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domingo, 30 de setembro de 2018

MEMÓRIAS E HISTÓRIAS DE SÃO JOSÉ DE BELMONTE...

Por Valdir José Nogueira

A IMPERIAL ORDEM DE CRISTO E O CORONEL JOSÉ SEBASTIÃO PEREIRA DA SILVA, 1° PREFEITO DE SÃO JOSÉ DO BELMONTE
Recebi hoje pelo correio um grande presente de dona Maria Olímpia de Menezes, ou seja, um importantíssimo documento original de grande importância para a História de São José do Belmonte, trata-se da Comenda Imperial da Ordem de Cristo, assinada e concedida pela Princesa Imperial Regente Dona Isabel de Bragança ao coronel José Sebastião Pereira da Silva (Cazuzinha da Cachoeira, irmão do Juiz da Comarca de Vila Bela o Dr. Arcôncio Pereira da Silva) 1º Prefeito do Município de São José do Belmonte.
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A ORDEM DE CRISTO, na verdade, embora adotada pelo Império brasileiro no século XIX era muito mais antiga do que o próprio Brasil, e praticamente contemporânea do surgimento de Portugal como nação independente. Isto porque ela se iniciara como uma organização medieval européia – a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão – criada no início do século XIII pelos cavaleiros cruzados que então haviam recentemente tomado a cidade de Jerusalém aos muçulmanos. Seu intuito, com isso, era proteger os peregrinos cristãos em viagem à Terra Santa. E como sua sede primitiva ficava no local de Jerusalém onde havia as ruínas do antigo Templo de Salomão, os cavaleiros dessa ordem receberam o nome de Templários.
Algum tempo depois de seu surgimento, os templários, no entanto, seriam perseguidos por Felipe IV, o Belo, Rei da França, que, valendo-se do poder que então exercia sobre o Papa, obrigou este último a abolir a ordem, confiscando os seus bens. No entanto, em Portugal, os templários foram protegidos pelo então monarca lusitano, Dom Dinis, o qual conseguiu, junto à Santa Sé, reviver essa instituição religiosa e militar, e que em Portugal, “ressuscitaria” com o nome de ORDEM DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
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O símbolo da nova ordem portuguesa, ligeiramente modificado em relação ao dos templários, era uma cruz vermelha e branca. E esta, algum tempo depois, começaria a aparecer com bastante recorrência nos navios das expedições empreendidas por esses cavaleiros para descobrir terras de além-mar para Portugal. Aliás, a Cruz de Cristo chegou ao Brasil no próprio dia do descobrimento português de nosso país, visto que então se encontrava representada nas velas dos navios da esquadra de Pedro Álvares Cabral, que aportaram na Bahia no ano de 1500. E, também foi devido a isso que os portugueses, naquela mesma ocasião, batizaram a terra por eles recém-descoberta com o nome de “Ilha de Vera Cruz”, e pouco depois, “Terra de Santa Cruz”, com que o primitivo Brasil seria inicialmente conhecido.
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Ao longo de todo o Império brasileiro, a ORDEM DE CRISTO foi usada para compensar os cidadãos, militares ou civis, que tivessem prestado relevantes serviços ao Brasil. E, no caso belmontense, em meados do século XIX tem-se notícia que ela fora conferida pelo menos a um personagem de destaque em nossa história, pertencente ao Partido Conservador: Delegado de Vila Bela, Primeiro Presidente Intendente de nossa Câmara Municipal e Primeiro Prefeito Municipal de Belmonte o coronel José Sebastião Pereira da Silva (Cazuzinha da Cachoeira), grande fazendeiro e líder político local.
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Coronel JOSÉ SEBASTIÃO PEREIRA DA SILVA, 1º Prefeito do Município de São José do Belmonte, no período monárquico, foi agraciado, em 24 de janeiro de 1872, com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo, honraria concedida pela Princesa Isabel, a Redentora, quando esta governava o Império do Brasil como Princesa Regente, na ausência de seu pai, o Imperador Dom Pedro II.
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Soldado Heleno Tavares de Freitas
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Assassinado barbaramente durante o assalto a cidade de Belmonte no dia 20 de outubro de 1922 pelo bando de Lampião. O soldado Heleno aos 22 anos de idade caiu em poder dos bandidos quando acudia a chamada para a defesa da cidade. Foi sepultado no cemitério local. O soldado Heleno Tavares de Freitas era natural do Estado de Alagoas, filho de João Tavares de Freitas e Joana Maria da Conceição. Soldado do destacamento de Polícia da cidade de Belmonte, cujo comandante na época era o sargento José Alencar de Carvalho Pires (Sinhozinho Alencar), aos 20 anos de idade casou com Enedina Maria da Conceição, natural do município de Salgueiro, filha de Rufino Benedito da Silva e Jesuina Maria Ribeiro. O matrimônio do soldado Heleno foi realizado na Matriz de São José de Belmonte no dia 27 de julho de 1920 pelo padre José Kherle, e teve como testemunhas José Bezerra Leite e Luiz Mariano da Cruz, ambos também soldados da Polícia Militar de Pernambuco. 
Viúva do soldado Heleno, casou Enedina Maria da Conceição em 1925 com Severino Luiz dos Santos, filho do senhor Francisco José dos Santos e Idalina Maria da Conceição. Para homenagear o ato heróico deste bravo soldado, a cidade de Belmonte possui em uma de suas principais artérias o seu nome: “RUA SOLDADO HELENO.”
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O casal FRANCISCO PIRES DE CARVALHO e ELVIRA DA ASSUNÇÃO PIRES residia na Fazenda Várzea em São José do Belmonte. Do Partido Liberal e Coronel da Guarda Nacional, Francisco Pires de Carvalho era sobrinho do major José Pires Ribeiro (Fundador de Belmonte), sendo filho de Manoel de Carvalho Alves e Ana Joaquina do Amor Divino. Elvira da Assunção Barros sua esposa, era filha de Manoel Pires de Carvalho Belfort e Maria Teodora da Assunção Luz. Homem austero, respeitável e íntegro, o coronel Chico Pires, como era conhecido, nos primórdios da Vila de Belmonte como município, no ano de 1891 exerceu o cargo de Intendente Municipal e com prudência, comandou a política dos Carvalhos contra os Pereiras sendo o primeiro líder da família Carvalho no município. O coronel Francisco Pires de Carvalho faleceu na Várzea no dia 23 de setembro de 1893. Conta-se que sem conseguir ter filhos, o casal Francisco Pires e dona Elvira resolveu adotar uma linda menina a qual na pia batismal recebeu o nome de Gertrudes, nome muito comum na família Carvalho. Essa menina, cujo apelido carinhoso era Tutude, cresceu e se tornou uma bela moça. Seu pai, pensando no futuro da filha, tratou logo em lhe arranjar um bom casamento. O “bom partido” arranjado tratava-se do compadre Borboleta, um senhor que apesar de bastante maduro, era viúvo, possuía muitas cabeças de gado e muitas léguas de terra, só que a sua pretendente não nutria simpatia nenhuma por aquele homem. Todavia, em silêncio e às escondidas, Tutude trocava juras de amor com um afamado vaqueiro da fazenda Oiticica, cujo nome era Manoel Antônio Ferreira da Silva conhecido como Manoel Baía. No dia em que foi marcada a data para o enlace matrimonial, Tutude levantou o rabo de uma gata e mostrou para o seu futuro noivo, demonstrando assim a sua indignação e reprovação com o seu noivado. Ao saber da atitude dos pais de Tutude em noivá-la com um senhor que a mesma não gostava e não tinha a menor simpatia, Manoel Baía, o vaqueiro, mandou um recado para a mesma que iria raptá-la. Então, numa noite de verão, ao cantar dos galos, Tutude fugiu com seu verdadeiro amor e logo a notícia se espalhou com rapidez por toda a ribeira. Inconformados com a atitude da filha, seus pais resolveram por fim deserdá-la.o

Tutude, cujo nome é Gertrudes Maria da Conceição, faleceu a 22/01/1953 aos 92 anos de idade, viúva de Manoel Antônio Ferreira da Silva (Manoel Baía), deixou 4 filhos: Antônio Ferreira da Silva (Antônio Baia). É deste senhor que descende os Baía da fazenda Mariola em Belmonte. Maria Francisca de Jesus, Manoel Ferreira da Silva (Né Baía, também foi vaqueiro na Oiticica) e Pedro Baía dos Santos.
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Valdir José Nogueira, pesquisador e escritor
Presidente da Comissão Local

Cariri Cangaço São José de Belmonte 2018

Tudo isso e muito mais em:

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