Debate Poético
Entre Adilson Costa e Carlos Aires.
Sou produto da
cidade
Virei um
cosmopolita
Capital
me dando tudo
Tudo que se
necessita.
E no
campo também tem
Veículo a mais
de cem
Parecendo que
levita? Adilson Costa
Sou um tolo
que acredita
Que a roça só
tem bondade
É aqui que sou
feliz
Bem
distante da cidade
Sendo um
brocoió inculto
Que vivo em
paz sem tumulto,
Em plena
felicidade. Carlos Aires
Eu confesso na
verdade
O meu lado
social
Caminhar no
calçadão
Visitando o
litoral
Vou falar do
encantamento
Com o
desenvolvimento
Alegria sem
igual. Adilson Costa
Meu viver é
magistral
Sentindo o
cheiro do mato
Com o ar puro
aromando
As vias do meu
olfato
Respirando a
brisa pura,
Comendo fruta
madura
E me banhando
no regato. Carlos Aires
Não vivo sem o
aparato
Do conforto em
primazia
Pelas redes
sociais
Vou ler meu
jornal do dia
Vejo o meu
time jogar
A passarada
cantar
No CD sem
agonia. Adilson Costa
A urbe não me
inebria
Gosto é da
zona rural!
De montar no
meu cavalo
Sair pelo
matagal
Sentindo o
odor da rama,
De me lambuzar
na lama
Produzida no
curral. Carlos Aires
Não preciso de
quintal
Para me
entregar ao vento
Vou relaxando
na sauna
Do meu novo
apartamento
Não sei se no
interior
Tem também
elevador
Para ver o
firmamento. Adilson Costa
Aqui a
qualquer momento
A gente se
exercita,
A nossa sauna
é o sol quente
Que tosta, mas
não irrita.
De elevador
tenho é medo
Vou pra cima
de um lajedo
E vejo a
beleza infinita. Carlos Aires
Mas a vida é
mais bonita
Com conforto e
regalias
Hospitais e
faculdades
Shoppings
centers, galerias,
Com carro pra
todo lado,
Só com ar
refrigerado
Nessas tantas
correrias. Adilson Costa
Provindo das
brisas frias
Nosso ar chega
gelado
O Shopping
Center é a feira
E as barracas
do mercado
Meu transporte
é o jumento!
A cidade é um
tormento
Faz um barulho
danado. Carlos Aires
No condomínio
fechado
Vem morar a
segurança
Piscina com
churrasqueira
Para animar a
festança
Celular com
GPS
É muito bom,
me confesse,
Deixando a
vida mais mansa. Adilson Costa
Seja o velho
ou a criança
Aqui vive
sossegado
Eu durmo de
porta aberta
Sem medo de
ser roubado
Pra celular eu
dou breque
Porque aqui
tem moleque
Pronto pra
levar recado. Carlos Aires
Confesso:
Estou
encantado
Com a beleza
tamanha
Tem edifício
gigante
Que todo céu
ele arranha
E as pontes
cruzando os rios
Que acenam aos
casarios
Enquanto a
tarde se banha. Adilson Costa
Aqui a bela
montanha
Fica cutucando
o céu
A neve de
manhazinha
Na encosta,
estende seu véu,
E vou lhe
expor meu conceito!
Vivo muito
satisfeito
No meu lindo
mundaréu. Carlos Aires
Já vou tirando
o chapéu
Às mais belas
catedrais
Museus e
pinacotecas
A livrarias,
jornais
A restaurante
grã-fino
Com paladar de
refino
Expondo os
belos vitrais. Adilson Costa
Observo os
matagais,
E enalteço a
vida minha,
Não frequento
restaurante
Como é feijão
com galinha,
E sempre que a
fé me atiça
Eu vou
assistir a missa
Na humilde
capelinha. Carlos Aires
Pelo ar livre
se caminha
Contornando a
beira mar
Nos clubes,
academias,
Para o corpo
modelar
Se eu tenho
tudo por perto
Eu não quero
pra o deserto
Um dia ter de
voltar. Adilson Costa
Eu aqui vou
passear
Pelas fazendas
e vilas,
Longe
das agitações
Nossas vidas
são tranquilas,
Na cidade é
diferente
Pra todo canto
que a gente
Vai, tem que
enfrentar filas. Carlos Aires
Poeta,
enquanto desfilas,
Pela seca do
sertão
Não canso de
apreciar
Meu copo de
chimarrão
O meu gerador
ligeiro
Em vez do seu
candeeiro
Chamado de
lampião. Adilson Costa
Por aqui uso o
facão
Pra cuidar da
minha lida,
Minha terra é
prazerosa
Animada e
divertida
E o que bem me
satisfaz,
É viver na
santa paz
Sem temer bala
perdida. Carlos Aires
Pelos bares da
avenida
Descanso do
labutar
Com gravata e
paletó
Espero o tempo
passar
Eu vou
juntando os papéis
As testemunhas
fiéis
De todo o
nosso penar. Adilson Costa
Pois eu sempre
irei usar
Chapéu de
couro e gibão
Gosto de estar
a vontade
Pisando com os
pés no chão
Na venda de
seu Gonçalo
Eu tomo um
"rabo-de-galo",
E tá resolvida
a questão. Carlos Aires
Eu digo de
coração
Também não
esqueço os campos
Do canto de
uma cigarra
Das luzes dos
pirilampos
De tantos
belos coqueiros
Dos Galos em
seus poleiros
Nos
despertando pra os trampos. Adilson Costa
Eu vivo
pregando grampos
Nas estacas do
cercado,
Buscando capim
e palma
Pra dá de
ração pra o gado
Depois me
banho no rio.
E assim nosso
desafio
Vou dando por
encerrado.
Poeta
Carlos Aires abraçando a esposa, Dona Júlia Aires
Adilson Costa
e Carlos Aires 26/03/2017
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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