Clerisvaldo B. Chagas, 16 de setembro de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.768
Não amigo (a),
você não estar vendo nenhum título estranho nesse trabalho. É mesmo o som
emitido pelo peru nos terreiros das nossas fazendas sertanejas e nordestinas.
Embora vá ficando cada vez mais raro, aqui, acolá, encontramos terreiro rural
como antigamente, repleto de galinhas, galo, peru, patos, gansos, capãos,
pintos, frangos e pavão. A raridade acontece por conta da mudança de hábitos
com o tempo. Ninguém quer mais ter trabalho com o criatório, mas comprar tudo
pronto no comércio fornecido pela indústria. Milho desolhado, xerém, castanha,
ovo de granja, café em pó e assim por diante. Corríamos atrás dos perus somente
para vê-los fazer glu-glu-glu ou quedávamos na admiração da sua roda exibidora
de penas e marcha miúda.
O peru é
descendente do peru selvagem da américa do Norte, gênero Meleagris gallopavo,
pode viver na fazenda até dez anos e pesar em torno de 12 quilos. Encontramos o
peru preto e o marrom nos terreiros e vamos descobrir o branco nas granjas
especializadas. O peru é encrenqueiro, arenga sempre com o galo e com o pavão e
tal os gansos, costuma alarmar com a presença de estranhos. Era sempre
reservado para a alimentação das grandes festas das fazendas: batizado,
casamento e noivado e como reserva para a grande festa de Natal. Apesar de
tudo, nem todas as pessoas apreciam a carne de peru e nem os ovos da perua que
não é como a galinha que põe todos os dias. Carne e ovos
deliciosos! Naturalmente estamos falando dos produtos da fazenda e
não da industrialização.
O peru já foi
bastante valorizado, tanto pelo sabor quase exótico quanto pelo volume de carne
encontrado na sua carcaça. Vendidos nos povoados e vilas o “peru sevado” eram
servidos aos padres que antes andavam pelos sítios rurais casando, batizando,
pregando, principalmente em vilas, fazendas e povoados. Sentar ao lado do
padre, além de muito prestígio, ainda era a sorte grande para comer peru, capão
e galinha gorda especialmente enchiqueiradas.
A beleza da
ave depende dos olhos de quem a vê, pode ser bela ou feia, mas não se pode
comparar com o pavão, embora seja bem caprichoso no eriçar das penas. Mas se o
amigo (a) não gosta da ave encrenqueira, a casa aceita.
Por hoje,
chega de tanto glu-glu-glu.
PERU MARROM
(FOTO: WIKIPÉDIA).
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