Por Valdir Nogueira
Apesar da distância entre Belmonte e Nazaré, foi grande a confusão gerada com a
notícia, resultando num verdadeiro êxodo dos belmontenses, pois as notícias de
maior divulgação diziam dos propósitos dos revolucionários em destruir
propriedades privadas, trazendo terror às populações nordestinas. Desse modo a
cidade ficou parcialmente deserta com retirada de autoridades, comerciantes e
famílias para fazendas e localidades distantes.
Á frente do
Paço Municipal (Prefeitura) estava Manoel Lucas de Barros (bisavô da atual
primeira dama Eliane Lins), que havia tomado posse como prefeito no dia 18 de
novembro de 1925. Pelo impacto da notícia, a prefeitura reunida, em conjunto
com a Delegacia de Polícia local e o delegado Jacinto Gomes dos Santos, tomou
as medias e providências acauteladoras em defesa da cidade.
Tudo porém, não foi
além do susto e do tumulto causado pelas notícias, já que os revoltosos, que
além da Vila de Nazaré, de Triunfo e Vila Bela, retiraram-se logo, penetrando
no vizinho Estado do Ceará.
A “Coluna Prestes” que, de 1925 a 1927 andou por todo o Brasil, cerca de 25.000 quilômetros, foi o ponto culminante de um movimento militar denominado de Tenentismo. Esse movimento armado visava derrubar as oligarquias que dominavam o país e, posteriormente, desenvolver um conjunto de reformas institucionais, com o intuito de eliminar os vícios da República Velha. Não conseguiu, no entanto, atrair a simpatia da opinião pública; apenas em algumas ocasiões, cidades ou grupos de homens apoiaram o movimento e até mesmo passaram a integrá-lo.
A ideia de que o movimento cresceria em número e em força ao longo da marcha foi se desfazendo durante o trajeto na região nordeste. Num meio físico hostil, ilhada pelo latifúndio, não achou nas massas do interior o apoio necessário e alentador. Ao contrário, passou a ser o terror do sertanejo que via na passagem da Coluna apenas prejuízo e desgraça, pior ainda do que os inúmeros grupos de cangaceiros que assolavam o nordeste, pois a Coluna era composta por centenas de guerreiros bem treinados em batalhas e sob o comando de um mestre de guerrilha.
Acontece que além da questão política, estava a sobrevivência da tropa. Afinal, era um batalhão que estava em marcha, necessitando de víveres para seus integrantes. A solução era adquirir de uma maneira ou de outra nos lugares por onde passava, muitas vezes destruindo lavouras e abatendo gado e criações que iam encontrando ao longo do percurso.
Não é nossa pretensão discutir aqui o projeto político que originou a Coluna Prestes nem o resultado obtido pela mesma em sua longa macha. Queremos simplesmente retratar o fato histórico ocorrido aqui na região, mostrando que longe de atingir os seus objetivos, a “Coluna dos Revoltosos”, como ficou conhecida, deixou um rastro de medo e destruição.
Para a história, o fato possui 90 anos, existindo ainda pessoas nos lugares por onde passou a Coluna, lúcidas o suficiente para depor sobre o ocorrido.
Por Valdir José Nogueira de Moura
Colunista de cultura do Blog do Silva Lima
Fonte: facebook
Página: Voltaseca Volta
Grupo: Lampião,
Cangaço e Nordeste
Link: https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?fref=ts
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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