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sexta-feira, 24 de março de 2017

A CABANA DE PAI TOMÁS, CLÁSSICO DA LITERATURA NORTE AMERICANA, AGORA TAMBÉM É CORDEL.

Por Prof. Stélio Torquato Lima
Prof. Stélio Torquato Lima e o filho Davi

A Cabana de Pai Tomás, clássico da literatura Norte americana, agora também é cordel. Stélio Torquato adaptou e Cayman Moreira ilustrou esse folheto de 147 estrofes de sete linha publicado pela Cordelaria Flor da Serra.

A Cabana do Pai Tomás (Uncle Tom’s Cabin) foi publicada inicialmente em fascículos entre 1851 e 1852. Captando o choque à época entre as mentalidades do Sul e do Norte dos Estados Unidos, a trágica história do escravo Tomás tornou-se desde sua publicação uma obra de grande popularidade. Prova disso foram as centenas de milhares de cópias vendidas antes da Guerra da Secessão (1861-1865). 

Tida como uma obra-prima contra a escravidão, a obra teria motivado o presidente Abraham Lincoln a fazer o seguinte comentário a respeito da autora, Harriet Elizabeth Beecher Stowe: “Ela é a pequena mulher que produziu a obra que começou a grande guerra.” Apesar de ligada ao contexto de sua produção, a obra eternizou-se, tendo sido traduzida para cerca de quarenta línguas.

A escritora norte-americana Harriet Elizabeth Beecher Stowe nasceu em Litchfield, Conneticutt, em 14 de junho de 1811, e faleceu em Hartford, em 1° de julho de 1896. Filha de um célebre pregador protestante, recebeu uma formação profundamente puritana. Dedicou-se por toda a vida à causa abolicionista. Foi também professora. Como autora, publicou mais de 10 obras, com destaque para A Cabana do Pai Tomás. 

Leia as quinze primeiras estrofes do cordel e para ler toda a obra faça seu pedido para Cordelaria Flor da Serra pelo Email cordelariaflordaserra@gmail.com ou pelo WhatsApp (085) 9. 99569091.



Oh! Mártires da liberdade,
Venham dar força e engenho
A este simples poeta,
Que busca, com todo empenho,
Mostrar, de modo veraz,
Do escravo Pai Tomás
O sofrimento ferrenho.

Esta história aconteceu
Lá no século XIX.
No entanto, até hoje em dia,
A todos ela comove,
Porque o extremado valor
Da liberdade e do amor
A sua mensagem promove.

Foi nos Estados Unidos,
No tempo da escravidão,
Que aconteceu a história
Da qual trago a narração.
Ocorreu, é bom lembrar,
Antes de ali se travar
A Guerra da Secessão.

A História nos informa
Que aquela guerra tão dura
Teve início quando Lincoln
Aboliu a escravatura.
Os sulistas, muito bravos
Por perderem seus escravos,
Deram asas à loucura.

“Separar-se da Nação!”
– Foi essa a resposta forte,
Que levaria ao embate
Entre o velho Sul e o Norte.
Por quatro anos, então,
A Guerra da Secessão
Deixou seu rastro de morte.

Mas deixemos, por enquanto,
Essa vil guerra de lado.
Pois, como foi dito antes,
Esse caso aqui narrado
Pouco antes dela ocorreu,
Embora, adianto eu,
A tenha influenciado.

O escravo Pai Tomás,
Que velho já se encontrava,
Desde que era bem garoto
Para os Shelby trabalhava.
Tomás era dedicado,
Trabalhador e honrado,
E de nada se queixava.

Shelby e a esposa tratavam
Com respeito e humanidade
Os escravos que mantinham
Em sua propriedade.
A vida, assim, de Tomás
Ia transcorrendo em paz,
Embora sem liberdade.

Mas seu amo prometera
Dar-lhe em breve a alforria.
Movido pela promessa,
Tomás sonhava com o dia
Em que ele iria ostentar
A liberdade sem par
Que tanto o escravo queria.

Mas os ventos da fortuna
Mudaram pro outro lado
Quando Shelby, o seu amo,
Pediu dinheiro emprestado
A vil mercador de escravos,
Que até pelos centavos
Cobrava um ágio elevado.

E tendo chegado o dia
De pagar o que pediu,
Em difícil situação
O honrado Shelby se viu,
Pois não tendo como honrar
A grande soma a pagar,
Do tal mercador ouviu:

“Como sou boa pessoa,
Permitirei que o senhor
Pague aquilo que me deve
Com outro bem de valor:
Pra fechar nosso negócio,
Um negro que odeie o ócio
Traga até mim, por favor.”

Haley, o tal mercador,
Falava com voz bem vívida.
Já Shelby ouvia tudo
Com a face triste e lívida.
Seus escravos quis manter,
Mas o que iria fazer
Para honrar a sua dívida?

Shelby conhecia a fama
Daquele cruel senhor.
Sabia que castigava
Os escravos com furor.
Esse era mais um motivo
De não querer que um cativo
Fosse entregue ao mercador.

Mas infelizmente Shelby
Não tinha outra saída.
Por isso ele se encontrava
Com a alma abatida.
Sem se deixar comover,
Haley, sem tempo a perder,
Fez depressa uma investida:

“Eu tenho aqui uma proposta
Que muito me satisfaz.
Traga-me dois bons escravos,
E vai ficar tudo em paz.
Pode um deles escolher,
Mas o outro deve ser
O seu escravo Tomás.”

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

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