Do acervo do José João Souza
Virgulino
Ferreira entrou para o cangaço em 1916, aos 19 anos de idade, não era, no
entanto, um bandido profissional. Podia ser caracterizado como cangaceiro
"manso", entrando nas lutas em função de demanda familiares. A causa
imediata do seu ingresso no cangaço teria sido a desavença com Zé Saturnino.
Saturnino pertencente à família Nogueira, tradicional aliada da poderosa
família Carvalho, enquanto que a família Ferreira era aliada aos Pereira. Como
disse Sinhô Pereira sobre o ingresso de Lampião no seu bando:
"Os
inimigos de Lampião eram meus inimigos - os Saturninos e José Lucena. Este até
eu não conheci, não. Mais sei que era um cabra muito perverso. Lampião era de
uma família humilde, mas não era arrebentado não. José Ferreira, o pai, eu
conheci muito. Conheci até o pai do pai dele, Pedro Ferreira. Nossas famílias
até eram ligadas: a mãe dele era afilhada de meu pai. O pai dele era afilhado
de batismo de tio Padre (Manoel Pereira Jacobina). Conheci Lampião desde
menino. Ele e seus irmãos eram independentes e muito trabalhadores".
Destacamos a
hipótese de que tenha sido Lampião quem praticou o último ato vingativo da
familia Pereira em luta contra os Carvalhos, com o assassinato de Luís Gonzaga
Ferraz, em 1922. Para isso teria sido designado por Sinhô Pereira. Depois desse
acontecimento, ele rompeu as fronteiras estritas dessa modalidade de luta.
Contudo, manteve e aperfeiçoou no cangaço a imprevisibilidade violenta que
dirige a vingaça, com o requinte da crueldade. Dessa forma, aplicou sua ira não
apenas aos agentes da ordem, mas aos civis, a camada de sertanejos pobres ou
ricos, brancos ou negros, homens ou mulheres.
Fonte: O
CANGAÇO - poder e cultura política no tempo de Lampião
De: Marcos Edílson de Araújo Clemente
De: Marcos Edílson de Araújo Clemente
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