Por Rangel Alves da Costa
Meu pai nasceu em 1940, dois anos
após a chacina de Angico e a morte de Lampião, sua Maria Bonita e mais nove
cangaceiros (também um soldado da polícia volante). Contudo, mesmo tendo
nascido após tal acontecimento tido como o fim do cangaço (ainda que o remanescente
Corisco só tenha sido emboscado em 40), meu pai começou, alguns anos depois, a
ter um relacionamento profundo e intenso não só com Lampião mas também o seu
bando e todo o cangaço. É que começou a pesquisar a história daqueles homens
das caatingas nordestinas e logo se transformou em grande conhecedor do
fenômeno, prestigiado estudioso do tema e autor de obras essenciais (Lampião
Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico, Lampião em Sergipe, e O Sertão
de Lampião, dentre outros). E se aprofundou tanto na análise do homem e do
cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, que não media palavras ora
para difamá-lo ora para endeusá-lo. Mas o fazia com pertinência. Segundo ele,
como estrategista não havia general melhor que o capitão do sertão, mas também
um covarde ao aceitar que homens de seu bando - e até ele próprio - promovesse
desmedida violência contra inocentes e humildes sertanejos. Assim, de um lado
era amigo do cangaceiro inteligente, perspicaz, diplomata no âmbito coronelista
e sem igual no ataque e na defesa, e de outro um declarado inimigo daquele
perverso e cruel Lampião.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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