Por Valdir José Nogueira de Moura
Assim declarou o belmontense “Sinhozinho Alencar” durante entrevista que o
mesmo concedeu ao “Diário de Pernambuco”, e que foi publicada na edição de
número 00106, que circulou no Domingo, 10 de maio de 1959, pág. 31.
Nascido no dia 13 de março de 1892 na Fazenda Várzea, em São José do Belmonte,
o Coronel José Alencar de Carvalho Pires, tratado carinhosamente pelos seus
parentes e amigos como “Sinhozinho”, oficial reformado da Polícia Militar de
Pernambuco, durante dez anos, percorreu o interior nordestino, enfrentando o
cangaceiro Lampião, em combates violentos, arrojados e memoráveis.
Seu depoimento espontâneo, inédito e corajoso, é de um valor extraordinário
para quantos se debruçam nos estudos do polêmico tema “Cangaço”.
COM O DEDO NO GATILHO:
A volante comandada pelo sargento Alencar corta rios e caatingas, no rastro do
bandoleiro.
Lampião, segue para a Vila de Nazaré, distrito de Floresta. Vai assistir o
casamento de uma prima.
Terminada a cerimônia, ao ter início o baile de homenagem aos noivos, começa o
tiroteio. Os cabras avistaram os soldados.
Lampião oculta-se numa casa da vila, e dali, com gritos insultuosos, dirige à
reação. Portas e janelas se fecham e o fuzilar das balas é impressionante.
O sargento Alencar, avança debaixo do fogo, indo esconder-se no oitão do
casebre. Desafia Virgulino a lutar em campo aberto. Escuta então quando o
bandido grita:
- Vou pular pro meio da rua prá brigar, almofadinha, pras moças ver!
Acervo do autor
O sargento Alencar aguarda, com o dedo no gatilho. Vê Lampião como um gato,
pular a janela e cair em frente da casa. Exatamente atrás, o olho na pontaria
visa as costas de Virgulino. Vai atirar. Puxa o gatilho, e a arma nega fogo. O
cartucho falhou.
Lampião sente o perigo. Pula novamente para dentro da casa. E logo mais,
abrindo violentamente a porta dos fundos, precipita-se de rua afora. Corre a
toda velocidade. O cano do fuzil voltado para a retaguarda.
Atirando sem parar.
O sargento Alencar faz nova pontaria. A mira, nas costas do bandoleiro. Puxa o
gatilho mais uma vez. E a arma falha novamente.
- A vida de Lampião esteve nas minhas mãos. Mas o destino não quis que eu o
matasse.”
Herói do combate de Belmonte contra o bando de Lampião, Tiburtino Inácio e outros cangaceiros, na época em que chefiava volantes pelo interior de Pernambuco.
Adendo Lampião
Aceso.
O episódio
descrito acima se passa em 1º de agosto de 1923.
http://lampiaoaceso.blogspot.com/2020/03/diario-de-pernambuco-10-de-maio-de-1959.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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