Por Juarez Conrado
Sem malícia ou liderança
Pensando só em vingança
Não foi um bom sucessor
Morrendo o Virgolino
Marcado estava o destino
Do novo "governador"
Que sem tino militar
Coireiros para informar
Das volantes a posição
Corisco foi um fracasso
No comando do cangaço
E já aleijado da mão
Por vinte anos o reinado
Com muito sangue criado
Por falta de comandante
Sem luta- esfacelou-se
O sertão, enfim livrou-se
Porque Corisco abatido
Foi definitivamente banido
Sob o calor sufocante.
Juarez Conrado
Em outubro de
1939, foi localizado por uma volante, com ela lutando durante algum tempo.
Sofreu na refrega sérios ferimentos. Baleado, perdeu o movimento de um dos
braços, enquanto o outro, atrofiado, tornou-se incapaz de manejar ou portar uma
arma. Foi aí que Dadá, como a primeira mulher a carregar um fuzil, assumiu a
chefia do grupo, cada vez mais reduzido devido a decisão de seus integrantes de
ceder às propostas das autoridades, que prometiam perdoá-los.
A cangaceira Dadá
De 1939 a 1940
Corisco não deixou rastros do seu paradeiro. Surgiram, por isso, as mais
diversas versões sobre sua vida, todas elas, como se constatou, sem qualquer
fundamento. As poucas volantes ainda caçavam cangaceiros, àquela altura fugindo
para outras regiões, entregando-se aos policiais ou trabalhando anonimamente no
campo. Corisco apareceu na Bahia, no município de Brotas de Macaúbas, onde
acoitou-se na Fazenda Pulgas, de um certo Pacheco. Zé Rufino que já percorrera mais
de mil quilômetros em suas andanças, procurando-o, tomou conhecimento – diz-se
(o que não corresponde à verdade) que por Velocidade, ex-cangaceiro que, pouco
antes, havia desertado, delatando o chefe – de sua presença naquela propriedade
agrícola. O Diabo Louro, sempre procurando manter-se no anonimato, abandonou os
trajes que costumava usar, e junto à sua fiel companheira, pensava em tomar
outro destino.
Como andarilho
errante, teve o pressentimento de que algo de grave estava por lhe acontecer.
Vivia sobressaltado. Todos desejavam delatá-lo à polícia, colocando um ponto
final na sangrenta história escrita no Nordeste, ao longo de 20 anos do reinado
de Virgolino Ferreira da Silva e do seu sucessor, Cristino Gomes da Silva.
O cangaceiro Corisco
Já não contava
com coiteiros que lhe dessem asilo ou informações sobre seus perseguidores. Os
fazendeiros e antigos “coronéis” que abasteciam o bando nos tempos de Lampião
não mais o recebiam. Os homens da zona rural com ele já não se preocupavam, por
considera-lo um bandido sem forças, incapaz de atemoriza-los.
Tenente Zé Rufino assassino de Corisco
Ao contrário
do que se diz, não houve troca de tiros entre ele e o implacável Zé Rufino, que
vivia empenhado em prendê-lo ou matá-lo, para compensar a frustração de não ter
sido ele o carrasco de Lampião, a quem durante tanto ano perseguiu.
Também não é
verdadeira a versão de que teria mandado que ele se entregasse, antes de
metralhá-lo.
Corisco no leito hospitalar esperando a hora de morrer
Na realidade,
Corisco o primeiro a ser baleado, ficou com os intestinos à mostra, caído em
uma poça de sangue.
Dadá sofreu
apenas ferimentos no pé, que provocou, pouco depois, a gangrena responsável pela
amputação da sua perna. Pela primeira vez, os terríveis inimigos estiveram
frente a frente.
Dadá no leito hospitalar recuperando-se da perna - Zé Rufino está ao seu lado
Fonte: livro Lampião Assaltos e Morte em Sergipe
Autor: Jornalista Juarez Conrado
Páginas: 228 e 229
Ano: 2010 - Sergipe
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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