Por Clerisvaldo B.
Chagas, 3 de março de 2017 - Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.640
O Brasil que
gosta de imitar os outros países não copiou o desenvolvimento ferroviário dos
Estados Unidos. Perdeu muito feio o miolo da história e foi atraído pelo canto
da sereia. País Continental preferiu apostar em rodovias o que até hoje causa
problemas considerados eternos. Se um trem transporta o equivalente a 400
carretas, imaginem o barateamento do frete aqui dentro e a capacidade de
concorrer lá fora. Mas “o que está feito não se está para fazer” como diziam os
mais velhos. Agora é correr até cair os cambitos atrás do prejuízo de dezenas
de décadas. Corre-se atrás dos prejuízos das rodovias, das novas redes
ferroviárias e a recuperação das sucatas. São milhões e milhões de reais
perdidos que poderiam ter sido destinados ao social para melhorar a qualidade
de vida da população. Veja um exemplo:
Foto (G1)
“O tráfego de
veículos da BR-163 — rodovia conhecida como Cuiabá-Santarém — no trecho entre
as localidades de Trairão e Novo Progresso, no Pará, está interrompido há
algumas semanas, o que provocou uma fila de 40 km e cerca de 3.000 caminhões no
local. O Ministério da Integração Nacional e o Dnit (Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes) admitiram o problema”.
Mas a sereia
não cantou somente na rede de transportes do Brasil. Lembramos da época em que
o Major Luís Cavalcante, conhecido como “O Major”, era governador de Alagoas.
Depois de muita pressão popular no Sertão, construiu a Adutora de Belo Monte,
trazendo água encanada do São Francisco para Santana do Ipanema e outros
municípios. E no dia da inauguração, em Santana, enquanto seus bajuladores
tomavam banho em praça pública com água dos canos, o Major discursava. Depois
de dizer que naquele dia só não iria beber o sino e o ovo, explicava
sorridente, ébrio de contentamento: “O ovo porque já está cheio e o sino porque
tem a boca pra baixo”. E nós, o povo besta, ria acompanhando as piadas do
governador. Por fim, o Major mandou que a partir daquele momento, os sertanejos
quebrassem todas as cisternas que jamais iria faltar água no Sertão. Muitos cabras
azoados assim o fizeram. Daí para cá nem precisa dizer, pois todos conhecem de
sobra às aflições sertanejas nordestinas.
O maior
atoleiro do momento, porém, se encontra em Brasília quando os bonecos
engravatados, ladrões, gananciosos e infernais, desfilam pelos gabinetes
imitando cenas de filmes de horror. Um espetáculo sombrio de pântanos em que as
almas penadas, os fantasmas pairam sobre o lamaçal nebuloso e dantesco. Ê
Brasil!
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