Por Junior
Almeida
Escritor Júnior Almeida e Manoel Severo
Escritor Júnior Almeida e Manoel Severo
Quem é aficionado pela história nordestina, especialmente a do cangaço, deve estranhar um pouco quando observa em algum livro antigo fatos que já viu em algum lugar além da obra que se está lendo, seja em sites ou mesmo em livros mais novos. Pode-se até pensar: Esse livro é uma cópia de outro que eu já li. Não é isso. É o mais ou menos o contrário que acontece. Não que o livro novo seja uma reprodução total de uma obra antiga, mas a obra antiga é usada como fonte para novos autores. Grandes obras de escritores consagrados como Frederico Pernambucano de Mello, Luiz Ruben, João de Sousa Lima, José Bezerra de Lima Irmão, só como exemplo, citam os importantíssimos João Gomes de Lira, Ranulfo Prata, Rui Facó, Rodrigues de Carvalho, Optato Gueiros, Billy Jaynes Chandler, Marilourdes Ferraz, Alcino Alves Costa, Oleone Coelho, Antônio Amaury, Padre Frederico, Oliveira Xavier, Flanklin Távora, dentre outros.
Foto do blog Cariri Cangaço. Nela Antônio Amaury, Ivanildo Silveira e o saudoso Alcino Alves Costa.
Claro que é
bem interessante quando um escritor da nova geração cita sua fonte de pesquisa,
mas o que me deixa particularmente maravilhado é quando leio que o próprio
autor conversou com cangaceiro fulano, volante cicrano ou coiteiro beltrano.
Ano passado quando eu e demais integrantes da maravilhosa “família Cariri
Cangaço voltava da Grota do Angico em Poço Redondo, após a missa de Virgulino
Ferreira, Maria Gomes e mais dez almas que tombaram sem vida naquele local em
1938, ficamos esperando um companheiro voltar para o barco em um lindo
restaurante, numa das várias entradas de trilhas que levam ao local do massacre.
Entre os
vários entendidos no assunto presentes, estava o mestre Antônio Amaury. Sentado
à sombra de uma mangueira e assediado por várias pessoas, o doutor paulista
atendia a todos com presteza, tirando dúvidas dos presentes felizardos. No
local estava também uma guia turística. Morena de olhos verdes, pernas grossas
e muito bonita, a moça vestida a caráter como a própria Maria Bonita, parece
que não tinha se dado conta de quem era aquele senhor tranqüilo que se dispunha
a conversar com “alunos” curiosos. Só quando o Doutor Ivanildo Silveira, com
sua potente voz, chamou Amaury pelo nome, é que ela percebeu estar ao lado de
um dos mestres em cangaço. Os olhos da cangaceirinha pareciam duas lanternas
acesas. Visivelmente emocionada, ela quis imediatamente ser fotografada ao lado
do ilustre pesquisador.
É isso que
acontece, é diferente. O leitor, pesquisador ou mesmo o curioso pode ter acesso
a milhares de informações, mas,ler ou conversar com quem viveu o fato ou com as
pessoas que tiveram como fontes quem fez a história, faz diferença. Quando se
vê nos livros do próprio Amaury que Dadá lhe disse isso ou aquilo, ou que
Optato Gueiros levou sua volante para determinada localidade, onde houve
sangrento tiroteio, ou até Oliveira Xavier, que conviveu com Padre Cícero e viu
de perto a sedição do Juazeiro, dizer que viu fatos famosos da história
nordestina é bem mais emocionante do que a narração de terceiros.
A leitura
vicia, e a literatura cangaceira mais ainda, e observar nos livros clássicos,
indispensáveis para quem quer entender alguma coisa do tema, que o autor
conviveu de perto com quem fez a história, é algo maravilhoso. Além a emoção da
leitura, outras nos são ofertadas pelo seminário Cariris Cangaço, ao fazer com
que seus membros interajam com escritores renomados, familiares dos guerreiros
do sol e locais dos fatos cangaceiros. Ano que vem se Deus assim nos permitir,
estaremos juntos, vivendo novas emoções.
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