Seguidores

terça-feira, 23 de agosto de 2016

IMPRÓPRIA ALUSÃO A UM FENÔMENO – OS “NOVOS CANGACEIROS” SEM LIGAÇÃO COM O PASSADO

Por Sálvio Siqueira

Ação dos chamados “Novos Cangaceiros” no Mato Grosso.

Começa a alusão desmoronar no conceito propriamente dito – “O termo Cangaço é proveniente de canga, uma peça de madeira utilizada em pescoços de boi para transporte. Como os chamados cangaceiros tinham que carregar todos seus pertences junto ao corpo, deu-se o nome a partir da associação” – (Antônio Gasparetto Junior).

O cangaço foi um fenômeno social, caracterizado por atitudes violentas por parte dos cangaceiros. Não citarei motivos, pois cada um que dele fez parte teve suas razões, sendo ela qual tenha sido em qual das colunas, cangaceira ou volante, participou. Eles, em sua horda, andavam em bandos, armados, espalhando o medo pelo sertão nordestino.

Armas de grosso calibre do “Novo Cangaço” apreendidas pela polícia.

Promoviam saques a fazendas, atacavam caravanas, comboios e chegavam a sequestrar fazendeiros, políticos, militares para obtenção de resgates. Aqueles que respeitavam e acatavam as solicitações dos cangaceiros não sofriam, pelo contrário, eram muitas vezes ajudados.

Esta atitude, fez com que os cangaceiros fossem respeitados e até mesmo admirados por parte da população da época.

 A meu ver, não têm nada comparável a quadrilha hoje determinada de ‘Novos Cangaceiros’. Sendo uma alusão mal colocada. Comparação imprópria para os números do ibope televisivo e/ou escrito. A imprensa, principalmente a brasileira, vive disso, manchetes para ter saída e/ou audiência. Ibope, pois mesmo em tempos idos, os atos dos legítimos cangaceiros eram distorcidos, assim como as ações das forças policiais combatentes.

Os verdadeiros cangaceiros.

Creio estarem sem inspiração criativa para manchetear dessa maneira uma quadrilha especializada, repito especializada, em caixas eletrônicos e agências bancárias.

Temos, nos entraves da história sertaneja, cangaceiro vingador, cangaceiro que falou diretamente com um Presidente da Nação, cangaceiros que tinha ligações com as mais diversas autoridades dos governos estaduais…

Temos pesquisadores, escritores e estudiosos que vivem a imaginar uma ‘musa inspiradora’ chamada Lídia…

Durvinha ao lado de seu grande amor: Virgínio.

Temos a simplicidade e boniteza de Durvinha, a vaidade e charme de Quitéria, a determinação e valentia da ‘Suçuarana’, a cangaceira Dadá, o amor de Rosinha e… etc.

Por outro lado, encontramos a assombrosa valentia de Manoel Neto, a determinação e companheirismo de Odilon Flor, o amor secreto de Zé de Rufina… Isso, junto aos mais variados postos de soldados, espeçadas, civis e… etc.. Todos envolvidos em uma única ‘direção’, todos com um só objetivo e uma só determinação…

Temos os versos, cantigas, sanfona, zabumba, triângulo, pandeiro e xaxado.

Temos no bioma, fazendo parte do fenômeno a batata do umbuzeiro, o xique xique, o mandacaru, a favela… 

Os coiteiros e suas famílias… suas maneiras infinitas e criativas para, de algum modo, levar e/ou trazer uma notícia, roupas, alimentos… etc... O sangue, a vingança, a traição… o amor…

Fonte – canalcienciascriminais.com.br

O medo, o sonho, a desilusão… a dor…

Aqueles que surgiram através do fenômeno, gerado das entranhas do coronelismo, não podem, em nada, serem comparados com essas quadrilhas atuais.

Possuíam uma vida nômade, viviam em movimento constante, indo de uma cidade para outra, porém, ao chegarem às cidades, muitas vezes, pediam recursos e ajuda aos moradores locais. Aos que se recusavam a ajudar o bando, então sobrava a violência. 

O fenômeno que inspirara trovadores, poetas, cordelistas, artistas plásticos…

Não senhores, tenham santa paciência, mas, nossa História, os senhores não furtarão.

O autor Sálvio Siqueira – Fonte – cariricangaco.blogspot.com

Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros

https://tokdehistoria.com.br/2016/08/19/impropria-alusao-a-um-fenomeno-os-novos-cangaceiros-sem-ligacao-com-o-passado/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário