O cangaceiro Lucas da Feira
Lucas da Feira
foi como ficou conhecido o mulato Lucas Evangelista, por ter nascido em Feira
de Santana. Filho de negros cativos, Inácio e Maria, Lucas era vesgo e canhoto
e cresceu vendo a situação a que eram submetidos os escravos, com surras e
castigos. Estas cenas viriam marcar para sempre a sua vida de criança e
posterior adolescência. Lucas era forte e taludo e com 15 anos de idade, fugiu
para o mato e resolveu vingar-se, a seu modo, das crueldades praticadas pelos
feitores para com seu povo.
Ele juntou grupos compostos por mais de trinta homens, entre negros e mulatos fugitivos, e passou a aterrorizar grandes trechos da Bahia, assaltando propriedades, surrando e matando fazendeiros brancos, deixando as estradas vazias.
Historiadores
contam que uma peculiaridade sua era a de achar que tinha, sobre as moças
brancas, o mesmo direito que os senhores brancos tinham para com as mulheres
negras, que eram estupradas e seviciadas pelos seus “donos”. Lucas não se fazia
de rogado. Ao invadir uma propriedade, estuprava igualmente as moças brancas
daquela casa, juntamente com seu grupo. Com o passar do tempo seu grupo foi
diminuindo. Lucas foi então traído por um compadre e ferido, foi levado à
forca, depois de julgamento.
Diante do mito
em que se tornou, o imperador D. Pedro II manifestou desejo de conhecê-lo.
Lucas foi levado da Bahia ao Rio de Janeiro e ao retornar foi então enforcado
aos 42 anos de idade.
O crânio de
Lucas da Feira foi destruído em janeiro de 1905, durante um incêndio que
consumiu parte da Faculdade de Medicina e o laboratório de Medicina Legal,
lugar de trabalho de Nina Rodrigues.
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