Por Geziel Moura
Recentemente,
participei na qualidade de ouvinte, de palestra proferida na Universidade
Federal do Pará, pelo Prof.Dr. Amilcar Martins, pesquisador da Universidade
Aberta de Lisboa, e especialista em "Mandalas", assunto que foi tema
principal de sua conferência. No final da fala do professor, mostrei a ele,
algumas imagens dos florais que ornamentaram, as indumentárias dos cangaceiros,
principalmente os chapéus, e perguntei se era possível considerar, tais
elementos artísticos, como "Mandalas", no que de pronto me respondeu
"Possui elementos de "Mandalas", mas não se caracterizam como
elas".
Minha
pergunta, não tinha como objetivo, encontrar pontos de semelhanças entre uma
produção artística, proveniente da China e do Japão, para encontrar origem e/ou
justificar aquelas que foram fabricadas pelos cangaceiros nordestino, tenho
ciência, que o fenômeno do cangaço e suas formas estéticas, não segue uma
continuidade de culturas, diferentes ou estranhas, daquelas que os próprios
cangaceiros experimentaram e estavam inseridos, ou seja, a cultura nordestina,
em última análise. Porém o que eu queria, com a pergunta, pensar pontos de
"avizinhamentos", daquela cultura asiática com a cultura do cangaço,
sem ter a pretensão, como disse anteriormente, de estabelecer condições, do
aparecimento de uma, em função da outra, isto de fato, não existe.
As
"Mandalas" assim como os símbolos florais dos cangaceiros, foram/são
produzidos a partir de um circulo, e no interior deste aparecem a complexidade
de diversas figuras geometricamente exatas, e há certo caráter de expressão
artística e religiosa, no intuito de sua fabricação.
Temos, portanto, dois
elementos a pensar sobre as "Mandalas" e os elementos florais dos
cangaceiros: O primeiro é a presença do círculo, em ambas expressões artísticas,
que para a cultura asiática significa, concentração de energia e a segunda são
as formas geométricas dentro daquele círculo, sendo que na arte dos
cangaceiros, tais figuras são mais simples, que nas "Mandalas".
O pesquisador
Frederico Pernambucano de Mello que grande contribuição deu para a
historiografia do cangaço e a arte dos cangaceiros, manifestou em seu livro
"Estrelas de Couros : A Estética do Cangaço, que os símbolos estilizados,
nos equipamentos dos cangaceiros, tinham funções ornamentais e principalmente
espirituais, que ajudavam na proteção, daí serem colocados na parte frontal e
traseira do chapéu, defendendo os males que vem pela frente e pela retaguarda.
Parece-me
razoável pensar, que tais símbolos, sempre existiram no cotidiano dos sertanejos,
surgem nas fachadas das igrejas, casas e cemitérios, a novidade é que tais
símbolos, deixaram a arquitetura e passaram a compor o vestuário do cangaceiro,
produzindo a estética do cangaço e do nordeste.
Fotos: Estrela
de Couro: A Estética do Cangaço
Fotos: Geziel Moura
Fotos: Geziel Moura
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