Por Paulo Gastão
Existe um engano imenso relativo à entrada das mulheres ao cangaço. Muitas pessoas escutam o galo cantar, porém, não sabem identificar o local do cacarejar.
Existe grande frenesi na afirmativa de as mulheres terem chegado ao cangaço ao bando de Lampião, no tempo de Lampião. Várias são as expressões utilizadas para caracterizar o momento em questão.
Ledo engano.
Necessário se faz a busca de informes como forma de se preservar o fato, dito, histórico por alguns curiosos da história, pesquisadores metidos, metidos a sabichões e atravessadores da boa marcha cultural nordestina.
A realidade é muito outra. Temos que ir em busca de fontes confiáveis, dignas de acato e respeito aos fatos históricos relatados. Não temos o direito de inventar ou proteger este ou aquele personagem inscrito na história do cangaço.
Assim acontecendo cada um de nós escreve a história que melhor lhe convier. Necessário se faz tratar as pessoas com respeito com respeito e dignidade. Pois tem gente que pensa ser dono da verdade e dizem, ninguém sabe mais a respeito dos fatos históricos.
Várias são as facetas que devem ser abordadas em torno da mulher e o cangaço. Afirmar que foi fulano ou beltrano não passa de uma grande tolice ou infantilidade cultural. Quem assim procede está ficando uma bengala de boca abaixo e nada constrói.
Precisamos combater as paixões desenfreadas ou a gula de quem quer se sentir na crista da mídia a nível nacional. Bobagens, só bobagens. O que haverar de prevalecer é a pesquisa levada a sério. Comprovação das afirmações estabelecidas e não dizer invencionices, bradar, gritar e tudo continuar na mesma.
A busca da verdade não pára por aqui. Estamos apenas relatando o que já havíamos comentado, informado, chamado a atenção e mostrado que a realidade é um pouco mais acima.
Vejamos o seguinte trecho de um relato realmente esclarecedor: "A mulher sertaneja conserva os característicos de honestidade e bravura das mulheres de antanho, companheiras dos exploradores e dos bandeirantes. Meninas e moças se encontram de clavinote em punho ao meio das refregas.
Uma creança de 15 annos, filha do bandido Amâncio, fuzilara os assaltantes da casa, com o pae agonizando sobre os joelhos! Num tiroteio, meteram uma bala na perna de Adolfo Meia Noite. A esposa carregou-o aos hombros, fugindo sob uma chuva de balas! assim relata Coriolano de Medeiros em - Os Sertões Paraybanos). umas gastam o último vintém para vingar o marido, o pae ou o irmão. Ricardina de Lavras, a cangaceira, mandou matar o padre Victor, vigário de Campo Grande (Distrito de Itabaiana), na Parayba. Helena Maciel. irmã de Antonio Conselheiro, subsidiou o bandido Estácio José da Gama. Anna do Bonfim, mãe do cangaceiro João do Bonfim mata à faca. Outras, como a negra Xica Barrosa, dão-se até a vida de cantadores de desafio e, excepção raríssima, assombram o sertão como se foram Saphos degeneradas e obscuras".
Quando estes fatos ocorreram os bandos de cangaceiros que apareceram no início do século XX ainda não eram nascidos, pois, estamos retratando personagens do século anterior.
Dentro em breve traremos uma nova personagem que antecede as mulheres que só apareceram no grupo de Virgolino Ferreira da Silva, vulgo Lampião a partir de 1928/1930.
Fonte: "Jornal da SBEC.
Ano: XV.
Número: 05
Cidade: Mossoró-RN
Data: 13 de junho de 2008
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira
Este jornal foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Nascimento (Chagas Nascimento).
Nota: Desculpem-me alguma falha na digitação, sou um pouco cego. Se faltar alguma letrinha na palavra, mas você entenderá o significado.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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