THEOPHANES FERRAZ TORRES
Nasceu na cidade de Floresta - PE, aos 27 de dezembro de 1894, filho, primogênito, de Fernandina Ferraz e Antônio Miguel Torres. Naquela oportunidade, o Brasil atravessava e adaptava-se a uma grande mudança política ocorrida aos 15 de novembro de 1889 - a Proclamação da República.
Governava o município o tenente-coronel Fausto Serafim de Souza Ferraz, bisneto do capitão Dâmaso de Souza Ferraz. Fausto era neto de Antônio de Souza Ferraz que, por sua vez, era irmão do trisavô de Theophanes, o alferes Bonifácio de Souza Ferraz. Naquela época a Vila de Floresta ainda não tinha os tamarindos. A iluminação era a candeia; nos lares, as lamparinas a querosene ou os candeeiros que funileiros faziam artesanalmente com latas vazias. Água, buscava-se no Pajeú, em potes ou latas, nas cabeças das carregadeiras.
O povo, muito religioso, freqüentava as duas igrejas existentes - a igrejinha do Rosário e a nova matriz, inaugurada em 1897. Tudo guardava ares de uma grande fazenda na cidade.
Abrilhantando as festividades da passagem do século, ainda criança, assistiu, maravilhado, a execução de belas canções de uma das primeiras Bandas de Músicas do Sertão, organizada e dirigida pelo maestro Nepomuceno de Barros, mais conhecido por João Paulino, que havia sido o fundador, em 3 de julho de 1898, da Sociedade Musical 3 de Julho. Aquela banda sempre daria incontestável brilho a vida de sua ordeira terra.
Cresceu no meio dos muitos primos e leais amigos. Brincou, entre outras coisas, de vaqueiro, de polícia e ladrão e nadou, muito, no velho Pajeú, mais especificamente, no Poço da Pedra. Aprendeu a ler e escrever com o grande e exigente professor Francisco Cesar de Lima, mais conhecido como Chico Cesar. Tempos difíceis para sua formação familiar, religiosa e moral, porém, de muita importância para alicerçar e solidificar o cidadão que veio a ser.
Desde muito cedo, segundo parentes e amigos, Theophanes tinha intuições, como se aquilo fosse uma missão estabelecida para ele, uma delas é que entraria na polícia e prenderia o cangaceiro Antônio Silvino, que, por sinal, vinha a ser o ídolo de alguns moleques da sua turma.
No dia 20 de junho de 1907, através da Lei nº 867, a Vila cobria-se de enfeites e realizava grandes festividades, pois comemorava a sua elevação à categoria de cidade. Floresta podia ver crescer, tranqüila, os seus tão famosos tamarindos, plantados em 1905, que muito em breve aliviariam o calor da cidade e dariam a ela, mais tarde, o apelido de "Terra dos Tamarindos".
Tinha no seu querido e inesquecível avô, o tenente José Arlindo Gomes Barbosa, que era alfaiate, o seu maior e leal protetor.
No dia 29 de novembro de 1911, estava a cidade, mais uma vez, em festa. O jovem Theophanes participou do cortejo de mais de 300 cavaleiros que acompanharam a comitiva que havia se deslocado até a cidade de Pesqueira - PE, em 16 de novembro, sob a responsabilidade de Antônio Serafim de Souza Ferraz, Antônio Ferraz de Souza (subprefeito) e João Barbosa de Sá Gominho, experimentados boiadeiros e afeitos a grandes travessias, a fim de conduzir até sua cidade, o primeiro Bispo Diocesano de Floresta, D. Augusto Álvaro da Silva. No mês seguinte, ainda no verdor dos seus 17 anos incompletos, com o coração pesaroso e sem conseguir vislumbrar qualquer possibilidade de realizar os seus maiores sonhos, deu um até logo à Floresta e veio para a cidade grande, a cosmopolita Recife, capital do seu Estado.
Apresentou-se, voluntariamente, ao então Regimento Policial do Estado de Pernambuco, aos 15 de janeiro de 1912, com 17 anos completos, a fim de servir ao seu Estado, na forma da Lei em vigor. Por ocasião de sua apresentação no Corpo da Guarda, sucedeu um fato muito importante para ele, foi recebido pelo então sargento Elísio Virgulino de Souza, que tornar-se-ia, daquela data em diante, um dos mais leais amigo e seu dileto compadre. Devido ao interesse e espartana dedicação ao serviço militar foi logo notado pelos seus superiores e, no primeiro ano de incorporado, obteve várias promoções - anspeçada, cabo de esquadra, furriel, primeiro sargento, sargento ajudante e alferes. Deslumbrava-se com o progresso da Capital e assistia assustado, a partir daquela época, a tremenda mudança urbanística do Recife, que não respeitava, nem mesmo, os templos religiosos e os monumentos mais significativos da sua história.
Em fevereiro de 1913 seguiu em diligência para o interior de Pernambuco, onde teve o seu batismo de fogo contra os cangaceiros. Voltou a Capital em março e, em maio seguiu, de novo para Vila Bela onde seria nomeado delegado de polícia, pela primeira vez, aos 18 anos de idade.
Em agosto de 1914, Theophanes e seus companheiros foram informados que havia estourado, no Velho Continente, uma grande guerra, a primeira entre várias nações, que muito transformaria o panorama mundial. No segundo trimestre daquele mesmo ano, com 19 anos, foi nomeado, novamente, delegado de polícia de Vila Bela, onde teve a oportunidade de impor a lei e promoveu a prisão de alguns bandoleiros que já possuíam uma certa fama. Em setembro daquele mesmo ano, quando da sua nomeação como delegado de Taquaritinga, estava para acontecer a realização de um dos seus sonhos - a captura do mais famoso cangaceiro daquela época, o temível Antônio Silvino, também conhecido como "Rifle de Ouro" ou "Governador do Sertão". Com aquela formidável prisão, conseguiu por fim a uma carreira de mais de 15 anos de terror no Sertão. Por conta daquele ato de bravura foi promovido ao posto de tenente e nomeado delegado de Limoeiro.
Em maio de 1915, teve que seguir em diligência para Vila Bela, comandado pelo capitão João Nunes, com a finalidade de impor a ordem pública. Na oportunidade, combateram os cangaceiros liderados por Né Pereira e seus capangas. Em julho daquele mesmo ano, foi homenageado em Floresta e teve o prazer de melhor conhecer aquela que viria a ser a sua futura esposa, a Srta. Amélia Leite Leal. Foi paixão fulminante, e, em 25 de novembro, casaram-se em Floresta. A festa só não foi melhor porque Theophanes encontrava-se de luto, por falecimento da sua querida e inesquecível mãe Fernandina Ferraz, aos 18 de outubro daquele mesmo ano.
Em fevereiro de 1916, foi nomeado delegado de Polícia, assumindo a delegacia de Salgueiro e o comando da 6ª Região Policial. Em abril, assumiu como delegado de São José do Egito. Com o crescimento da violência em nossos Sertões, promoveu um desarmamento geral nas cidades em que era nomeado delegado. Nada escapava ao seu rigoroso controle. Em maio, foi aceito como sócio pela Sociedade "3 de julho" que, apesar de estar completando 18 anos de fundação, atravessava uma grave crise e encontrava-se na iminência de fechar as suas portas. Em setembro, escoltou até a cidade de Olinda o cangaceiro Antônio Silvino, que participaria, como réu, do que foi chamado "o júri do século". Em outubro foi nomeado delegado de Bom Conselho de Papacaça.
Em janeiro de 1917, devido a morte do deputado estadual Júlio Brasileiro, no Recife, foi incumbido de garantir a ordem na cidade de Garanhuns, ao chegar naquela cidade encontrou terrível carnificina na cadeia pública, episódio que passou para a história como a hecatombe de Garanhuns. Tratou de impor a ordem com muito sacrifício, pois o seu contigente era pequeno e a cidade estava tomada por cangaceiros. Graças ao bom Deus realizou com sucesso aquela duríssima missão e, por conta deste seu trabalho, foi promovido ao posto de capitão e nomeado comandante do Esquadrão de Cavalaria. Durante aquele ano realizou serviços de grande importância naquela Arma e participou, pessoalmente, da compra de cavalos, fardamentos e de diversas comemorações, entre elas, a abertura dos trabalhos do Congresso Estadual e a que festejou o 1º Centenário da Revolução de 1817. Com a sua enérgica ação, conseguiu, em março, proteger a vida do ex-governador de Pernambuco, o General Dantas Barreto e da sua comitiva, por ocasião dos tumultos ocorridos nas imediações do Teatro do Parque, no Recife. Em junho, cangaceiros liderados por Sinhô Pereira e Luiz Padre atacaram propriedades em Vila Bela e teve que deixar, temporariamente, o comando da Cavalaria a fim de seguir como delegado daquele município e, mais uma vez, impor a Lei. Além da delegacia, assumiu o comando das 2ª e 3ª Regiões Policiais. Voltou para o Recife em outubro e assumiu as funções de comandante da Cavalaria. No início do mês de novembro, talvez motivado pela declaração de guerra contra a Alemanha, alguns maus brasileiros acharam que poderiam derrotar aquele país, destruindo suas propriedades no Recife. Theophanes, com a sua bem treinada Cavalaria, teve que agir com muita energia para colocar ordem e fazer respeitar a nossa Constituição Federal.
Em janeiro de 1918, junto com outros comandantes da Força, regulamentaram a formalização do Cassino da Força, que, mais tarde, possibilitaria o desenvolvimento de atividades recreativas da oficialidade e de seus familiares. Durante o governo do eminente Dr. Manoel Borba, foram realizados intensos investimentos no aparelhamento e na modernização da nossa Força Pública. Em maio, iniciou o patrulhamento noturno nos subúrbios do Recife e, em julho, foram brindados com um novo e moderno Quartel de Cavalaria, na Avenida João de Barros. Em agosto teve que deixar, mais uma vez, o comando da Cavalaria e seguiu, com toda a urgência, para Vila bela a fim de assumir as 7ª, 8ª, 9ª e 10ª Regiões Policiais. Além do comando das mencionadas Regiões foi nomeado delegado de polícia daquele município.
Em janeiro de 1919, após os sucessos dos combates contra os cangaceiros, foi nomeado comandante da 2ª Companhia do 1º Batalhão e, no mês seguinte foi transferido para o comando da 3ª Companhia do mesmo Batalhão, ainda em fevereiro, motivado por problemas políticos na Capital, teve que comandar numerosa força de Cavalaria para impor a ordem na cidade. O cangaço tomava grande impulso naquela época e não dava trégua ao Governo, forçando-o a dar um maior combate aos fora da lei que apavoravam em Vila Bela (Sinhô Pereira), Cabrobó (Mororós); Paraíba (Cícero Costa); e Alagoas (Porcinos, tendo como cabras os irmãos Ferreira). Em trabalho conjunto com Forças cearenses e paraibanas, adotaram medidas mais enérgicas para combater o banditismo. No final daquele ano, após longos meses de intenso trabalho e graças a ação efetiva e conjunta, conseguimos cumprir a nossa missão, limpando a área da ação dos bandoleiros. O governador Manoel Borba, notando o crescimento assustador da bandidagem, sentindo a necessidade de manter tropas regulares mais próximas do teatro de operações e motivado pelas dificuldades de promover deslocamentos de tropas da capital para o Sertão, transferiu o 3º Batalhão para a cidade de Triunfo. A partir daí, a resposta seria mais rápida e mais eficaz. Em dezembro daquele mesmo ano, foi enviado para a cidade de Palmares, com o objetivo de evitar que acontecesse o que havia ocorrido em Garanhuns no ano de 1917. O ex-prefeito daquela cidade, Dr. Fausto Figueiredo, havia sido morto no Recife e o corpo seguiu com Theophanes para Palmares.
Em 1920, viveríamos dias agitados por movimentos paredistas, crise econômica e aumento do banditismo nos nossos Sertões. Conspirava-se contra tudo. Em novembro teve que seguir em diligência para o Sertão, com ponto de apoio na sua cidade natal, a fim de combater cangaceiros que aterrorizavam a Serra do Umã. Pela primeira vez um contingente militar entrava naquelas terras. Na ocasião foi gravemente ferido e só não foi morto graças a coragem dos seus leais soldados. O que ocorreu com Theophanes forçou reuniões de tropas em Salgueiro.
No mês de abril de 1921, ainda se recuperando do ferimento sofrido, seguiu em diligência de Floresta para Vila de Betânia e Riacho do Navio, em companhia de Optato, José Caetano e o tenente Carneiro, para encontro em Jatobá de Tacaratú. Naquela cidade, encontrar-se-iam com as Forças de Alagoas, chefiadas por José Lucena. Na oportunidade, tiveram vários encontros com os Porcinos e com os irmãos Ferreira. Em dezembro foi recolhido de Floresta, assumiu o posto de ajudante do estado maior da Força e foi elogiado pelo comandante José Novaes, que estava deixando o cargo.
Em março de 1922, mais uma vez teve que seguir para Floresta e Vila Bela, motivado pela ação dos cangaceiros. Foi recolhido em maio. Naquele mesmo mês foi nomeado delegado de Taquaritinga, vindo recolhido em junho. Em julho foi nomeado delegado de Vertentes e em agosto, com 27 anos, foi promovido ao posto de major. Em setembro assumiu, pela segunda vez, o então Regimento de Cavalaria. Em outubro participou da posse do novo governador de Pernambuco, o Dr. Sérgio Teixeira. Problemas de insubordinação civil, levaram-no a cidade de Vitória de Santo Antão, a fim de promover inquérito policial.
No início de 1923, tiveram que agir com rigor para conter uma grande greve na Pernambuco Tramways. Em maio, motivado pelo assassinato do coronel Joaquim Leão, prefeito de Correntes, foi nomeado delegado daquela cidade. Em outubro, foi nomeado delegado de Jatobá de Tacaratú e comandante do destacamento local. Naquela oportunidade Lampião estava sendo perseguido por forças da Paraíba e de Pernambuco.
No início de 1924, seguiu em diligência para o município de Boa Vista, fronteira com a Bahia, a fim de dar combate ao cangaceiro Dom Vila Bela - vulgo Dativo. Lampião atacava o Distrito de Santa Cruz, município de Triunfo e não dava mais sossego no Sertão. Em março foi nomeado, pela primeira vez, Comandante Geral das Forças em Operações na Zona Sertaneja, com sede em Vila Bela. Naquela época agiam os seguintes bandos: Lampião, Meia-Noite, Antônio Rosa, Cícero Costa, Sabino Gomes, Beneditos, Cipaúbas, e Gabriel Alecrim. Theophanes promoveu, de imediato, ajustes e mudanças no trajar e na forma de combater os cangaceiros. Agora a formação da sua tropa contava com grande contigente de soldados locais, afora o auxílio de agregados, que eram chamados de cachimbos. Logo no final do mês de março, ocasião que organizava uma super volante, teve a felicidade de encontrar Lampião e feri-lo no combate na Lagoa Vieira, município de Vila Bela. A vida daquele cangaceiro esteve por um fio. No início do mês de abril, mais uma vez destroçou o bando de Lampião na Serra da Panela. No início de julho suas forças combateram o cangaceiro Antônio Rosa e no final daquele mesmo mês, combateu, pessoalmente, o cangaceiro Sabino Gomes na fazenda Abóboras, município de Vila Bela, na fronteira com a Paraíba. Naquela oportunidade, Lampião autorizou o ataque a cidade de Souza, na Paraíba, provocando o ódio do coronel José Pereira e o início, para valer, de uma grande perseguição. Com aquela atitude Theophanes ficou muito contente, pois sabia que os esconderijos dos cangaceiros ficava naquela região de Princesa e, agora, o combate era sério. O temível bandido Meia-Noite seria morto em combate em Tataíra, fronteira da Paraíba com Pernambuco. Em setembro seguiu em diligências para observar de perto a movimentação das tropas. Em Jatobá ocorreria um conflito que terminaria envolvendo seus soldados, resultando na morte de um coletor estadual e de sua mulher. Após aquele conflito, Theophanes adquiriu inimigos gratuitos naquela cidade, sem que ele tivesse nada a haver com o fato. Diligenciou e descobriu que os Ferreiras andaram por Vila Bela, que sabiam de todos os movimentos da sua tropa e tudo que acontecia naquela cidade. Em novembro, foi nomeado Delegado de Petrolina e passou o comando das Forças para o tenente Higino Belarmino.
O ano de 1925 transcorreu sem grandes novidades. Impunha a Lei em Petrolina e era muito estimado por todos. Daquela cidade, Theophanes informava ao governador de Pernambuco e ao comando da Força Pública sobre as andanças das Colunas de Revoltosos. Lampião e seu bando campeavam pelos Sertões e impunham o reinado do terror.
No início de 1926, seguiu com alguns soldados para Ouricuri a fim de juntarem-se ao comandante João Nunes com a finalidade única de defenderem o nosso território contra a Coluna de Revoltosos. Nossas forças conseguiram brilhante vitória em Valença, no Piauí. Retornou para Petrolina, a pedido do governador, e centrou sua preocupação com a efetiva invasão que se aproximava. Em fevereiro, os revoltos invadiram Pernambuco e emboscaram o coronel João Nunes, provocando baixas em nossas forças. Em julho, de regresso, os revoltosos passam, mais uma vez, pelo nosso território e foram perseguidos tenazmente pelas nossas forças até a sua saída definitiva para o Piauí. Neste meio tempo, Lampião aterrorizava o Sertão Pernambucano e descarregava sua ira contra o povo ordeiro de Nazaré. Agindo assim, Lampião provocou o clamor público e a sociedade cobrava do governador de Pernambuco uma atitude mais enérgica no combate ao cangaceirismo. Em setembro foi nomeado comandante das forças contra o banditismo reinante no Alto Sertão, tendo Salgueiro como sede. Em novembro, foi, pela segunda vez, nomeado comandante geral das forças volantes, recebendo, para tal missão, carta branca do governador Júlio Mello. Naquele mesmo mês, em Vila Bela - sede das volantes, efetuou prisões de soldados da força que forneciam munição para Lampião e denunciou o apoio dado àquele bandoleiro por pessoas de representação daquela cidade. Em novembro, por pura pressa dos comandantes das suas forças volantes, sofreram baixas no ataque a Serra Grande. Theophanes considerava aquele ataque como um dos maiores combates que foi travado contra Lampião. Sabedor do ocorrido providenciou, de imediato, a reorganização das tropas e a perseguição foi tenaz ao bando de cangaceiros.
No início de janeiro de 1927, já reinava a tranqüilidade nos Sertões de Pernambuco. O antigo grupo de Lampião estava reduzido a metade. Em fevereiro, com a prisão do cangaceiro Beija-Flor, Lampião iniciou uma série de boatos com o intuito de desmoralizar Theophanes perante seus superiores e subordinados, divulgando que recebia munição do próprio comandante das forças volantes. De imediato, Theophanes solicitou seu afastamento e abertura de rigoroso inquérito. O clamor da população sertaneja foi sentida e verificada a mentira levantada, assim, o grande comandante foi autorizado a permanecer no comando das Forças. Durante aquele ano não foi dado trégua aos bandidos, todos os coiteiros mais famosos foram tirados de ação e muitos vieram ao Recife para dar explicações ao chefe de Polícia. Sem a ajuda dos coiteiros Lampião viu que agora ele estaria irremediavelmente perdido. Dia a dia Lampião via o seu grupo diminuir cada vez mais.
No final do mês de janeiro de 1928, como prova do saneamento moral dos nossos Sertões, o chefe de Polícia, Dr. Eurico de Souza Leão, pôde realizar, com a presença de Theophanes, seu antigo sonho de viajar pelos nossos Sertões. Graças ao imenso prestigio junto ao governador, Theophanes conseguiu a compra do prédio em Floresta que serviria de Quartel para o 3º Batalhão e a construção de estradas importantes entre Vila Bela e algumas cidades do Sertão, sendo a mais importante a que liga a Floresta. Com a construção dessas estradas ficaria fácil os deslocamentos das tropas e encurtavam-se as distâncias. Atendendo convite do chefe de Polícia, e sabedor do saneamento realizado, assumiu interinamente o comando do 2º Batalhão, em 30 de abril, no Recife, deixando o comando das forças volantes aos cuidados do tenente Arlindo Rocha. Aquele bravo militar, em agosto daquele ano, escorraçaria o minúsculo grupo de Lampião para a Bahia,. No dia 30 de maio foi promovido ao posto de tenente-coronel, contando apenas 33 anos, e passou a comandar o 1º Batalhão no Quartel do Derby.
No ano de 1930 recebeu, com preocupação, as notícias dos movimentos que vinham acontecendo em Princesa, na Paraíba, envolvendo a figura do seu amigo coronel José Pereira. Em maio, com os seus auxiliares, receberam o Graf Zeppelin, quando da sua primeira viagem à América do Sul. Em julho, abafaram uma revolta comunista de sargentos da Força Pública. Em 03 de outubro, lutando por um governo legalmente constituído e pela honra militar, enfrentou os Revoltosos de 30, conseguindo algumas vitórias, só não encontrou o mesmo entusiasmo no seu comandante o Coronel Wolmer, que insistia em se entregar. Desiludido e com alguns soldados leais formou uma coluna independente e deixou o Quartel do Derby. De lá, tentou alcançar o 3º Batalhão em Floresta, que estava comandada pelo seu amigo o major Nelson Leobaldo. Só em Pesqueira é que foi sabedor da desgraceira que havia acontecido em Floresta e se refugiou na Serra da Cangalha, município de Custódia. Foi convencido pela sua esposa a se apresentar no Recife e buscar tratamento médico. Foi feito prisioneiro e jogado em uma cela da Casa de Detenção, sem as mínimas condições de higiene e humanidade, sendo posto em liberdade vigiada no dia 21 de outubro. Vencido, desiludido e doente acabou assim a sua vida. Deixou o plano terrestre e passou para o celeste, carregado de tristezas, em 11 de setembro de 1933, na cidade de Vila Bela.
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