Acervo do Paulo George
Depois do
tiroteio da Fazenda Tapera, município de Floresta-Pe, Lampião e seu bando (93
cabras) chega na Fazenda Água Branca do major Tiburtino com dois cangaceiros baleados,
João Cesário "Coqueiro", e José Paulino "Gengibre".
Lampião
insistiu que o major Tiburtino ficasse com os feridos, e o major disse:
- Virgulino,
eu não posso ficar com cangaceiro porque eu sirvo ao governo, sou major da
Guarda Nacional, e além do mais, sou juiz distrital, e eu não posso servir ao
cangaço de maneira alguma.
O filho do
major Tiburtino “Alcides Alves de Carvalho Barros” ficou ao lado ouvindo a
conversa e preocupado, pois Lampião não satisfeito poderia queimar toda a
fazenda ou até mesmo matar.
Lampião disse-lhe:
O senhor é quem
sabe por onde é mais perto. Eu já sou inimigo do seu genro “Martins Rodrigues”
da Caieira, no município de Salgueiro, e sei que o senhor é sogro também de Helvécio
Pires de Carvalho, da vila de Belém (Belém do São Francisco Pe). E me disseram
que ele tem muitas armas e dinheiro. O senhor é quem sabe por onde quer ir, se
me quer como inimigo ou me quer como coiteiro ".
Alcides vendo
aquele clima, se prontificou de cuidar dos cabras baleados. Passando vários
dias, os cabras já restabelecidos, foram embora.
No dia 23 de
agosto de 1927, terça feira, o major Tiburtino foi intimado a comparecer ao
distrito de Carnaubeira da Penha, que na época, pertencia à Floresta Pé, para
depor sobre esses acontecimentos, suspeito de ter dado tratamento aos cangaceiros
em sua propriedade.
Acompanhado do
seu filho Alcides e escoltado pelo tenente Arlindo Rocha que durante todo o
trajeto, Alcides disse tudo que ocorreu, e que culpa nenhuma tinha seu genitor,
e disse ainda ao tenente que, se alguém tivesse que ser preso, tinha que ser
ele, e não seu pai, que nunca tinha saído de casa para levar nem sequer uma xícara
de café para cangaceiro.
No dia 17 de
setembro de 1927, numa segunda-feira, o major Tiburtino foi escoltado até vila
Bela (Serra Talhada-Pe), regressando na quinta-feira, 10 de novembro de 1927,
para sua fazenda, e posteriormente obrigado pela justiça a retirasse no dia 22
de dezembro de 1927, para cidade de Belém do São Francisco-pe, vindo retornar
de Belém no dia 27 de setembro de 1928, numa quinta-feira.
Depois desses
acontecimentos desgostosos com as penas e perseguições, o major tiburtino Alves
isolou-se em sua propriedade, e faleceu repentinamente no dia 27 de novembro de
1929, sexta-feira, aos 63 anos, 8 meses e
23 dias.
Fonte: livro As Cruzes do Cangaço.
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