Em 28 de Julho
de 1938, morreu Lampião, este lendário personagem histórico, fonte de estudos
dos mais diversos, cantado em verso e prosa e ainda hoje dividindo opiniões
mais extremas que ora o coloca como herói e outras como bandido. Jeremoabo está
intrinsecamente ligado a este movimento, sendo fonte fornecedora de muitos
cangaceiros e de muitos soldados da volante, mas, principalmente, porque aqui
nasceu Maria Bonita. Exatamente em nosso município, na localidade Malhada de
Caiçara, no município de Santa Brígida, em 1911, nesta época pertencente ao
município de Jeremoabo.
A saga do
cangaço perdurou entre os anos 1920 e 1930 quando nosso município era o centro
mais importante de toda esta região Nordeste da Bahia e, por isso, aqui se
concentravam as volantes, contingente de cidadãos recrutados para o combate ao
cangaço, dando um dinamismo socioeconômico importante a Jeremoabo, embora, por
outro lado, atraísse a violência e o medo para nossa população, marcados com a
atuação cruel dos perseguidores e perseguidos.
Segundo o
pesquisador Antonio Amaury Correa de Araújo, as cidades mais importantes para o
Cangaço foram Vila Bela, atual Serra Talhada (PE), Jeremoabo (BA), Uauá (BA),
Floresta (PE), Piranhas (AL), Delmiro Gouveia (AL), Poço Redondo (SE), Porto da
Folha (SE) e Glória (BA). “Foram locais onde funcionaram as sedes das volantes
ou de passagens de Lampião”, afirmou Corrêa.
Zé Rufino
Neste
contexto, temos que destacar a figura de Zé Rufino, o implacável caçador de
cangaceiros, que aqui residiu, fez família e se tornou, por opção, cidadão
jeremoabense.
Corisco
O matador de Corisco, página mais lida de sua história, começa a
ter sua biografia destacada. Nascido José Osório de Farias, sanfoneiro afamado
em seu estado natal, Pernambuco, Zé Rufino foi convidado por Lampião para
integrar o bando, que sonhava com sua sanfona alegrando o bando, recusando, e
entrando na volante para fugir da vingança do rei do cangaço, que não aceitava
uma negativa. Meses depois José Osório engajou-se à polícia chegando a receber
graduação de tenente, e a partir daí surgiu o Tenente Zé Rufino. Chegou
rapidamente a oficial, alcançando a posição de coronel da Policia Militar da
Bahia. Participando de inúmeros combates, Zé Rufino matou muitos cangaceiros,
tendo se tornado um dos mais respeitados chefes militares na perseguição ao
cangaço, tendo dado fim aos cangaceiros Pai Véi, Mariano, Barra Nova, Zepellin,
Canjica, Zabelê, etc., mas Corisco, sem dúvida, foi o que mais lhe deu fama.
Mas o fato que
terminou pegando Lampião de surpresa, numa emboscada que ocasionou sua morte,
tem também algo a ver com Zé Rufino. Cansado de ver o estrago que o comandante
fazia no cangaço, Lampião manda uma mensagem a Corisco que dizia: “Vamos dar
uma lição em Zé Rufino, que está querendo passar de pato a ganso.” E acertaram
um encontro exatamente na Grota do Angico para acertar uma emboscada contra o
então tenente José Osório de Farias, conhecido como Zé Rufino. Para Lampião, o
tenente andava ‘atrapalhando’ e era hora de tomar providências. Surpreendido
pela volante, não houve tempo para colocar em prática a emboscada contra Zé
Rufino.
Passados os
anos turbulentos das perseguições aos cangaceiros, Zé Rufino comprou fazendas
na região de Jeremoabo, e aqui viveu até seu derradeiro suspiro. Lembro-me,
pequeno, de vê-lo, tranquila e calmamente, andando pelas ruas de nossa cidade,
ou sentado nas barbearias contando um pouco de suas aventuras. Sua vida e
história foi tema da Conferência de Abertura do Cariri Cangaço 2010, realizado
dia 17 de agosto de 2010 na cidade de Barbalha-CE, com o pesquisador Antônio
Amaury Correia de Araujo.
Pedro Son
Fonte: www.jeremoaboagora.com.br; www.favascontadas.com.br
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2016/03/jeremoabocangaceiro-e-ze-rufino.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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