Seguidores

quinta-feira, 23 de março de 2017

OS CHEFES DOS GRANDES CANGACEIROS - LABAREDA (PARTE 4)

Por Geziel Moura

Quando o cangaceiro Ângelo Roque da Costa, o Labareda, apresentou-se a Lampião (novembro de 1928), em terras baianas, o Capitão Virgolino não teve dificuldades nenhuma, em aceitar o cabra em seu grupo, pois Labareda já era "bandido feito" e procurado pela polícia.

"Anjo Roque" contou para Estácio Lima (O Mundo Estranho dos Cangaceiros), Paulo Gil Soares (Memória do Cangaço) e em diversas entrevistas a jornais e revistas, que a motivação de sua entrada para o cangaço, foi questão familiar, em que o soldado Horácio Caboclo, apelidado de Couro Seco, estava assediando, Sabina, irmã de quinze anos de Labareda. Assim, a tentativa de aproximação do militar, para com ela, não foi bem vista, pelo futuro cangaceiro, pois a fama de "D. Juan" do pretendente, era conhecida na região.


Labareda, ainda, tentou resolver o problema, por meio de denúncia ao juiz, e como resposta recebeu "O soldado também tem uma irmã, faça com a dele o mesmo que ele fez com a sua". Quem ficou feliz com a sentença do magistrado foi Horácio Caboclo, e mandou logo avisar, que ela se preparasse que ele iria buscá-la, para os dois viajarem pelo sertão de Pernambuco. Os escritores Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena (Lampião e o estado maior do cangaço) nos fala, que couro Seco até que foi buscar sua amada, mas não voltou, pois Labareda o matou antes.


O pai do falecido, André Caboclo, prometeu vingança contra Anjo Roque, e quase cumpri seu intento, porém a facada que deu no matador de seu filho, pelas costas, não o levou desse vale de lágrimas, na medida em que, este resistiu ao ferimento.

Quando se recuperou da lesão provocada por André Caboclo, é chagada a vez dele...Labareda com um tiro certeiro, despacha o segundo desafeto na própria casa deste, e o cabra, com dois processos nas costas, por duplo homicídio.Como consequência disto, a polícia cercou a casa de Labareda, resultando na morte de sua esposa Ozana e de seu irmão João de Deus. A partir daí Labareda fugiu para Santo Antônio da Glória (BA), vivendo sob a proteção do coronel João Sá, conhecido coiteiro de cangaceiros no sertão baiano.

O rosário de homicídios, imputados a Labareda só fazia crescer, o que levou a procurar Lampião, e este acabara de chegar à Bahia, e encontrava-se compondo seu grupo, foi a "fome com a vontade de comer". O certo é que Labareda esteve vinculado a Lampião, desde então, até quando se tornou chefe de sub grupo, em 1929, sendo sua área de atuação a região do município de Carira (SE), e outros.


Ângelo Roque não estava em Angico, no dia 28 de julho de 1938 (Quinta - feira), estivera antes no dia 25 de julho (Segunda - feira), pois segundo ele se retirou por causa de .gripe, e preferiu se tratar na casa de coiteiro. Após o acontecimento de Angico, Labareda pensou em se entregar, como tantos outros assim os fizeram, mas tinha medo de ser traído, durante este período que ficou conhecido como "as entregas" e continuou operando nos limites da Bahia e Sergipe.

Anjo Roque é apontado como o assassino, de uma mulher na frente de seus quatro filhos, à marteladas, na região de Paripiranga (BA), no dia 04 de junho de 1939, a questão não era com a mulher e sim com o marido dela, ele fora a mando de um coiteiro "fazer o serviço", não o encontrando fez na mulher. Com este episódio, é possível pensar que os cangaceiros, poderiam ocupar lugares de jagunços ou pistoleiros, de fato, não há padrão no cangaço.


Labareda contou no documentário "Memória do Cangaço" que foi lesionado pela volante baiana de Odilon Flor, provavelmente, foi no combate do Riacho do Negro (SE), em que morreram os cangaceiros: Pé-de-Peba, Xofreu (Sofreu) e a esposa do chefe, Mariquinha, aliás, ela era irmã de Zé de Neném, primeiro companheiro de Maria Bonita, portanto, sua ex - cunhada.


Labareda entregou-se no dia 31 de março de 1940, no município baiano de Paripiranga, juntamente com os cabras, Saracura, Patativa, Deus - te- Guie e Jandaia, além das mulheres, Flauzina Alves Lima, companheira de Saracura, sua filha, Maria Eunice com o cangaceiro Zezé, então, falecido, Zefinha, Ana da Conceição companheira do cangaceiro Deus - te - Guie e Josefa companheira de Jandaia, sendo condenado a noventa e nove anos, sendo, a punição diminuída para 30 anos. 


Em 1950 o velho cangaceiro recebeu indulto, e com a ajuda de Estácio Lima, diretor da Faculdade de Medicina da Bahia, veio a trabalhar com ele, no complexo do Instituto Médico legal, cuja instituição fazia parte daquela faculdade. (continua).


Fotos: Revistas O Cruzeiro, `Jornal o Estado da Bahia e internet

https://www.facebook.com/groups/1617000688612436/?fref=ts

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário