Lampião e Benjamin Abraão Botto
O libanês
Benjamin Abrahão Botto foi responsável pelo registro iconográfico do cangaço e
de seu líder, Virgolino Ferreira da Silva – o Lampião.
Migrou para o Brasil em
1915. Mascate de tecidos e miudezas, foi secretário do Padre Cícero, e conheceu
o cangaceiro Lampião em 1926, quando este foi até Juazeiro do Norte receber a
bênção do vigário. Em 1929 Abrahão fotografou o líder cangaceiro ao lado do
padre.
Depois da morte de Padre Cícero, Abrahão teve permissão para acompanhar
o bando na caatinga e realizar as imagens que o imortalizaram. Para tanto teve
a parceria do cearense Ademar Bezerra de Albuquerque, dono da ABAFILM que, além
de emprestar os equipamentos, ensinou o fotógrafo seu uso.
Ademar Bezerra de Albuquerque, dono da ABAFILM
Abrahão teve
seus trabalhos apreendidos pela ditadura de Getúlio Vargas, que nele viu um
opositor ao regime. Morreu esfaqueado (quarenta e duas facadas), crime nunca
esclarecido. Especula-se que pode ter sido um crime político, a mando de
Vargas.
Transcrevo,
aqui, texto do próprio Lampião, atestando a autenticidade das fotos de Abrahão
Botto (com grafia original).
Illmo Sr.
Bejamim Abrahão
Saudações
Saudações
Venho lhi afirmar que foi a primeira peçoa que conceguiu filmar eu com todos os meus peçoal cangaceiros, filmando assim todos us muvimento da noça vida nas catingas dus sertões nordestinos. Outra peçoa não conciguiu nem conciguirá nem mesmo eu consintirei mais.
Sem mais do amigo
Capm Virgulino Ferreira da Silva
Vulgo Capm Lampião
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