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domingo, 5 de fevereiro de 2012

A Revolução de 1930 em Mossoró – 2ª Parte - 06 de Fevereiro de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Com a eclosão da chamada Revolução de 30, movimento armado que depôs o presidente da república Washington Luís, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e levou Getúlio Vargas a assumiu o destino da Nação, iniciou-se em todo o Brasil uma nova era de renovação dos costumes políticos-administrativos, implantada com o programa renovador da Revolução, contra os métodos do regime descaído da chamada República Velha.

No Rio Grande do Norte uma Junta Governativa Militar assumiu o poder a 6 de outubro e por ordens desta, na mesma data, José Octávio Pereira, na mesma data, assumiu o cargo como Prefeito Revolucionário Provisório de Mossoró. Manteve-se no cargo até o dia 17 do mesmo mês e ano, tendo sido o prefeito que menos tempo permaneceu no exercício.
               
Em tão pouco tempo a frente da administração municipal, não teve tempo pra nada. Apenas limitou-se a manter a paz pública naqueles instantes de exaltação e a tomar algumas providências de rotina na vida administrativa local.
               
Na noite do dia 06 de outubro uma coluna de revolucionários do interior da Paraíba, chefiada por Sá Cavalcanti e Janduí Carneiro, após penetrar no Rio Grande do Norte, chega a Mossoró, sendo recebida com aplausos pelo povo, já com laços vermelhos na lapela e lenço no pescoço. A coluna ficou alojada no então Colégio Santa Luzia, de onde foi retirada por ordem do Tenente Jonathas Luciano, comandante de uma corporação do Exército, vinda de Natal, sob o argumento de que os paraibanos, chamada “coluna pente fino”, haviam cometido saques no comércio de Patu, muito em desacordo com o que pregavam os autênticos revolucionários.
               
Durante o tempo em que a coluna permaneceu em Mossoró, o comércio manteve fechadas suas portas, inclusive a agência do Banco do Brasil. Havia o receio de saque e depredação. Havia ainda o receio de que os comandantes da coluna fossem “requisitar” dinheiro no Banco como tentaram fazer com a casa comercial M. F. do Monte & Cia. cujo gerente, Sr. José Soares de Góis teve que se esconder, guardando as devidas reservas, para evitar um desfalque para a firma. O povo de Mossoró só voltou a tranquilidade com a chegada da tropa federal que assumiu o controle militar de toda cidade.
              
No dia 12 de outubro assumiu o governo do Estado o interventor Irineu Jôfile, que logo nos primeiros dias nomeou o Cônego Amâncio Ramalho para o cargo de Prefeito de Mossoró a quem José Octávio transmitiu o cargo a 16 do mesmo mês de outubro, encerrando assim a sua gestão administrativa.
               
O Cônego Amâncio Ramalho, que era sacerdote e educador, à época dirigia o Colégio Diocesano Santa Luzia.
               
Raimundo Soares de Brito, em seu livro “Legislativo e Executivo de Mossoró”, diz que a nomeação do Cônego Amâncio não foi bem recebida no seio da ala revolucionária local e em consequência a sua administração não conseguiu satisfazer plenamente as aspirações desse grupo, muito embora soubessem os seus componentes da atividade do sacerdote na luta dos paraibanos, dirigida pelo Presidente João Pessoa contra o Catete, francamente partidário daquele, levando armas e munição para ajudar o governante da Paraíba na luta contra Princesa. Foi mais um que não teve tempo para qualquer realização. O limitado tempo de sua gestão não foi suficiente para desenvolver qualquer ação administrativa de vulto. Ateve-se a rotina administrativa e conseguiu manter a tranqüilidade pública, ainda sob efeitos da exaltação dos partidários da Aliança Liberal, como informa Raimundo Soares de Brito. Permaneceu no cargo até 8 de dezembro de 1930, quando foi substituído por Amâncio Leite, numa sucessão de administradores relâmpagos que durou por anos.
               
Os efeitos da Revolução demoram a aparecer. A nova Constituição só foi aprovada em 1934, chamada Constituição de 1934, depois de forte pressão social, como a Revolução Constitucionalista de 1932. Mas a estrutura do Estado brasileiro modificou-se profundamente depois de 1930, tornando-se mais ajustada às necessidades econômicas e sociais do país.

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Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

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