Por José
Ribamar de Carvalho Alves
Apenas
creio no tempo presente
Me
fez o tempo pensar diferente
Se
o futuro não pertence a gente
Chega
de tempos nunca garantidos...
Graças
ao tempo eu desaprendi
A
reviver tudo que vivi
Até
as boas lembranças perdi
Pelos
caminhos dos anos vividos.
Graças
ao tempo, desfruto o agora
Sem
recordar o que virou outrora
Feliz
ou não me vejo sem hora
De
arranjar tempo para ter saudade...
Do
que partiu para não voltar,
O
que não volta só me faz pensar
Que
o que se foi pra não regressar
Para
o presente nunca foi verdade.
Se
o futuro da vida é escuro
E
adivinhar nunca foi seguro
Não
tem futuro pensar que o futuro
Tem
mais futuro do que o presente...
De
acreditar, pois quem pensa desiste,
Quem
teu juízo em crer não insiste
Se
o amanhã, na verdade existe
Não
participa da vida da gente.
O
PÁSSARO E O HOMEM
José
Ribamar de Carvalho Alves
O
pássaro não trai seu amor leal,
Não
põe escondido outro amor no ninho
Por
falta de amor, nenhum passarinho
Padece
no seu mundo natural.
O
homem por ter desejo carnal
Por
outra, magoa quem te dar carinho
E
às vezes acaba ficando sozinho
Por
não ver que o mal só constrói o mal.
O
pássaro não fere seu fiel amor
Trata
a companheira que tem como a flor
Que
recebe afago do seu jardineiro
E
o homem que trai o seu bem-querer
Na
desilusão, finda por não ter
Simples,
nada de amor verdadeiro.
SONHOS
DE PEDRA
José
Ribamar de Carvalho Alves
Os
meus dias verdes
O
sol do verão...
Do
tempo escondeu,
Só
me deixou marcas
Dos
sonhos de pedra
Que
a vida me deu.
Perdido
no ermo
Do
próprio destino
Caminho
sem calma,
Das
auroras vivas
Só
lembranças mortas
Conduzo
na alma.
No
vale do nada
Nas
tardes de angústias
Lanço
o meu queixume
Ensaiando
as sátiras,
Do
meu infortúnio
Que
não se resume.
A
dor da revolta
De
um expatriado
Não
supera a dor
De
quem tem mil sonhos
Mas
nenhum dos mil
Dá
sorte no amor.
Meus
sonhos de pedra
Me
desaproximam
Da
realidade
Sou
eu o poeta
Que
deixando o mundo
Não
deixa saudade.
GOSTO
DE SONHAR
José
Ribamar de Carvalho Alves
Desistir
para quem sonha não existe
Fraquejar
não condiz com insistir
Quem
insiste na vida em desistir
Arrepende-se
demais quando desiste
Da
batalha, quem perde, volta triste
Na
penumbra da dor que o intimida
Guerrear
sem receio de ferida
É
sonhar em vencer e se amar
Quem
desiste do gosto de sonhar
Joga
fora o prazer que adoça a vida.
Abrir
mão da vontade de vencer
É
a única maneira de deixar
De
viver com desejo de sonhar
Com
o dom do espírito de viver.
Deixe
a vida sorrir para não perder
Os
encantos que a tornam bem vivida
Ela
é uma graça oferecida
Por
quem tem muitas graças para dar
Quem
desiste do gosto de sonhar
Joga
fora o prazer que adoça a vida.
Na
cadência dos dias merecidos
Deixe
os olhos da alma vislumbrante
Como
ave nos bosques verdejantes
Rodeada
de sonhos coloridos
Ouça
a voz dos seus egos, dê ouvidos
Ao
chamado da fé que vence a lida
Se
pensar que a vida está perdida
Pense
noutra maneira de pensar.
Quem
desiste do gosto de sonhar
Joga
fora o prazer que adoça a vida.
AVAREZA
José Ribamar de Carvalho Alves
O
poder escraviza a indigência
Por
soberba e sem dó tem quem procure
Evitar
que o bem comum perdure
Nas
pessoas supridas de carência.
O
orvalho das nuvens da prudência
Fortalece
a videira da bondade
E
a voz que demonstra autoridade
Cala
a voz da razão da mendicância
Quem
se nutre do trigo da ganância
Desconhece
o sabor da caridade.
A
pessoa que banha-se de poderes
Limpa
o sujo nas suas vítimas limpas
Tira
suas vantagens mais supimpas
Do
suor e sofrer dos pobres seres
O
poder que rege os afazeres
De
que faz para ter dignidade
Disfarçado
de dono da verdade
Orgulha-se
da própria dominância
Quem
se nutre do trigo da ganância
Desconhece
o sabor da caridade.
Quem
se mantém do sangue dos plebeus
Por
não ter coração, não se espreita
Caridade
não falha, quando feita
Mas
império sem fim só o de Deus!
Quem
apenas tem olhos para os seus interesses
Não
tem humanidade
Tem
apenas, no âmago, a vontade
De
ter altos padrões de importância
Quem
se nutre do trigo da ganância
Desconhece
o sabor da caridade.
Enviado
pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de
Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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