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terça-feira, 10 de setembro de 2024

LAMPIÃO E O CARNAVAL EM MATA GRANDE

Por Beto Rueda

Durante o ano 1931 a paz imperava na cidade de Mata Grande, Alagoas. O Batalhão de Polícia comandada pelo capitão Portugal Ramalho, não registrou nenhuma perseguição a grupos de cangaceiros na região.

Naqueles tempos a cidade era uma das mais animadas. De vez em quando havia um arrasta pé, festa regada a licor, de preferência na casa do padre Manoel Firmino Pinheiro, vigário da freguesia e prefeito, político dos mais exaltados, nomeado pelo interventor Tasso Tinoco.

Quando se aproximou a época de carnaval, no ano de 1932, corriam vários boatos alarmantes sobre a estada de Lampião no Estado de Alagoas, fato que deixou os matagrandenses apavorados, ninguém mais falou de carnaval.

O capitão Ramalho, para não passar em branco os festejos de Momo, distribuiu convites a toda população, para um baile na sua residência. No dia da festa, sob as garantias da polícia, todos aceitaram o convite e compareceram devidamente fantasiados. A orquestra tocava marchinhas alegres e o povo dançava com grande animação.

Não obstante a expectativa da chegada de Lampião e seus sequazes, a brincadeira continuava em um ambiente de grande euforia quando ouviram um tiro que partia do jardim da casa. Mais um, e outro. Quando surgiu à porta um cangaceiro equipado, de fuzil e cartucheira, bornais e um enorme punhal atravessado no cinto. O chapéu de couro reluzente de medalhas, lenço vermelho no pescoço.

Houve pânico! Corria gente para todos os lados, outros saltavam pelas janelas porque não tinham mais tempo de acertar a porta. O homem com as mesmas características de Lampião, assomando à porta gritou: -Quem é o dono da casa? As suas palavras foram como setas que atingiram o coração dos presentes que não conseguiram fugir na confusão. Todos ficaram inertes, sem coragem de reação. O susto foi tão grande que muitos ficaram paralisados. Mas logo a orquestra tocou uma marcha descontraída, o bandido era o próprio dono da festa que, de braços dados com a sua esposa, saiu dançando prazerosamente.

Ficaram bailando somente os poucos presentes, ninguém quis mais voltar, e ainda hoje tem gente correndo!

REFERÊNCIA:

SILVA, Bezerra e. Lampião e suas façanhas. 4.ed. Maceió: Sergasa, 1966.

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