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sexta-feira, 24 de março de 2017

OS CHEFES DOS GRANDES CANGACEIROS - ZÉ BAIANO (PARTE 5)

Por Geziel Moura

Provavelmente, o cangaceiro José Aleixo Ribeiro da Silva, o Zé Baiano ficou marcado na historiografia do cangaço, principalmente por dois movimentos: O primeiro por ter assassinado a própria companheira (Lídia), por motivos passionais, e segundo, por andar com ferrete, estigmatizando rostos e genitálias de mulheres, a torto e a direito, com as iniciais "JB".

No que tangencia, o caso de Lídia, parece-me que a condição dela, ser declarada por diversas pessoas que a conheceu, como a mulher mais bonita, dentre as cangaceiras, o fato de não existirem imagens desta, além da forma covarde em que foi abatida, possibilitou certo ufanismo por ela, que transcende a o episódio brutal em que foi envolvida e posteriormente morta por Zé Baiano.


Quanto ao uso do ferrete, com as iniciais "JB" há de se ter cautelas, para não tornar aquilo que é exceção ou pontual como regra, o que pode produzir equívocos históricos.

Nessa direção, o escritor e pesquisador sergipano, Alcino Alves da Costa, denuncia que Zé Baiano marcou, com o famoso ferrete as seguintes mulheres: Maria Marques, Anízia do Forno e Isaura de Birrinho, todas de Canindé (SE), e ferradas no mesmo dia, de janeiro de 1932. Outra ocasião, em que o demente cangaceiro, se utiliza do instrumento de marcação, tem como vítimas D. Virgem e seus dois filhos.

Diante, desses acontecimentos ocorridos entre 1932 e 1934, no sertão sergipano, três questões são produzidas: Haveria outras vítimas de Zé Baiano e seu ferrete, além das seis apontada por Alcino? Ele criou esta forma de punição? Mandou produzir seus ferretes, com suas iniciais?

O Escritor Gustavo Barroso, publicou na revista o Cruzeiro de 30.04.49, interessante matéria, que se intitulava, "Os Ferros da Escravidão" cuja narrativa, era sobre os instrumentos utilizados em negros, durante o período da escravidão, no mundo e no Brasil, segundo ele, as marcações eram realizadas para punir os fujões e para efeito de propriedade, como nos animais. Aliás, os ferretes que serviam para marcar animais, tinham os cabos maiores, para que o operador se protegesse dos coices, e os que marcavam pessoas, cabos curtos, isto é, não eram iguais.


Ainda, sobre o texto de Barroso, que nada trata-se de Zé Baiano, aparece um ferrete com as iniciais "JB", que ele aponta como oriundo do tempo da servidão escravagista em nosso país. Portanto, minha hipótese é que o "Pantera Negra dos Sertões", atualizou o uso, dos ferretes, no cangaço, pois marcava mulheres, por outros motivos, não claros, e em partes especificas e diferentes das utilizadas nos escravos, mas que não tenha criado, tal uso, ele também foi subjetivado, pelo discurso do império escravocrata.


O aspecto biográfico de Zé Baiano, aponta, que ele nasceu em Chorrochó (BA) e que atuava, como cangaceiro, junto com seus tios Antônio e Cirilo de Engrácia, aliás, sua parentela forjou diversos chefes de subgrupos, como Zé Sereno e Manoel Moreno.

Quando Lampião dividiu o sertão em áreas, e cedeu cada quadrante aos seus comandados, a região de Frei Paulo (SE), Pinhão (SE), Paripiranga (BA) e o povoado de Alagadiço (SE) se tornou seu reino, de pavor e mazelas.A propósito, foi neste povoado, que ele chegou ao fim da linha, por meio, de trama promovido por seu coiteiro de confiança, o Antônio de Chiquinha, que aliado a seus companheiros, Pedro Guedes, Pedro de Nica, Dedé de Lola e Birindim, acabaram com a vida de Zé Baiano e três cabras que o acompanhava: Chico Peste, Acelino e Demudado.


O trágico fim dos quatro cangaceiros ocorreu em junho de 1936, na Fazenda Lagoa Nova, na região de Alagadiço (SE), após farta comilança de buchada e miúdos de carneiro, regado a conhaque em grande quantidade, para deixar os cabras em estado de embriagues, o que facilitaria o "serviço". Assim, no momento combinado, o grupo de Antônio de Chiquinha dominou seus adversários, o que ofereceu mais resistência, foi justamente o chefe Zé Baiano, porém, tal resistência, não perdura por muito tempo, é preso e amarrado, tenta ainda implorar pela sua vida, inclusive oferecendo dinheiro, o que leva o ex-coiteiro a pensar em libertá-lo, porém é dissuadido pelos companheiros, tendo como seu algoz, o coiteiro Pedro de Nica, que ao derrubá-lo no chão, aplica diversas punhaladas no cabra.

Os outros acompanhantes de Zé Baiano, também foram executados, antes dele, sempre à base do facão, encerrando a carreira criminosa daquele que foi pedreiro, na Bahia, antes de transitar no mundo do cangaço.

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