Por Antonio Corrêa Sobrinho
O jornal “O
ESTADO DE S. PAULO”, na página 13 da edição de 13 de abril de 1994, em matéria
assinada pela jornalista Verônica Dantas, e que trago aqui, para apreciação e
considerações dos amigos, apresentou ao Brasil o senhor JOÃO FERREIRA DA SILVA,
à época, com 56 anos de idade e residente em São Paulo, que afirma ser filho de
Lampião e Maria Bonita, apresentando como prova, resultado positivo de teste de
DNA; e que concedeu entrevista.
O que dizem, a
respeito, os pesquisadores?
E os amigos, o
que acham?
Imagem, segundo o Jornal, de João Ferreira da Silva.
EXAMES REVELAM
FILHO DESCONHECIDO DE LAMPIÃO
TESTES
GENÉTICOS FEITOS NOS ESTADOS UNIDOS E NO BRASIL MOSTRAM QUE JOÃO FERREIRA DA
SILVA É FILHO DO CANGACEIRO COM MARIA BONITA; ATÉ AGORA, PENSAVA-SE QUE
EXPEDITA FERREIRA NUNES ERA A ÚNICA FILHA.
O filho caçula
do cangaceiro Lampião e de Maria Bonita mora em São Paulo e é funcionário de
uma emissora de rádio nordestina na Zona Norte. João Ferreira da Silva, de 56
anos, recebeu na semana passada a confirmação do laboratório norte-americano
Lifecoades Corporation, de Stanford, Massachusetts, do exame de DNA para provar
que é filho legítimo de Virgulino Ferreira da Silva e Maria Déa. Antes dos
exames, que também foram realizados pelo Banco de Sangue de São Paulo e pelo
Laboratório Especializado em imunologia (LEI), Silva era considerado um
farsante pela irmã Expedita Ferreira Nunes, até agora reconhecida como a única
filha do casal. A conclusão do exame é que foram encontrados elementos
genéticos comuns entre João e Expedita.
Silva conta
que foi abandonado pelos pais quando tinha apenas 42 dias de vida, em 1938. Ele
lamenta não ter conhecido Lampião e Maria Bonita: “Seria o maior prazer da
minha vida; só que Deus não quis.” O cangaceiro e sua mulher foram mortos por
policiais no mesmo ano em que Silva nasceu.
O exame foi
feito pelo perito policial João Lélio P. de Matos Filho e as despesas
patrocinadas pelo dono da Rádio Atual, José de Abreu, e pelo Centro de
Tradições Nordestinas. Antes de vir para São Paulo, há um ano, Silva trabalhou,
em Juazeiro do Norte (CE), na prefeitura e como engraxate, lavador de carro,
lutador de boxe e motorista de praça. Hoje, trabalha como coordenador de
serviços gerais na Rádio Atual.
TIVE ORELHAS
FURADAS PARA SER RECONHECIDO, DIZ SILVA
Em entrevista
exclusiva a Verônica Dantas, do “Estado”, o filho do rei do cangaço mostrou
exames e documentos e contou um pouco de sua vida.
“Estado” – Por
que o exame de DNA não foi feito antes?
João Ferreira da Silva – Eu nunca tive interesse porque quando minha mãe era viva (a que me criou) ela dizia: “Meu filho, nunca queira entrar em questão senão alguém ainda pode querer te matar.”
“Estado” – O
que muda na sua vida a partir de agora?
Silva – Não muda nada, eu vivo do meu trabalho e não quero dinheiro de ninguém. Aquela minha irmã, a Expedita, pode ficar com tudo. Meu negócio é amar a Deus e o povo nordestino.
“Estado” –
Quando você soube que era filho de Lampião e Maria Bonita?
Silva – Quando tinha 17 para 18 anos. Minha mãe sofreu um acidente, achou que ia morrer e não quis mais guardar o segredo.
“Estado” –
Qual foi sua reação quando conheceu a verdadeira história?
Silva – Fiquei revoltado e arrumava briga com os ‘macacos’ (policiais), porque achava que Lampião e Maria Bonita não mereciam morrer como morreram.
“Estado” – Foi
aí que você ganhou o apelido de João Peitudo?
Silva – Foi. Até hoje sou conhecido por esse apelido em Juazeiro e em outros lugares do Brasil.
“Estado” – Na
sua opinião, seu pai foi um herói ou um bandido?
Silva – Para mim foi mais que um herói. Covardes eram os ‘macacos’ que viviam atrás deles.
“Estado” – É
verdade que sua mãe adotiva foi criada pelo Padre Cícero (religioso adorado no
Nordeste)?
Silva – É, e essa minha mãe várias vezes me escondeu com medo que os ‘macacos’ me pegassem.
“Estado” –
Você foi procurado pela polícia só por ser filho dele?
Silva – Quando eu tinha 7 anos, o capitão José Lucena soube da minha existência e queria me matar.
“Estado” –
Nessa época você ainda morava em Exu?
Silva – Não, morava em Juazeiro do Norte, no Ceará.
“Estado” – E
vocês continuaram morando em Juazeiro mesmo com a perseguição?
Silva – Não. Fomos morar em Arapiraca, depois Jaboatão e Serra Talhada. Só voltei para Juazeiro quando tinha 9 anos.
“Estado” – Com
tanta mudança você nunca desconfiou de nada?
Silva – Eu perguntava à minha mãe e ela dizia que tinha muitas coisas para me contar, mas nunca falava nada.
“Estado” – É
verdade que seu pai marcou o seu corpo para te reconhecer depois?
Silva – É verdade. Tenho as duas orelhas furadas por um punhal.
“Estado” –
Quando você se olhava no espelho não via nada diferente?
Silva – Eu dizia: “Minha mãe, se não sou mulher porque é que tenho as orelhas furadas?” Cada vez que eu tocava no assunto ela chorava.
“Estado” –
Qual é o seu objetivo aqui em São Paulo?
Silva – É ajudar os nordestinos, eu sempre digo que, se for preciso, derramo meu sangue por essa gente.
“Estado” –
Você pretende voltar para Juazeiro?
Silva – Posso voltar porque meu filho mora lá, mas gostei muito de São Paulo. Aqui só encontro gente boa. Além disso devo muito favor a José de Abreu (dono da Rádio Atual). Se não fosse esse cidadão ninguém ia saber a verdade.
“Estado” – O
que você diria para sua irmã se ela te pedisse desculpas?
Silva – Eu só diria uma coisa: não quero nada de vocês, pode ficar com o dinheiro dos filmes, livros, tudo, que eu não quero nem saber.
Fim.
Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho
Grupo: Lampião, Cangaço
e Nordeste
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