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quarta-feira, 6 de março de 2019

LEIA BEM COM ATENÇÃO ESSE TEXTO.

Por Maria de Lourdes Feitosa Nascimento


O que levou Elétrico a entrar para o bando de Lampião

Conheça um pouco sobre a vida de Elétrico, Cangaceiro do Bando de Lampião.



Naquele tempo, Lampião mandava e todos obedeciam, e ai de quem não obedecia! Certo dia, ele chegou à casa de Pedro Miguel, um senhor honesto e trabalhador que morava em sua nobre casinha no Minador. Estava com sua esposa e filhos quando Lampião chegou com sua tropa, ordenando que Pedro fosse na Lagoa do Saco dar um recado ao vaqueiro da fazenda, dizer a ele que viesse pra matar uma reis, e quando a carne secasse iam fazer suas boias e iam embora. 

Assim seu Pedro fez com medo de desobedecer Lampião. Foi e deu o recado dizendo:

- Luis, Lampião disse que você fosse matar uma reis pra ele.

Mas o vaqueiro recusou, dizendo que não iria de forma alguma. 

Seu Pedro retornou para dar a resposta ao temido rei do cangaço, e já imaginava que a reação não seria das melhores. 

Lampião olhou logo que Luis não havia vindo e perguntou:

- Cadê o vaqueiro, seu Pedro? 

Pedro Miguel falou a verdade, e a reação de Virgulino foi imediata. Estava com um facão na mão e jogou com raiva no chão dizendo: 

- Como é que pode?  Eu não mando chamar um homem e ele não vem? Vão três de vocês e tragam ele aqui. 

O Senhor Pedro tentou intervir pelo vaqueiro, pois sabia que o sofrimento seria dos piores. Falou:

- Capitão, por Nossa Senhora deixe o rapaz em paz, ajoelhou-se aos pés de Lampião que se compadeceu e disse: 

- O senhor tá derrotado de qualquer jeito Seu Pedro, mas vou atender o seu pedido, porque o Senhor pediu por Nossa Senhora, e isso eu não posso negar. Agora pode se preparar, fique ciente disso. Não vai há cinco dias a polícia vai bater aqui. 

Na manhã seguinte, o senhor Pedro saiu bem cedinho pro Saco da Serra e viu os cangaceiros cercando o gado e pegando o boi a mão, levaram amarraram em um pé de umbuzeiro e seu Pedro perguntou:

- Mas capitão, como é que se mata um rato desse? 

Disse-lhe: 

- Oxente! É a coisa mais fácil do mundo.

E o capitão pegou um canivete que tinha no quarto, estava bem amoladinha e empurrou no cabelo loiro da vaca. A vaca caiu esparramada no chão. Fizeram a carne. Era um dia de terça feira. Quando foi na quarta, ele preparou Pedro dizendo:

- Oi, eu tô indo embora amanhã, agora o senhor não negue de jeito nenhum, a polícia vai chegar aí agora, pode dizer que fez a feira que eu mandei, quando acabei matei a vaca, salguei e fiz a carne, e puxei por aqui, pode dizer a eles que nós tamo do Poço pra riba.

Júlio Miguel dos Anjos, irmão do cangaceiro Elétrico. 

Assim seu Pedro fez, quer dizer planejou fazer. Com cinco dias depois, em Minador foi soldado que fechou a caatinga., era no terreiro, no curral, por toda parte, ao todo dava noventa e cinco, agora que uns deles ficaram separados por que eram amigos da família, e volante aqui de Sergipe, apenas de longe gritavam: 

- Não judiem os paisanos não, como é que vocês ao invés de ir atrás dos bandidos na feira ficam judiando os paisanos?

Meu avô e eu, Dinha Feitosa


Mariano, um dos soldados perguntou pelo senhor dono da casa, e seu filho casula, que era o meu avô Julio Miguel; saiu à procura do pai no curral, que estava com seus outros filhos todos trabalhando. Vieram todos pra casa. 

Mariano perguntou ao senhor Pedro como foi que aconteceu, o que Lampião tinha feito, os filhos do Senhor ficaram assentados no chão de um lado e o Velho Pedro do outro lado quando falou: 

- Essa foi a primeira vez que o vi, ele chegou aqui pediu que eu fizesse uma feira e seu Pedro contou toda história, mas quando terminou de contar tudo direitinho recebeu foi uma pancada nas costas sabe como se mata um bode, então foi dessa forma que seu Pedro de 60 anos de idade, pai de 14 filhos, recebeu um golpe pelas costas, como se fosse uma batedura de arroz, cada soldado batia um pouco. 

Seus filhos e esposa apavorados sem poder fazer nada, alguns dos soldados tinham dó e tentavam acalmar a senhora esposa que estava dentro de casa com todos os seus filhos nesse momento.Um dos soldados ainda disse:

- Olhe dona, amanhã bem cedo o seu marido vai preso, agora eu digo quando a gente for se cobrindo lá naquele tanque a senhora mande seus filhos pegarem os animais, arrumarem as coisas e podem ir embora daqui, não fiquem aqui não, se mandem. 

Ao lado da casa tinha um pé de umbuzeiro que estava coberto de soldados embaixo, e um conhecido do velho tentou passar para ajudar, mas pegaram ele. Trouxeram Pedro pra casa todo machucado, duas costelas quebradas, aí soltaram dentro de casa espancado, quase morto. 

No fundo do quintal tinha um jirau de pratos, uma tigela grande que pegava mais ou menos uns dois litros de água, e de repente o jirau caiu, só ficou a tigela, o resto só pó, até os soldados foram ver o que foi na casa. Todos ficaram assombrados, assim os soldados se foram levando com ele o senhor Pedro. 

Nesse dia, haviam dezesseis pessoas na casa e como a velha já estava preparada, quando eles estavam no tanque quase se cobrindo, os filhos foram pegar os animais. 

O dia já estava quase amanhecendo atocaiaram os animais colocaram as cangalhas, tacaram as coisas em cima e saíram devagarzinho, não andaram duzentas varas quando o tenente ordenou que uns soldados voltassem e pegassem um dos filhos, mas quando chegaram a casa não acharam mais nada. 

Ainda saíram aos arredores e por pouco não os viram, desistiram e foram embora. Nesse dia a família do Senhor Pedro foi bater em Sítios Novos. 

Depois pegaram o rumo do Saco Grande, ficaram lá sem saber de noticias, quando foi com as 'Ave Maria', a Senhora estava colocando a comida dos filhos, todos fizeram uma roda no chão para comer. De repente quando olharam pra porta dos fundos seu Pedro entra de portas a dentro e fala:

- Fechem essa porta ligeiro pra ninguém me ver, corram aí a todas vejam se vocês acham uma canoa que preciso ir pras Traíras. Vou atrás de Janjão Maia. Os seus filhos saíram as pressas e levaram o pai dali.

No dia seguinte por volta de umas oito horas a polícia chegou à procura dele, e todos fingiram que não sabiam de nada. Pedro Miguel foi o pai do cangaceiro Elétrico, que depois desse acontecimento com seu pai ele se revolta ao ouvir toda tortura que seu pai passou na delegacia de Monte Alegre, onde foi muito torturado no tempo que esteve lá. Foi tratado feito um animal. 

Manoel era o filho mais velho, por isso não pensou duas vezes quando foi convidado a entrar para o cangaço e ser batizado de Elétrico. Meu avô era o mais novo entre os filhos homens, e se sei dessa história agradeço a ele por sua memória excelente e pela riqueza de detalhes com que me contou. 

Obrigado pai Júlio.

O anúncio da Morte de Elétrico, como se deu.

Nesse tempo sua família morava no Povoado Bom Sucesso, quando saiu a notícia da morte de Elétrico. Senhor meu avô Júlio tinha apenas 14 anos e ainda lembra-se como se fosse hoje, o povo chorava não só pela morte de Elétrico como também pela morte do temido rei do cangaço, que tinha a fama de cruel e justiceiro, e o povo ainda gostava muito dele.

Vejam abaixo a entrevista realizada com meu avô, Júlio Miguel dos Anjos, no dia 31/10/2014

Sobre o cangaceiro Elétrico

Segundo meu avô Julio Miguel, quando Elétrico entrou para o bando de Lampião, ele foi de livre e espontânea vontade, sua família de 13 irmãos na época em que ele foi para o grupo, estavam se mudando do Minador para a Jeremataia, ele não quis acompanhar a família e foi ficar no Cururu, na casa de seu tio, irmão de sua mãe o Senhor João Vicente.


Certa vez Lampião chegou e Manoel quis entrar para o bando, queria ser cangaceiro, apesar de Lampião não querer aceitar por que o Senhor Pedro Miguel(o pai de Elétrico) já tinha apanhado da volante, por ter feito um favor a Lampião.Lampião falou:

-Eu não quero você no bando porque seu pai já sofreu por minha causa, e se você entrar ele vai sofrer muito mais.


Mas mesmo assim Manoel acompanhou o grupo de cangaceiros, seu nome era era Manoel Miguel dos Anjos, já que emu avô é Julio Miguel dos Anjos, ele fala que não lembra muito bem do sobrenome do irmão mas a família toda era Miguel dos Anjos.No tempo em que Manoel entrou para essa vida meu vô Julio era uma criança entrando para a adolescência.Não sei se por querer vingar-se por seu pai ter sofrido muito nas mãos da volante, mas sei que foi a partir daí que ele passou a ser chamado de Elétrico cangaceiro do Bando de Lampião.


Por muito tempo desde que passei a ter entendimento das coisas quis entender o por que, quem ele era, e sempre quis ver uma fotografia dele, do irmão do meu avô, do cangaceiro Elétrico, sei que muitas pessoas tem uma visão diferente, mas eu entendo e respeito sei que muitos os tratam como Bandido, mas o que posso fazer. Não sei se por isso ou por curiosidade busco conhecer um pouco mais sobre ele, e encontrei essa imagem que segundo é a imagem dele. 


Veja logo abaixo e comparem com uma imagem do meu avô quando era jovem.

Entrevista sobre Elétrico, cangaceiro do Bando de Lampião.

Entrevista feita ao Senhor Dionísio dos Santos, mais conhecido por Domes de Quim, o Vaqueiro mais velho do Povoado Bom Sucesso.

Realizada no dia : 28/01/2015.


O senhor conheceu Elétrico ?


-Oxente, me criei junto com ele, a família dele morava no Minador e a família de papai morava nas Lagoas. Quer saber quantos filhos Pedro Miguel tinha... Manoel (Elétrico), era o mais velho, tinha também Júlio, Paulino, Pedrinho, Firmino, Zé, que era meu cunhado, Tonhe era um morenão, e as mulheres eram, Dorinha, Mariquinha e Rosinha, se criemos juntos, vizinhos. Por isso que chamavam o meu pai de Quim das Lagoas e a mim chamavam de Domes de Quim.

Maria de Lourdes Feitosa Nascimento

Sou estudante da UFS no Polo de Glória e futuramente estarei realizando o sonho de me tornar uma professora de História, que é uma de minhas paixões.


https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?ref=bookmarks

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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