Por Raul Meneleu Mascarenhas
Reportagem da
Revista de História com João de Sousa Lima que lançou seu livro sobre Maria
Bonita e critica o descaso com a preservação da memória deste episódio
histórico.
As fotos
postas aqui não estão no original do artigo e homenageio a filha do casal de
cangaceiros Moreno e Durvinha minha amiga Neli Conceição (Lili) filha do casal
Andarilho do
sertão, João de Sousa Lima já colheu inúmeras histórias sobre o cangaço em seus
15 anos de pesquisa (hoje 21 anos) sobre o tema. Focando nos depoimentos orais,
o historiador entrevistou moradores da região que conviveram de perto com
personagens míticos do banditismo nordestino, como Lampião e Maria Bonita, tema
de seu último livro.
Recém-lançada, a obra ‘Maria Bonita - Diferentes contextos que envolvem a vida
da Rainha do Cangaço’ reúnem textos de João de Sousa e outros autores, que
trazem fatos inéditos e análises sociológicas e linguísticas sobre o cangaço.
Um dos objetivos é desfazer alguns dos equívocos que cercam a imagem de
Virgulino Ferreira e sua esposa, como a história sobre um campo de futebol que
teria sido construído por Lampião no Raso da Catarina (BA). “Foi um historiador
que encontrou um campo de pouso feito pelo Petrobras nos anos 60 para
exploração de petróleo e disse que Lampião jogava bola lá sem nenhum
fundamento”, explica.
Apesar de Maria Bonita atrair os holofotes, João de Sousa também pesquisa sobre outras rosas do cangaço. Não foram poucas as mulheres que se entregaram à vida nômade no sertão e mostraram que nem só de bala, sangue e poeira foi feita esta história. É o caso de Durvinha, esposa de Virgínio, um dos mais belos cangaceiros.
Apesar de Maria Bonita atrair os holofotes, João de Sousa também pesquisa sobre outras rosas do cangaço. Não foram poucas as mulheres que se entregaram à vida nômade no sertão e mostraram que nem só de bala, sangue e poeira foi feita esta história. É o caso de Durvinha, esposa de Virgínio, um dos mais belos cangaceiros.
“Depois que
ele faleceu, ninguém sabia mais o que ela tinha feito. Saí em busca e a
encontrei vivendo com Moreno em Minas Gerais. Ele era um companheiro leal de
Virgínio e assumiu o bando de cangaceiros e a esposa do chefe após sua morte.
Durvinha morreu apaixonada por Virgínio e Moreno não achava ruim, pois também o
admirava”, relata João de Sousa.
Se Virgínio
destacava-se por sua beleza entre os homens, o posto de Miss Cangaço poderia ir
para Lídia Pereira de Souza, descrita como a mais bonita dentre as mulheres do
sertão naquela época. Ao conhecer um irmão de Lídia, ainda vivo, João de Sousa
chegou perto de revelar ao mundo o rosto da mais bela cangaceira. “Ele me deu
um baú que poderia ter fotos dela, mas estava tudo carcomido por cupins.
Chegamos tardes demais”, lamenta o historiador, que irá transferir todo acervo
de sua pesquisa sobre o assunto para o Museu Regional do Sertão, a ser
inaugurado por volta de 2012 na cidade de Paulo Afonso (BA).
Enquanto o
Museu não sai, o historiador filma um curta-metragem acerca do assunto e
organiza este ano o II Seminário Internacional sobre Maria Bonita, uma espécie
de preparativo para a terceira edição, que ocorre em 2011, centenário do
nascimento de Maria Bonita. Porém, sem um grande reconhecimento público da
importância de preservar a história do cangaço, esta conservação é feita
através de iniciativas isoladas e limitadas, como se vê no caso da fotografia
de Lídia Pereira. “Se tivessem mais pessoas envolvidas nisto, a história do
Brasil ganharia muito mais”, aposta João de Sousa.
Adriano
Belisário - 5/2/2010
http://meneleu.blogspot.com.br/2016/04/rosas-do-cangaco.html
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