Por Kydelmir Dantas (*)
Marcos Medeiros e Kydelmir em foto de KD e Marmed - Foto - Walter Almeida (2012).
O Cangaço é
apresentado em verso e prosa desde os seus primórdios. A literatura popular,
antanho denominada de folhetos e romances, hoje conhecida por literatura de
cordel, foi a maior responsável pela divulgação do cangaço e cangaceiros, desde
o início. Segundo o Mestre Câmara Cascudo: “O cordel é o romanceiro popular
nordestino, em grande parte contido em folhetos impressos e expostos à venda
nas feiras e mercados.” Dos mais variados temas abordados, ainda escreveu
Cascudo: “A poesia tradicional sertaneja tem os seus melhores e maiores motivos
no ciclo do gado e no ciclo heroico dos cangaceiros.” (Vaqueiros e Cantadores).
A vida, proezas e lutas de Antonio Silvino, o cangaceiro de Afogados da Ingazeira – PE foi, basicamente, escrita em versos dos poetas populares, chegando a mais de uma centena os cordéis publicados. Na bibliografia cangaceira, talvez seja o nome mais divulgado pelos violeiros e poetas de bancada. Pra se ter uma ideia, sobre Jesuíno Brilhante, o cangaceiro de Patu – RN, não tem uma vintena de títulos impressos em cordéis. Só sobre Lampião, passa e muito de cem títulos publicados. E sobre as Mulheres cangaceiras, não chega a cinquenta.
Dentre os inúmeros cordéis publicados, relacionados ao tema cangaço, que chega
a mais de um milheiro de títulos, há fatos verídicos e inventados; há proezas,
covardias, heroísmos, horror e humor. Há fatos, datas e dados que, com um bom
filtro, podem ser usados nas pesquisas históricas, geográficas e sociais.
Porém, faltava um trabalho sério e abrangente como este do poeta cordelista, doutor e professor Marcos Medeiros. A fauna e a flora da Caatinga, que abrange o denominado Polígono das Secas, indo até mais além no litoral potiguar e cearense, palco de atuação dos bandos de cangaceiros, desde o Cabeleira até o seu nome maior, Virgolino Lampião. Pois bem, o professor poeta, usando de sua sabedoria (ô hômi sabido!) e de seus conhecimentos na sua área de pesquisas, conseguiu mostrar o que todo sertanejo conhece, - ‘derna de minino’ – no uso de animais e plantas do sertão. Na alimentação e nas meizinhas, tendo-os como fontes de subsistência e ‘refrigério’ nas horas das necessidades.
Com esse teor e essa temática, este é o primeiro Cordel Ecológico ‘abarcando’ o ciclo do Cangaço. Muito bom, cabra! Teje dito.
(*) Poeta,
pesquisador e agrônomo. Membro da ANLIC – Academia Norteriograndense de
Literatura de Cordel; do ICOP – Instituto Cultural do Oeste Potiguar; do IHGRN
– Instituto Histórico e Geográfico do RN; da SBEC – Sociedade Brasileira de
Estudos do Cangaço. Conselheiro do CC - Cariri Cangaço.
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