O cangaceiro Baliza
Natural de São
Serafim, hoje Calumbi(PE), Antônio Mathildes, embora parente de cangaceiros,
mantinha-se nas cercanias do Riacho São Domingos, próximo a Nazaré-PE, como
homem trabalhador, chegou ser inspetor de quarteirão no Poço do Negro e
considerado pelos irmãos Ferreira como contraparente, algo como “tio postiço” -
afinidade muito comum no Sertão.
Mathildes
ficou famoso como inspetor, tendo suas proezas como inspetor cantada em verso
por violeiros do Pajeú, também era conhecido pela alcunha de “Bigode de Arame”.
Embora assinasse como Antônio José Ferreira, ficou conhecido como Antônio
Mathildes, e que, apesar do sobrenome Ferreira, nada tinha de parentesco com os
irmãos Ferreira. Trabalhador e homem das armas ao mesmo tempo.
Mathildes,
enquanto inspetor de quarteirão, contrariou interesses de coiteiros, e de gente
poderosa da região, como os Nogueira e Zé Saturnino. É atribuída a Saturnino,
“falsa” denúncia de que dava cobertura a cangaceiros seus parentes. O resultado
é que a polícia, tendo à frente o cabo de Polícia conhecido como Antônio
Maquinista, foi até sua casa e o espancou na frente da esposa e filhos. Acabou
preso e, logo depois, posto em liberdade.
O que fez em
seguida Mathildes? Muda-se para Alagoas, e se submete à proteção do coronel
Ulysses Luna, o mesmo que já abrigara a família Ferreira também fugitiva do
Pajeú. Vai morar próximo aos Ferreira, no pouso do Olho d’Água de Fora, onde
troca “afinidades e ideias” com seus contraparentes Antônio, Levino e
Virgulino, visando retaliação aos seus desafetos no Pajeú: os Nogueira e Zé
Saturnino.
Lampião em Juazeiro do Norte ( arquivo Museu e remasterizada por Rubens Antônio.
Em agosto de
1920, formou-se um grupo de 19 cangaceiros, à frente os irmãos Ferreira,
integrado por Baliza e Gato, todos do bando de Sinhô Pereira; Pirulito, Caneta
e Carrossel e Higino, parente de Mathildes, com este à frente. A meta: atingir
o bolso do inimigo, matando gado e incendiando fazendas, Venâncio Nogueira (Seria
o mesmo Venâncio Barbosa Nogueira que tivera um caso com Maria Sulema da
Purificação, quando era jovem?) e Zé Saturnino.
Segue-se,
então, o tiroteio na Lagoa da Laje, onde o famoso chefe de bandoleiros
Cassimiro Honório, contratado pelos Nogueira, dá combate a três pelotões de
cangaceiros sob o comando de Matilde, mas tendo à frente dos combates,
Virgulino, Baliza e Gato (não se trata do cangaceiro Gato, índio Pancararé, do
Raso da Catarina). Neste combate, tem Virgulino 22 anos, já na condição de
comando de pequeno grupo, e também usando o apelido Lampião.
Sítio Passagem das Pedras, estátua, arte de Zaldo Mendes na casa de
dona Jacoza (avó de Lampião).
Pouco depois,
uma carta procedente do Pajeú, de Zé Saturnino (sempre ele) para o coronel
Ulisses, revelando que, além do trabalho de almocreve, os irmãos Ferreira e
Antônio Mathildes, atuavam como cangaceiros provisórios. Tidos em Alagoas,
apenas como agricultores e almocreves, Mathildes e os irmãos Ferreira perdem o
apoio e a cobertura de Ulisses.
Em 1922, a
polícia alagoana, sob o comando do tenente José Lucena ( o mesmo que matou José
Ferreira, pai de Lampião), aumenta a pressão ao banditismo rural. Após muitos
assaltos e saques, incluindo o rentável assalto à baronesa de Água Branca,
Mathildes convoca uma reunião do bando na região do Moxotó pernambucano e
comunica aos sobrinhos por afinidade (Antônio, Virgulino e Levino) sua decisão
de abandonar o cangaço. E ainda faz uma recomendação: que os irmãos Ferreira
façam o mesmo.
Não tenho certeza, mas acredito que você encontrará este livro com o professora Pereira - E-mail: franpelima@bol.com.br
- “Se espalhem
e finjam de mortos até a poeira baixar, ou arribem, como eu vou fazer”, disse
Mathildes a Lampião.
- Meu tio, o
plano está bom para o senhor e os outros. Eu, que já estou vivendo debaixo do
chapéu, não quero conselho nem dou. Este rifle, só deixo se eu morrer. E o
estado de Alagoas, a Deus querer, eu queimo!”, teria respondido Lampião,
segundo relato do cangaceiro Medalha, ao escritor Frederico Pernambucano de
Mello.
Não tenho certeza, mas acredito que você encontrará este livro com o professora Pereira - Email:
franpelima@bol.com.br
Terminada a
tal reunião, Antônio Mathildes mudou de nome, cruzou o Pajeú e a divisa de
Pernambuco, ingressou com a família na região de Monteiro e terminou sua
jornada em Catolé do Rocha, Paraíba, em redutos dos Rosado Maia, mergulhado no
anonimato, onde viveu incógnito, até morrer.
João Costa www.blogdojoaocosta.com.br
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