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segunda-feira, 18 de março de 2019

A SINA DE UMA AVENTUREIRA

Por José Mendes Pereira
Colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

A gente condena, condena e condena mais ainda, mas na verdade, nós somos verdadeiros faladores de palavras soltas, não sabemos de nada, só sabemos o que temos na ponta da língua, para ferirmos os outros, e parece que não irá doer na pele dos outros, de jeito nenhum. Cada um de nós com pensamentos ferinos dirigidos para as outras pessoas.


Maria Gomes de Oliveira a Maria Bonita tentou ser feliz nas mãos do seu companheiro desordeiro capitão Lampião. Talvez foi, mas é mais fácil ter sofrido mais ainda do que na companhia do Zé de Neném. Ali, com ele, ela não tinha felicidade, mas era honrada, e nunca tocou em nada dos outros na intenção de levar para a sua sacola.


Maria Bonita e seu primeiro esposo Zé de Neném.

Ali, na sua terra que nasceu era protegida pelos pais, pelos irmãos e alguns amigos, mas na caatinga, ela vivia sempre de correria, temendo as volantes policiais que não davam tréguas aos grupos de cangaceiros. 

Muito medo de ser morta por balas com alvo certo. O sol bastante escaldante, fome e muita fome ela passou, sede, sem um teto para passar, pelo menos uma neblina, roupas imundas e corpo sem higiene.

Saudades dos pais que viram o diabo diante se si, quando pressionados pelas volantes policiais, só porque ela decidiu acompanhar o rei do cangaço o capitão Lampião. 

Saudades dos irmãos e irmãs que sentiam por ela o sofrimento dentro daquela maldita caatinga. Saudades  dos amigos e amigas que por Malhada da Caiçara e Santa Brígida que lá nas terras baianas ela deixou.

Colorida pelo professor e pesquisador do Rubens Antonio

Deixa a Maria Bonita enfeitar as lojas gratuitamente! Deixa ela ser amada por todos os brasileiros. Não precisa cobrar direitos autorais, para ela permanecer numa vitrine, numa pousada. Aliás, em qualquer lugar que ela esteja, tem que ser exposta gratuitamente, e lá, ela estará bem, assim como ela quis expor o seu desejo de ser cangaceira. E nas vitrines, ela será bem recebida, admirada e paparicada pelo povo brasileiro. 

O que passou, passou. Ela não foi culpada da sua sorte tão mesquinha, tão adversa para viver que de forma alguma conseguiu ser feliz. Não teve felicidade em lugar nenhum. Nem com o Zé de Neném e nem tão pouco com o rei do cangaço, porque a caatinga não lhe oferecia nenhum a maneira de ser feliz. Se ela não foi feliz, libera que ela seja exporta em qualquer lugar do Brasil. 

Se você quer dizer algo contra ela pense primeiro o que irá dizer, e calcule o seu peso e o tamanho das palavras, porque a vida muda a cada instante, e palavras soltas ditas na intenção de criticar, sem nexo, é possível que um dia venha a cobrança do criador. Ele não dorme de jeito nenhum.

Colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

Por que ela não faz gestos de feliz, e nunca foi feliz, como poderá fazer gestos de risos? Ela quer uma oportunidade para ficar em todos os lugares, sem ser preciso que as pessoas que a expõe em lugares públicos tenham obrigação de pagar direitos autorais. Viva a rainha do cangaço, pelo menos o seu nome e sua fotografia!

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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