Por Beto Rueda
Durante o ano
1931 a paz imperava na cidade de Mata Grande, Alagoas. O Batalhão de Polícia
comandada pelo capitão Portugal Ramalho, não registrou nenhuma perseguição a
grupos de cangaceiros na região.
Naqueles
tempos a cidade era uma das mais animadas. De vez em quando havia um arrasta
pé, festa regada a licor, de preferência na casa do padre Manoel Firmino
Pinheiro, vigário da freguesia e prefeito, político dos mais exaltados, nomeado
pelo interventor Tasso Tinoco.
Quando se
aproximou a época de carnaval, no ano de 1932, corriam vários boatos alarmantes
sobre a estada de Lampião no Estado de Alagoas, fato que deixou os
matagrandenses apavorados, ninguém mais falou de carnaval.
O capitão
Ramalho, para não passar em branco os festejos de Momo, distribuiu convites a
toda população, para um baile na sua residência. No dia da festa, sob as
garantias da polícia, todos aceitaram o convite e compareceram devidamente
fantasiados. A orquestra tocava marchinhas alegres e o povo dançava com grande
animação.
Não obstante a
expectativa da chegada de Lampião e seus sequazes, a brincadeira continuava em
um ambiente de grande euforia quando ouviram um tiro que partia do jardim da
casa. Mais um, e outro. Quando surgiu à porta um cangaceiro equipado, de fuzil
e cartucheira, bornais e um enorme punhal atravessado no cinto. O chapéu de
couro reluzente de medalhas, lenço vermelho no pescoço.
Houve pânico!
Corria gente para todos os lados, outros saltavam pelas janelas porque não
tinham mais tempo de acertar a porta. O homem com as mesmas características de
Lampião, assomando à porta gritou: -Quem é o dono da casa? As suas palavras
foram como setas que atingiram o coração dos presentes que não conseguiram
fugir na confusão. Todos ficaram inertes, sem coragem de reação. O susto foi
tão grande que muitos ficaram paralisados. Mas logo a orquestra tocou uma
marcha descontraída, o bandido era o próprio dono da festa que, de braços dados
com a sua esposa, saiu dançando prazerosamente.
Ficaram
bailando somente os poucos presentes, ninguém quis mais voltar, e ainda hoje
tem gente correndo!
REFERÊNCIA:
SILVA, Bezerra
e. Lampião e suas façanhas. 4.ed. Maceió: Sergasa, 1966.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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