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segunda-feira, 13 de junho de 2016

13 DE JUNHO DE 1927


Desde os primeiros estudos, sobre os primeiros dias do comando de Virgulino sobre a cabroeira herdada de sinhô Pereira, notamos astúcia, cautela e agilidade em suas ações contra povoados, pequenas cidades, sítios, fazendas e tropas volantes dentro da caatinga.

Em princípios de 1927, é formulado um plano por políticos em busca de poderes e desforras, para atacarem uma cidade do estado do Rio Grande do Norte, Mossoró, e ele, “O Rei dos Cangaceiros” é “convidado” a comandar o ataque.

Lampião

Até aceitar aquela empreitada, notamos um chefe, com uma capacidade de ‘guerras de movimentos’, superar todas as expectativas. Prosseguindo com o plano de atacar a cidade norte rio-grandense, desde o início que, mesmo na divisa dos Estados da Paraíba com o Rio Grande do Norte, a horda inicia uma onda de terror inesperada.

Lampião adentra em território potiguar com ‘os cão nos couro’, como se pronuncia aqui no sertão. Sítios, fazendas, vilas, povoados e pequenas cidades tornam-se alvos diariamente.

Coronel Antonio Gurgel do Amaral

Torturas, sofrimentos, estupros e mortes vão sendo deixadas como sinais, tristes marcas, da trilha deixada pelo bando de cangaceiros na senda da guerra, rumo à cidade alvo.

Acreditamos que esses atos foram praticados com o intuito de amedrontar a população mossoroense, e esta correr em busca de salvarem suas vidadas, deixando a cidade desguarnecida. Com certeza, parte da população foi colocada em lugares seguros, fora da mesma. No entanto, como um velho ditado, ‘o tiro saiu pela culatra’, pois, aqueles que tinham condições de defenderem a metrópole, foram armados e colocados em pontos estratégicos, na espera da horda furiosa que beirava seus limites...

Sabino Gomes

Vejamos o que fez Lampião antes de atacar Mossoró.

Ele tenha sequestrado um fazendeiro chamado, que também era comerciante, fora deputado à Junta Comercial do Estado e Presidente da Intendência de Natal, homem de elevada cultura, já tinha feito viagens a Europa, Antônio Gurgel. Pois bem, o chefe mor pergunta ao prisioneiro se o mesmo conhece o chefe político e Prefeito de Mossoró, cel. Rodolfo Fernandes, no que recebe afirmativamente a resposta. Com essa resposta, ele chama o segundo em comando, Sabino das Abóboras, e após breve confabulação, resolvem enviar os famosos bilhetes para extorsão de dinheiro.

Coronel Rodolfo Fernandes Prefeito de Mossoró em 1927

Determinam que o sequestrado, Antônio Gurgel, redija uma missiva determinando a quantia de 500 contos de réis ao Prefeito Rodolfo Fernandes. Mesmo debaixo de ordens, o prisioneiro diz aos sequestradores que a quantia está alta demais. Consegue com isso que a quantia caia 100 contos de réis.

São lhe entregue duas folhas de papel, em uma constando o ‘timbre’ do cangaceiro Sabino e, na outra, o do Capitão Lampião.

Lampião dita parte da missava e o restante é redação do próprio Antônio Gurgel:

A CARTA

“13 de junho de 1927 

Meu caro Rodolfo Fernandes. Desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aqui aquartelado, aqui bem perto da cidade, manda porém um acordo para não atacar mediante a soma de quatrocentos contos de réis 400.000.000. Posso adiantar sem receio que o grupo é numeroso, cerca de 150 homens bem equipados e municiados a farta. Creio que seria de bom alvitre, você mandar um parlamentar até aqui, que me disse o próprio Lampião, seria bem recebido. Para evitar o pânico e o derramamento de sangue, penso que o sacrifício compensa. Tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró. Diga sem falta ao Jaime que os vinte e um contos que pedi ontem para o meu resgate, não chegaram até aqui, e se vieram, o portador se desencontrou, assim peço por vida de Yolanda para mandar o cobre por uma pessoa de confiança para salvar a vida do pobre velho. Devo adiantar que todo o grupo me tem tratado com muita deferência, mas, eu bem avalio o risco que estou correndo. Creia no meu respeito. Antônio Gurgel do Amaral". (“A MARCHA DE LAMPIÃO - Assalto a Mossoró” - Autor: * Raul Fernandes)

Após ter feito a carta, ele a ler para Lampião que fica encucado por ele ter citada uma pessoa chamada Yolanda. O mesmo pergunta ao coronel de quem se trata:

“- Quem é Yolanda?” (pergunta o “Rei Vesgo”)

“- Minha netinha. Tem dois anos...!” ( Reponde o coronel) (Ob. Ct.)

A neta do sequestrado, Antônio Gurgel, era filha de uma filha dele, casada com o Sr. Jaime Guedes que era gerente do Banco do Brasil naquela localidade...

AGUARDEM A RESPOSTA DO PREFEITO DE MOSSORÓ, CORONEL RODOLFO FERNANDES, LOGO MAIS... QUANDO DER TEMPO O PORTADOR IR E VOLTAR.

Fonte Ob. Ct.

PS// *O autor do livro "A MARCHA DE LAMPIÃO - Assalto a Mossoró", é filho do prefeito Rodolfo Fernandes, quando do ataque ele se encontrava na cidade em férias, na época tinha 19 anos. Estudava em Salvador, fazia direito e medicina.

Foto lampiaoaceso.com
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Fonte: facebook
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