Por Sálvio Siqueira
Maria Bonita rainha do cangaço do capitão Lampião
Nos arredores
do povoado denominado Malhada da Caiçara, hoje, município de Paulo Afonso – BA
havia um casal de sertanejos, o
José Gomes de Oliveira pai de Maria Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
Sr. José Gomes de Oliveira e D. Maria Joaquina
Conceição Oliveira, residindo em sua modesta casa de ‘Taipa’ na Fazenda Santa
Brígida.
D.
Maria Joaquina Conceição Oliveira - Dona Déa Mãe de Maria Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
Viviam e convivia normalmente como qualquer família viveu nos rincões
sertanejos naqueles idos tempos. Dessa união nasceram doze filhos. Nada demais
se dentre eles não tivesse existido a 2ª filha, Maria Gomes de Oliveira.
Benedita
- irmã mais velha de Maria Gomes - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
Naquele pedaço de terra o velho Zé Gomes, criava sua família tranquilamente,
como assim faziam todos que pela ribeira moravam. Não tinham luxo algum.
Antonia irmã de Maria Bonita - - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
Sua segunda filha, Maria Gomes de Oliveira, nasceu no dia 8 de março de 1911.
Sua infância em nada foi diferente das outras meninas sertanejas.
Maria cresce rápido, não em estatura, mas, em amadurecimento, e muito nova, com 15 anos de idade, casa-se com Zé de Neném. José Miguel da Silva era um sapateiro que morava e trabalhava naquela ribeira. Era por todos conhecido pela alcunha de Zé de Neném. Desde os primeiros dias do casamento, Zé vivia às turras com Maria. O casal não teve filhos. Zé era estéril.
Amália irmã de Maria Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
A implicância do Zé, por várias vezes, resulta em brigas. Maria também implica.
Moça nova, fogosa e arredia não deixava por menos, e dizia-lhe poucas e boas. E
no, ou após, calor das discussões, Maria sempre ia refugiar-se na casa de seus
pais.
Arlindo irmão de Maria Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
Certo dia, por volta do ano de 1929, Lampião estava passando pelas terras da fazenda e resolve dar um pulinho na casa do velho pai de Maria.
Não era novidade alguma esse bando de cangaceiros, chefiado por Virgolino, passar na residência de Zé Oliveira. Para seguir ou voltar do coito ali próximo, Lampião tinha que passar de todo jeito por aquela paragem.
Ananias irmão de Maria Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
Lampião cativava sempre os pequenos proprietários de terras. Muitos deles tinham respeito e admiração por ele. Assim como as cabrochas, desabrochando para a vida amorosa, tinham fascinação pelos cangaceiros. As suas vestes, a sua ‘liberdade’, o poder que demonstravam ter, o não medo dos ‘coronéis’, pelo contrário, alguns os serviam, e muito bem, as joias, o ouro... Em fim, tudo era fascinação, principalmente para adolescentes, um sonho, uma utopia.
Olindina irmã de Maria Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
Maria, como outra mulher da região, também se sentia atraída pelo modo de vida deles.
Numa dessas visitas, a mãe de Maria Gomes, D. Déa, como era conhecida, cita para o “Capitão” a admiração que Maria, sua filha, sentia por ele. Isso chamou a atenção do lendário cangaceiro que passou a prestar mais atenção em Maria. Viu,e creio, que cupido sapecou-lhe uma de suas flechas bem no meio do coração, pois, tudo indica que o homem não tirou mais ela do quengo.
Isaías irmão de Maria Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
Maria também é atingida por uma das flechas do cupido e aja sonhar estar nos braços do Capitão. Então, Virgolino, sempre encontrava uma maneira de ir, mais frequentemente, na casa dos pais de Maria. Para ver ela... Claro.
“A atração foi recíproca. A partir daí, começou uma grande história de companheirismo e (por que não!) amor”. (Folha Sertaneja)
Maria
do Capitão com seus dois cães Ligeiro, de cor marrom, e o preto, Guarani - colorizada por Rubens Antonio - Benjamin Abraão
O pesquisador/historiador, João De Sousa Lima , diz que o diálogo entre Maria e Virgolino, foi mais ou menos assim:
“- Você sabe bordar?
- Sei.
- Vou deixar uns lenços pra você bordar e volto daqui a duas semanas pra buscar!”.
Oséas irmão de Maria Bonita - - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
Lampião, com a clara intenção de ver Maria mais vezes, encomenda para ela fazer, bordar, alguns lenços de ceda. Maria, claro, que aceita a empreitada, e sem pressa alguma, começa o trabalho. Vez por outra, o Capitão tá em sua porta, para ‘ver’ se algum lenço estava pronto.
Ora, com as visitas frequentes, desperta a curiosidade da Força Policial que por ali estava. Vão à casa de Zé de Oliveira e ameaçam, batem e fazem um escarcéu da gota.
Joana irmã de Maria Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
Maria, vendo a situação crítica para seus familiares, pais, irmãos e irmãs, resolve partir com o “Rei dos Cangaceiros”, na dura e sofrida vida dos fugitivos das caatingas.
Daquele momento em diante, ela passa a viver, sentir na pele, todo o peso da “canga” que carregavam os cangaceiros.
Até 1928, Lampião não aceitava mulheres no bando, mas, quando conheceu Maria Bonita, mudou sua opinião e permitiu outras mulheres fazerem parte da horda, além da sua companheira.
José Gomes irmão de Maria Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
Alguns pesquisadores citam que Maria do Capitão, ou Maria de Lampião, ou seu antigo apelido Maria de Déa, conviveu durante oito anos com Lampião. Teve uma filha, Expedita, e três abortos.
Aos 28 dias do mês de Santana do ano de 1938, na grota do riacho Angico, na fazenda Forquilha, município de Poço Redondo, SE, são assassinados Lampião, Maria e mais nove companheiros, sendo também morto o soldado Adrião.
Francisca irmã de Maria Bonita - Acervo: Fotos Gilmar Teixeira
A morte da “Rainha do Cangaço”, Maria do Capitão, foi uma das mais cruéis que ali aconteceu. Segundo depoimento dos médicos que fizeram a autópsia do casal, Maria Bonita, denominação que a imprensa carioca lhe dera, foi degolada viva. Vindo a ser confirmada pelo soldado volante que cortou seu pescoço. Disse o volante que ao pegar em seus cabelos, pois estava ferida e caída no chão, Maria implora, pede pela vida, mas, ele não concede que ela viva, começa então a lhe cortar o pescoço a golpes de facão. Ato que, ao iniciar-se, Maria ainda estava viva...
Sobre as pedras do leito seco do riacho Angico, nas quebradas do
sertão.
Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
Grupo: OFÍCIO DAS ESPINGARDAS
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