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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

O CANGACEIRO TUBIBA.

Por Sálvio Siqueira

Em 8 de agosto de 1923, estavam entrincheirados, fazendo uma emboscada, para Lampião e seu bando, os valentes nazarenos e dentre eles Euclides Flor, Odilon Flor, Francisco Marques e David Jurubeba.

Essa emboscada foi feita em volta de uma casa nas terras da fazenda Olho D’água da Timburana, próximo ao Distrito de Nazaré do Pico, no município da cidade de Floresta, Pajeú pernambucano.

O “Rei dos Cangaceiros” acha melhor não fazer rancho dentro da casa e segue, acampando nas proximidades.



Mas, seus ‘cabras’ começam a entrarem e saírem da mesma. Em determinado momento saem para o terreiro alguns cangaceiros. Os que estavam na tocaia abrem fogo cerrado contra os mesmos. Os cangaceiros Batista e Sátiro, que era o corneteiro do bando, tombam de imediato. Segundo relatos da pesquisadora/historiadora Marilourdes Ferraz, em seu livro “O Canto do Acauã”, tombaria, também, o cangaceiro Manoel Tubiba, esse, baleado, conseguira arrastar-se por alguns metros e morrera ali por perto, só tendo saído ileso o cangaceiro Meia Noite daquela ‘arapuca’.

Anos e anos se passam quando o pesquisador/historiador João De Sousa Lima recebe a notícia de que no povoado Baixa Verde, residia um ex cangaceiro do bando de Lampião. Segundo o pesquisador/historiador, foram várias as tentativas de aproximação da família e desse ex cangaceiro, mas, sempre encontrando uma barreira intransponível. Seguindo a vida em suas pesquisas, João de Sousa de quando em vez lembrava de que naquele lugar morava uma personagem histórica.



No ano de 2001 uma fonte revela ao pesquisador de que o ex cangaceiro havia falecido. Tendo em suas veias o ‘vírus’ de um desvendador/descobridor de personagens históricas, do tema estudado, “Piancó” volta a procurar os familiares daquele que se ‘fora’.

Desta vez, o Sr. José Mendes Vieira, filho do ex-cangaceiro, resolve se ‘abrir’ com o pesquisador.

Primeiramente ele relata ao pesquisador o motivo de não ter-lhe atendido para falar sobre seu pai, nem tão pouco o ter levado para ‘prosear’ com o mesmo. Havia um grande segredo. Segredo que para nós, estudantes desse tema, João nos mostra em mais uma de suas obras literárias “ Lampião Em Paulo Afonso”.




Segundo o escritor: “No tiroteio acontecido em 8 de agosto de 1923, na fazenda Olho D’água da Timburana, Manoel Mendes Vieira, o cangaceiro Manoel Tubiba, saiu baleado(realmente), atingido talvez, pela bala saída da arma do próprio irmão, de apelido Baião ou pela arma empunhada pelo cunhado (chamado) Roberto.”(Lampião em Paulo Afonso – LIMA, João de Sousa)

Só meus amigo, que o ferido, ao arrastar-se, não morre há poucos metros de onde fora vítima de uma emboscada. Vejamos o que nos relata o escritor, que ouviu do filho do mesmo:

“(...)Tubiba baleado conseguiu fugir e procurar a ajuda do padre Alfredo, seu primo. O padre depois de cuidar do ferimento, enviou Tubiba para proteção do tio deste, o Manuel Mascarenhas, homem importante na Vila do Cimbres, entre Pesqueira e Mimoso, em Pernambuco, onde trabalhou durante 21 anos como inspetor de polícia, função que exerceu com o nome falso de José Mendes Vieira (...).” (Ob. Ct.).

A perseguição a cangaceiros era muito intensa. O medo de saberem que alguém poderia vir a dar com ‘língua nos dentes’, fizeram, não só Tubiba, como outros vários a mudar de ares e criarem nomes falsos, a fim de conseguirem sobreviver.

O jovem egpiciense continua seu relato, através do seu livro:

“(...) Na década de 50, com as grandes construções das usinas hidrelétricas de Paulo Afonso, o filho, Zé Mendes, tentando uma nova vida, veio com o pai Tubiba e se estabelecem nesta cidade. Por ironia do destino, fomos vizinhos na década de 70, morando na rua Alto Novo(...).” (Ob. Ct.).

Esse segredo, meus amigos, era tão bem guardado que muitos dos familiares de Tubiba, não sabiam quem na verdade era ele. Em determinado momento, um familiar que sabia de tudo, resolveu abrir o jogo e contar para os outros.

Tubiba tinha uma irmã gêmea, e a mesma, antes, pensando que seu irmão tinha morrido, agora queria por que queria ver, abraçar, beija o seu tão querido mano.

“(...) Maria Mendes Vieira, irmã gêmea de Tubiba, manifestou o desejo de reencontrá-lo. O encontro aconteceu poucos dias depois, na cidade de Serra Talhada, Pernambuco. Diante dos familiares e amigos que perseguiram o cangaceiro, houve uma grande surpresa com o reaparecimento de Tubiba, onde aproveitaram o momento e selaram um acordo de paz e perdão mútuo, retificando a história, renascendo o velho Tubiba que eles imaginaram que tinha sido sepultado no chão ardente do Sertão(...).” (Ob. Ct.)

O ex-cangaceiro Tubiba, vinha a falecer, realmente, quando contava com 101 anos de idade... em terras baianas. Ficando seus familiares com suas lembranças mentais e algumas armas, que fora dele, na época do cangaço... Nas quebradas do Sertão.

Fonte/foto “Lampião Em Paulo Afonso” – LIMA, João De Sousa. 2ª edição Revisada e Ampliada. 2013.

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