Maria Bonita e Lampião
13 de
fevereiro de 1926, o Jornal Pequeno acorda os recifenses com a publicação da
notícia da emboscada armada pelo tenente Optato Gueiros dando fim ao cangaceiro
Lampião entre Custódia e Alagoa de Baixo, em Pernambuco: Lampião estava morto.
Já era à época, capitão. Patente recebida para combater a Coluna Prestes, de
passagem no Ceará, recebeu a patente militar de um funcionário público de
Juazeiro – que, mais tarde, diria que diante dele e de seus cabras assinaria
até a demissão do então presidente Arthur Bernardes.
Nessa época seus crimes
eram tão populares que o nome Lampião passou a ser usado até em propaganda de
pílulas para aliviar prisão de ventre. Esse alívio durou pouco para quem
confiou na estatura da notícia do Jornal, era mais um anúncio falso.
Lampião
reaparecera meses depois ao governador de Pernambuco propondo a divisão do Estado em dois, para que ele pudesse ser nomeado governador do Sertão. Viveu
mais 12 anos, se apaixonou, viveu e morreu ao lado de Maria Gomes de Oliveira fazendo-a sua companheira no cangaço.
O Brasil surpreendeu-se quando viu as
fotos de Maria Bonita e as outras cangaceiras enfrentando com alegria e
vaidosamente ao lado de seus homens a vida nas entranhas das caatingas. Sertão
para o litoral era sinônimo de miséria e violência absolutas… Os sertanejos
eram tidos como “sub-raças” impossível viver uma vida bela ou sequer
desenvolver uma convivência pacífica e amorosa em meio à crueza da região.
Contam que a entrada da mulher no Cangaço foi o começo do enfraquecimento do
movimento. Acreditam que elas deixavam os homens mais “moles” e mais vagarosos.
Com Maria Bonitas muitas outras mulheres dividiram com os cangaceiros, por
opção ou não, aquela vida temerária… Mas pode-se dizer que eram mulheres
valentes, caprichosas, dispostas sempre a seguirem seus homens para onde
fossem…
Lampião começou a viver com Maria Bonita com mais de 30 anos e
certamente já começava a pensar em se acomodar ou mudar de vida, morreu já com
40 anos de idade, bem mais cansado e desencantado com o Cangaço, então, pode-se
pensar que existe uma “forçada” de barra, em dizer que foram as mulheres quem
enfraqueceram o Cangaço.
As mulheres foram para o Cangaço porque ele já estava
enfraquecido, elas apenas contribuíram com seu senso e sensibilidade mais
diferenciado em ver e viver a vida.
Frederico Pernambucano de Melo
“Na fase final de suas tropelias, entre os
anos de 1936 e 1938, Lampião mostrava-se bem mudado”, afirma Frederico
Pernambucano de Mello. O historiador registra que ele trocou as constantes
movimentações pelo sertão por uma vida mais sedentária e confortável em
refúgios em Sergipe, “onde sua agressividade diluía-se nos braços de Maria
Bonita, a quem amou profundamente, dedicando-lhe sempre calorosas palavras de
elogio”.
O cangaceiro Vinte e Cinco
Em entrevista em 2009 o cangaceiro Vinte e Cinco relatou que o famoso
casal vivia em harmonia “Nunca ouvi reclamarem. Eles se acostumavam. Nem faziam
futuro, nem pensavam em morrer, porque eles sabiam que a qualquer momento podia
acontecer, daí o que viesse estava bom” esse modo de viver, quase romântico,
repercutia no resto do grupo. “Chegasse o momento em que podíamos dançar, nós
dançávamos; na hora de correr, nós corríamos; na hora de brigar, brigávamos; e
a gente queria terminar aquele negócio logo, era matar ou morrer.”
O lugar onde
se deu o assalto e chacina era chamado, por Corisco, de “cova de defunto” pelas
características que tinha e mesmo com o aconselhamento do assecla Lampião, resolveu pernoitar ali onde encontraria, através de 45 homens e três
metralhadoras sua e da sua companheira a dura morte.
Umburana de Cheiro
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