíam uma
vida nômade, viviam em movimento constante, indo de uma cidade para outra,
porém, ao chegarem às cidades, muitas vezes, pediam recursos e ajuda aos
moradores locais. Aos que se recusavam a ajudar o bando, então sobrava a
violência.
O fenômeno que
inspirara trovadores, poetas, cordelistas, artistas plásticos…
Não senhores,
tenham santa paciência, mas, nossa História, os senhores não furtarão.
O autor Sálvio
Siqueira – Fonte – cariricangaco.blogspot.com
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros
https://tokdehistoria.com.br/2016/08/19/impropria-alusao-a-um-fenomeno-os-novos-cangaceiros-sem-ligacao-com-o-passado/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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