Por Severino Coelho Viana
Promotor de justiça e escritor
Nós pensamos que coisas do nosso
mundo são tão simples como um rápido olhar em direção a uma estrela e perceber
o seu cintilar. Não! Não é assim. Quando paramos para pensar em profundidade,
sentimos quantas possibilidades diferenciadas existem na cercania de nossa
natureza humana.
Por exemplo, você já parou para pensar na caridade? Imediatamente vem à nossa mente a figura de um mendigo perambulando nas ruas, carregando um saco vazio ou cheio de molambo nas costas. Há muito tempo vemos esta cena de pobreza nos grandes centros urbanos e nas cidades de porte médio. Deu-lhe uma esmola está resolvido o problema.
Se der uma esmola a um trombadinha está aumentando o problema.
Mas, voltemos ao nosso tema sobre a caridade.
Não é o esbanjamento de esmolas
nem tampouco a divulgação de doações destinadas às pessoas carentes que lhe dão
manchete e o recebimento de elogios de homem/mulher caridoso. A generosidade
individual é coisa nascida nas linhas do coração humano, podendo ser material
(de bom coração) ou espiritualizada (trazida pelo toque da alma). Uma palavra
de conforto vale muito mais do que mil patacas. A caridade consiste na divisão
do pouco que se tem e de não esperar recompensa pelo que foi feito.
É a ação com o coração. É o amor ao próximo sem qualquer interesse que lhe rende alguns frutos.
Reconhecemos o trabalho voluntariado de suma importância. Um trabalho voluntário quando feito com o beneplácito da alma e de uma ação sem espera de recompensa poderá ser um gesto de generosidade e um ato humanitário. Não deve existir interesse enviesado ou espera de ganhar em dobro pelo ato realizado. Há situações que não dependem do apego a coisa material, que só uma palavra de conforto e de esperança seja capaz de trazer o lenitivo necessário para o tormento espiritual.
A caridade, por si só, não é um gesto paternalista, não é dar uma esmola, isso seria um gesto piegas, ela se traduz de forma bem mais profunda. É um amor desinteressado pelo ser humano e um ato de respeito à dignidade humana. É um gesto de amor ao próximo. É tão simples assim na forma de dizer, mas tão difícil de uma ação prática. A caridade se baseia na fraternidade entre os homens, quando ela se expressa através de um gesto de esmola é para atender uma urgente e premente necessidade por um momento de dor ou calamidade.
A caridade é um ato de justiça, não cabe exibicionismo, pois realizá-la sem justiça seria hipocrisia. A caridade extirpa a raiz amarga do ódio e purifica os afetos interiores. Ela traduz o sentimento de amor verdadeiro.
Aqueles que alegam ser pobres não se excluem de ser caridoso por falta de bens materiais, como se a caridade fosse mera retribuição de produtos que saciassem a fome, que dessem de beber ao sedento, acobertassem os que estão sem roupas, abrigassem aos sem tetos, às vezes, uma simples palavra caridosa transforma um mar de tempestade em água de bonança. Esta não é a caridade material, é caridade de ordem moral, de aceitação, de bem querer, de igualdade entre os seres.
Não é só um magnata que pode ser caridoso porque dispõe de bens materiais incalculáveis e porque se destaca nas revistas de análise econômicas como o mais rico do mundo. Pode até fazer doações de grande valor material. Se o coração é pequeno, a imensidão de sua riqueza é uma pobreza de espírito.
Quem valia mais uma ação generosa de Madre Tereza de Calcutá ou uma doação esporádica de bilionário cheio de arrogância que espera por um ganho maior de capital?
Se bem que uma doação, nos casos aflitivos, não pode ser dispensada porque vivemos num mundo que tudo gira em torno do dinheiro. Só não podemos compreender o dinheiro como o Deus do mundo. De nada valeria o dinheiro.
Vamos refletir sobre a lenda no mosteiro com o Monge:
“Certo dia no mosteiro o monge
Liu-Pei estava preocupado, pois estava muito frio e muitas pessoas que lá se
encontravam, não possuíam agasalhos para se proteger.
O sábio Kwan-Kun vendo aquela cena se aproximou de Liu-Pei e disse:
- Liu-Pei, faça um gesto caridoso e dê um agasalho, para aquela senhora que está passando frio.
Liu-Pei vira-se para o mestre e diz:
- Mas Kwan-Kun, eu possuo poucas roupas, não está sobrando nada, e acho que posso precisar mais tarde quando vier mais frio.
Kwan-Kun ouvindo este pensamento do monge reage:
- Querido Liu-Pei, quando se faz a caridade, não se deve fazê-la com o que sobra, pois a verdadeira caridade está em saber dividir o que se tem.
Muitas vezes o egoísmo, não deixa que você possa praticar a caridade, pois se acha impregnada pela convicção de que sempre precisa de mais, muito embora já tenha o bastante, para suas necessidades.
Dar o que sobrou é muito fácil e sem comprometimento, todavia, ter o objetivo de dividir o pouco que possuí, é maravilhoso aos nossos olhos e mais ainda aos olhos de Deus.
A caridade nos favorece a ficar mais próximo de Deus”.
O medo de perder o que tem é
maior do que servir aos olhos de Deus. É a ganância pelo o dinheiro! É o apego
demasiado às coisas materiais!
A primeira destruição do capitalismo selvagem é o amor ao próximo. Tudo gira em torno do dinheiro. E o dinheiro é o senhor do mundo.
Todavia, não esqueça! O amor ao próximo é uma premissa Divina.
João Pessoa – PB, 28 de março de
2017.
Severino Coelho Viana
scoelho@globo.com
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Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e
gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
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