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sexta-feira, 11 de março de 2016

BELMONTE(PE) E A COLUNA PRESTES.

Por Valdir Nogueira

Em 22 de fevereiro de 1926, num dia de segunda-feira, a cidade de Belmonte amanhecia em estado de alerta, pois notícias davam conta de que a coluna revolucionária chefiada por Luiz Carlos Prestes havia entrado em território sertanejo, tendo passado com 600 homens no dia 20 de fevereiro de 1926 próximo ao povoado de Nazaré, pertencente ao município de Floresta, sendo perseguida pela força legalista comandada pelo major Otacílio Fernandes, que ao entrar no povoado trocou tiros por engano com os habitantes.

Apesar da distância entre Belmonte e Nazaré, foi grande a confusão gerada com a notícia, resultando num verdadeiro êxodo dos belmontenses, pois as notícias de maior divulgação diziam dos propósitos dos revolucionários em destruir propriedades privadas, trazendo terror às populações nordestinas. Desse modo a cidade ficou parcialmente deserta com retirada de autoridades, comerciantes e famílias para fazendas e localidades distantes.


Á frente do Paço Municipal (Prefeitura) estava Manoel Lucas de Barros (bisavô da atual primeira dama Eliane Lins), que havia tomado posse como prefeito no dia 18 de novembro de 1925. Pelo impacto da notícia, a prefeitura reunida, em conjunto com a Delegacia de Polícia local e o delegado Jacinto Gomes dos Santos, tomou as medias e providências acauteladoras em defesa da cidade. 


Tudo porém, não foi além do susto e do tumulto causado pelas notícias, já que os revoltosos, que além da Vila de Nazaré, de Triunfo e Vila Bela, retiraram-se logo, penetrando no vizinho Estado do Ceará.

A “Coluna Prestes” que, de 1925 a 1927 andou por todo o Brasil, cerca de 25.000 quilômetros, foi o ponto culminante de um movimento militar denominado de Tenentismo. Esse movimento armado visava derrubar as oligarquias que dominavam o país e, posteriormente, desenvolver um conjunto de reformas institucionais, com o intuito de eliminar os vícios da República Velha. Não conseguiu, no entanto, atrair a simpatia da opinião pública; apenas em algumas ocasiões, cidades ou grupos de homens apoiaram o movimento e até mesmo passaram a integrá-lo.

A ideia de que o movimento cresceria em número e em força ao longo da marcha foi se desfazendo durante o trajeto na região nordeste. Num meio físico hostil, ilhada pelo latifúndio, não achou nas massas do interior o apoio necessário e alentador. Ao contrário, passou a ser o terror do sertanejo que via na passagem da Coluna apenas prejuízo e desgraça, pior ainda do que os inúmeros grupos de cangaceiros que assolavam o nordeste, pois a Coluna era composta por centenas de guerreiros bem treinados em batalhas e sob o comando de um mestre de guerrilha.

Acontece que além da questão política, estava a sobrevivência da tropa. Afinal, era um batalhão que estava em marcha, necessitando de víveres para seus integrantes. A solução era adquirir de uma maneira ou de outra nos lugares por onde passava, muitas vezes destruindo lavouras e abatendo gado e criações que iam encontrando ao longo do percurso.

Não é nossa pretensão discutir aqui o projeto político que originou a Coluna Prestes nem o resultado obtido pela mesma em sua longa macha. Queremos simplesmente retratar o fato histórico ocorrido aqui na região, mostrando que longe de atingir os seus objetivos, a “Coluna dos Revoltosos”, como ficou conhecida, deixou um rastro de medo e destruição.

Para a história, o fato possui 90 anos, existindo ainda pessoas nos lugares por onde passou a Coluna, lúcidas o suficiente para depor sobre o ocorrido.

Por Valdir José Nogueira de Moura
Colunista de cultura do Blog do Silva Lima

Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta
Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?fref=ts

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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