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segunda-feira, 4 de julho de 2016

JEGUES, JUMENTOS E COISA E TAL

Por Clerisvaldo B. Chagas, 4 de julho de 2016 - Crônica 1.543

Pesquisando pelos mangues, falésias, restingas e lagoas, não deixamos de cruzar inúmeras vezes pelas rodovias modernas do estado. Tanto nas rodovias da Planície Litorânea, quanto nas do Baixo Planalto dos Tabuleiros, nos deparamos com jumentos nas pistas. E o jegue, já se sabe, não liga para buzinas e nem para palavrões. Dizem que o Equus asinus é pré-histórico. A suspeita é que o jumento do Brasil tenha vindo do norte de África.

Foto (proagri)

O bicho que tanto serviu pelos sertões, hoje se acha desvalorizado e custa apenas um real. Foi trocado modernamente pelo trator, moto e camioneta. Vive pelas estradas, ignorados pelo governo e cobiçado pelos espertos para abatedouros clandestinos. Um país que tanto fala em proteger os animais esquece-se do asno forte, paciente, trabalhador e viril.

Na década de 60, em Santana do Ipanema, o povo admirava os dois enormes jumentos Pegas (ê) do comerciante Isaías Rego, fazendeiro e panificador. Todas as tardes os dois animais devoravam os pães boias, colocados em caçuás na calçada da padaria. Nós também admirávamos a força de um jegue Canindé em nossa fazenda no pé da serra da Camonga. Menor do que o jumento Pega, pelagem marrom e desempenho de trem de ferro. Fazenda sertaneja sem jumento e carro de boi, não tinha prestígio. Lembramos também de uma farra que certo “coronel” fez e convidou os amigos para um almoço. Somente depois da refeição, levou a prova do crime para os convivas. Tratava-se de carne de jumenta. Elogios e vômitos foram apresentados sob gargalhadas do “coronel” matador de gente.

Enquanto os jegues vagueiam sem destino, surge solução esdrúxula de outro jegue sádico de dois pés que escapou da récua.

 E se ninguém nunca assaltou montado num jumento, sua substituta, a moto, tornou-se a campeã brasileira dessa fuleragem.

Quanto ao modo de despachar os vivos, o jegue mata parado, a moto, correndo!


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