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domingo, 25 de dezembro de 2016

CORISCO O SUCESSOR

Por Juarez Conrado 

Sem malícia ou liderança
Pensando só em vingança
Não foi um bom sucessor
Morrendo o Virgolino
Marcado estava o destino
Do novo "governador"

Que sem tino militar
Coireiros para informar
Das volantes a posição
Corisco foi um fracasso
No comando do cangaço
E já aleijado da mão

Por vinte anos o reinado
Com muito sangue criado
Por falta de comandante
Sem luta- esfacelou-se
O sertão, enfim  livrou-se
Porque Corisco abatido
Foi definitivamente banido
Sob o calor sufocante. 

Juarez Conrado

Em outubro de 1939, foi localizado por uma volante, com ela lutando durante algum tempo. Sofreu na refrega sérios ferimentos. Baleado, perdeu o movimento de um dos braços, enquanto o outro, atrofiado, tornou-se incapaz de manejar ou portar uma arma. Foi aí que Dadá, como a primeira mulher a carregar um fuzil, assumiu a chefia do grupo, cada vez mais reduzido devido a decisão de seus integrantes de ceder às propostas das autoridades, que prometiam perdoá-los.

A cangaceira Dadá

De 1939 a 1940 Corisco não deixou rastros do seu paradeiro. Surgiram, por isso, as mais diversas versões sobre sua vida, todas elas, como se constatou, sem qualquer fundamento. As poucas volantes ainda caçavam cangaceiros, àquela altura fugindo para outras regiões, entregando-se aos policiais ou trabalhando anonimamente no campo. Corisco apareceu na Bahia, no município de Brotas de Macaúbas, onde acoitou-se na Fazenda Pulgas, de um certo Pacheco. Zé Rufino que já percorrera mais de mil quilômetros em suas andanças, procurando-o, tomou conhecimento – diz-se (o que não corresponde à verdade) que por Velocidade, ex-cangaceiro que, pouco antes, havia desertado, delatando o chefe – de sua presença naquela propriedade agrícola. O Diabo Louro, sempre procurando manter-se no anonimato, abandonou os trajes que costumava usar, e junto à sua fiel companheira, pensava em tomar outro destino.

Como andarilho errante, teve o pressentimento de que algo de grave estava por lhe acontecer. Vivia sobressaltado. Todos desejavam delatá-lo à polícia, colocando um ponto final na sangrenta história escrita no Nordeste, ao longo de 20 anos do reinado de Virgolino Ferreira da Silva e do seu sucessor, Cristino Gomes da Silva.

O cangaceiro Corisco

Já não contava com coiteiros que lhe dessem asilo ou informações sobre seus perseguidores. Os fazendeiros e antigos “coronéis” que abasteciam o bando nos tempos de Lampião não mais o recebiam. Os homens da zona rural com ele já não se preocupavam, por considera-lo um bandido sem forças, incapaz de atemoriza-los.

Tenente Zé Rufino assassino de Corisco

Ao contrário do que se diz, não houve troca de tiros entre ele e o implacável Zé Rufino, que vivia empenhado em prendê-lo ou matá-lo, para compensar a frustração de não ter sido ele o carrasco de Lampião, a quem durante tanto ano perseguiu.

Também não é verdadeira a versão de que teria mandado que ele se entregasse, antes de metralhá-lo.

Corisco no leito hospitalar esperando a hora de morrer

Na realidade, Corisco o primeiro a ser baleado, ficou com os intestinos à mostra, caído em uma poça de sangue.

Dadá sofreu apenas ferimentos no pé, que provocou, pouco depois, a gangrena responsável pela amputação da sua perna. Pela primeira vez, os terríveis inimigos estiveram frente a frente.

Dadá no leito hospitalar recuperando-se da perna - Zé Rufino está ao seu lado

Fonte: livro Lampião Assaltos e Morte em Sergipe
Autor: Jornalista Juarez Conrado
Páginas: 228 e 229
Ano: 2010 - Sergipe
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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