Professora Dai Dantas
Receber o meu
salário, aquilo que garante meu alimento, moradia e manutenção da minha vida e
que recebo após um custoso mês de esforços físicos e mentais, virou um jogo de
batalha naval. Lembram como é? A gente tenta, às cegas, acertar em que latitude
e longitude estão posicionados os submarinos, navios e etc. Se erramos, tomamos
uma bala de canhão e corremos o risco de afundar, metaforicamente.
A cada mês, tento adivinhar em que data devo posicionar os vencimentos de
minhas contas. A cada mês, tenho errado, pois as longitudes do governo do
estado se tornam cada vez mais longínquas. A cada mês, afundo em juros. A cada
mês, recebo menos dinheiro, porque a conta do atraso sem reposição é uma conta
que não fecha nos bolsos de uma trabalhadora. A cada mês, amargo o meu
pagamento fracionado e reduzido e ainda sou exposta à ridicularização por um
calendário sectário, que além de me excluir ainda coloca a minha faixa salarial
com um status subliminar de onerosa. Sou daquela faixa salarial que não tem
data prevista para ser paga.
A cada mês, ansiedade, humilhação e aperto, já que
o governo decidiu que o meu emprego é um hobby pelo qual devo prescindir de
pagamento, embora eu me dedique arduamente a cumprir as tarefas da minha carga
horárias de 40h e seja devidamente qualificada a desempenhar a função para a
qual fui contratada. A cada mês é um tiro. Gostaria de saber se apenas eu estou
com dificuldades em estancar tanto sangue!
Dai Dantas
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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