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domingo, 2 de outubro de 2016

CAPANGAS E CORONÉIS

Por Apolônio Cardoso

Este pedaço de Brasil denominado Nordeste a´te os finais de 1930, mais ou menos, tinha por característica o coronelismo, acobertado por outro "ismo", que era o banditismo.

O cangaceiro Virgolino Ferreira da Silva (Lampião) ou o "capitão Virgolino", como assim era chamado, cujo título lhe fora dado pelo então presidente da República e entregue em mãos pelo padre Cícero, que era seu protetor, percorria estes brasis do lado de cá com seus companheiros de infortúnio, sendo herói para uns e bandidos para outros. O jovem pacífico tornou-se um bandoleiro devido a rixas e o morticínio entre famílias - um dos primeiros guerrilheiros do Nordeste brasileiro.

A comenda que lhe foi outorgada pelo presidente, tinha uma única finalidade: perseguir e extinguir a "Coluna Prestes". Resultado os dois comandantes de tropas palmilharam seus próprios caminhos. Prestes seguiu seu itinerário, semeando os sonhos de Marx e Mao-Tsé Tung por onde passava, e Lampião morreria depois, assassinado às margens do Rio São francisco. 

Os cangaceiros eram bandidos perante a lei e os coronéis da época, mas tinham seus amigos, protetores e admiradores que os amavam silenciosamente.

As leis são nacionais, mas os senhores de engenho e grandes fazendeiros, os coronéis sem divisa, criavam suas próprias leis". Não digo todos, que entre eles houve os homens de bem que protegiam os mais fracos em seu "território". Entretanto, havia aquele coronel de chibata, que açoitava e matava a quem quisesse, sepultando suas vítimas em seus cemitério" escondidos em suas propriedades.

Matronas, "coronéis!" e escravos brancos, são resquícios da sociedade colonial do Brasil de outrora. Os cambiteiros, vaqueiros e cantadores, senzalas, e casas grandes, são os retratos de uma civilização que foi construída à força, sangue, suor e lágrima, com raízes de barbeirismo e perfume de educação, a civilização que hoje está aí rindo e zombando do tempo. Tendo embora, no estandarte de sua liberdade senzalas destruídas e casas grandes destruídas, governadas por homens brutos que ainda matam por motivo fútil ou em troca de quase nada.

O progresso chegou, a luz iluminou as cidades e as montanhas, o asfalto cortou os cascalhos,onde dormia uma fera, hoje estuda uma criança, a comunicação aproximou os homens. Tudo hoje é diferente. Os "coronéis" e os capangas não têm mais vez (ou quase não). 

Leandro Gomes de Barros, um dos maiores poetas brasileiros em relação à Literatura de Cordel, em seu histórico folheto. "O cachorro dos Mortos", fez pingar de sua pena de mágico, esta obra-prima.

"Os nossos antepassados 
eram muito prevenidos
diziam, matos têm olhos
e paredes têm ouvidos
e os crimes são descobertos
por mais que sejam escondidos.

Os capangas e os "coronéis" são hoje, figuras distantes em nossas mentes, lembranças na história e peças de teatro do Folclore Nacional.

Apolônio Cardoso é advogado e membro da Associação Paraibana de Imprensa.

Fonte: Jornal "O MOSSOROENSE"
Cidade: Mossoró-Rn
Data: 27 de julho de 1995
Ano: ?
Número: ?
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira

Este jornal foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Nascimento (Chagas Nascimento). Desculpem-me alguma falha na digitação, sou um pouco cego. 

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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