Fonte de inspiração – Canal Corvo Seco (Youtube) – https://www.youtube.com/watch?v=44o6MYyOfrc
“O caminho do Mestre consiste em dar o melhor de si e usar a si próprio como medida para julgar os outros. Isso é tudo”.
– Zengzi (discípulo de Confúcio).
Pode-se explicar coisas grandes para quem quer ser grande, mas não para pessoas pequenas.
Veja o rio: tudo flui sem cessar, dia e noite.
Aos quinze anos, dediquei-me de coração a aprender; aos trinta, tomei uma posição; aos quarenta, livrei-me das dúvidas; aos cinquenta, entendi o Decreto do Céu; aos sessenta, meus ouvidos foram sintonizados; aos setenta, segui o meu coração, sem passar dos limites.
Essas são as coisas que me causam preocupação: não consegui cultivar a virtude, não conseguir ir mais fundo naquilo que aprendi, incapacidade de, quando me é dito o que é certo, tomar uma atitude e incapacidade de me reformar quando apresenta defeitos.
Aqueles que nascem com conhecimento são os mais elevados. A seguir vêm aqueles que atingiram conhecimento por meio do estudo. A seguir vem aqueles que se voltam para o estudo depois de terem passado por dificuldades. No nível mais baixo estão as pessoas comuns, por não fazerem esforço algum para estudar mesmo depois de terem passado por dificuldades.
Não nasci com o conhecimento, mas por gostar do que antigo, apressei-me em buscá-lo. Eu transmito, mas não inovo; sou verdadeiro no que digo e devotado à antiguidade.
Pode ser que existam pessoas que consigam algo sem saber nada, mas não sou uma delas. Ouvir muito, selecionar o melhor, testemunhar e registrar, esse ainda é o melhor meio de estudar sem nascer sabendo.
Não sou sábio e nem perfeito; mas como eu deixaria de buscar isso.
Nunca me canso de ensinar essas coisas. Vou lhe contar o que há para saber.
As virtudes da sabedoria (Confúcio)
Ren, humanidade (altruísmo). Li, ou cortesia ritual. Zhi, ou conhecimento ou sabedoria moral. Xin, integridade. Zhing, fidelidade. Yi, justiça, retidão, honradez.
Vencer-se a si mesmo e restaurar as relações sociais, é o que se chama humanidade. Se dia-a-dia nos vencermos a nós mesmos e assegurarmos as relações sociais, o mundo todo se retornará ao humano.
Trazemos uma natureza ferida, para se alcançar a plenitude da condição humana, é nos imposto grandes exigências éticas. Ninguém as possuem, mas todas a podem, e devem alcançar.
Aja antes de falar e, portanto, fale de acordo com seus atos. A sinceridade é o princípio e o fim de todas as coisas, sem sinceridade nada seria possível. Estabeleça como princípio norteador dar o melhor de si mesmo pelos outros e ser coerente com aquilo que diz, e vá onde a retidão, então você estará exaltando a virtude.
Quando cometer um erro não tenha medo de corrigi-lo. Não corrigir as próprias falhas é cometer a pior delas.
Os homens de antigamente estudavam para aprimorar a si próprios. Os homens de hoje estudam para impressionar os outros.
A três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; terceiro, por experiência, que é o mais amargo.
É preciso que o discípulo da sabedoria tenha o coração grande e corajoso. O fardo é pesado e a viagem é longa.
Não importa o quanto você vá devagar, desde que não pare. Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.
Onde quer que você vá, siga com todo o coração. A maior Glória não é ficar de pé, mas levantar-se cada vez que se cai. Quem pretende ter felicidade e sabedoria ao mesmo tempo, deve se acostumar com as mudanças frequentes.
Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar onde quer. A pedra preciosa não pode ser polida sem fricção e nenhum homem aperfeiçoado sem provação.
É durante as trevas que podemos enxergar se a nossa luz é verdadeira, nas adversidades é que nossa virtude é provada e conhecemos a verdade de quem nos tornamos. Lembre-se de como você agiu nos tempos difíceis, para descobrir em que grau sua raiz é virtuosa.
O homem virtuoso não deixa de praticar o bem em nenhuma circunstância. Ele é virtuoso quando tudo o favorece e o é também quando tudo é obstáculo.
Há homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente e nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido. O homem pequeno pensa que pequenos atos de bondade não trazem nenhum benefício e não os pratica. Pensa também que as pequenas ações do mal não fazem mal e não se abstém delas. Consequentemente, sua maldade se torna tão grande, que não pode ser escondida, e sua culpa tão grande, que não pode ser perdoada.
A virtude da humanidade consiste em amar os homens; a prudência em conhecê-los. Veja os meios que um homem emprega, observe o caminho que ele toma e examine as circunstâncias em que ele se sente confortável. Como poderia o verdadeiro caráter de um homem esconder-se?
Quando conhecer alguém melhor do que você, dirija seus pensamentos para torna-se igual a essa pessoa. Quando conhecer alguém tão bom quanto você, olhe para dentro e examine a si próprio.
Dizer que você sabe quando você sabe, e dizer que não sabe quando não sabe: isso é conhecimento. Conhecimento real é saber a extensão da própria ignorância.
A humildade é a única base sólida de todas as virtudes.
Não se preocupe por não ter um cargo oficial, preocupe-se com as suas qualificações. Não receie em ser desconhecido, receie ser incompetente. Não se preocupe porque ninguém aprecia suas qualidades, procure ser merecedor de apreço. Não se preocupe se os outros não o compreendem; preocupe-se com fato de você não compreender os outros. Não é quando os outros falham em apreciar as suas habilidades que você deveria ficar incomodado, mas, antes, quando você falha em apreciar as habilidades dos outros.
A melhor maneira de ser feliz e contribuir para a felicidade dos outros. Ame a todos, sem distinção.
Firmeza, devoção, simplicidade e silêncio – isso nos aproxima do humanismo.
Não imponha aos outros aquilo que você não deseja para si próprio. Exija muito de si e pouco dos outros, e isso lhe trará sossego.
Quando natureza de alguém prevalece sobre a educação recebida, o resultado será uma pessoa intratável. Quando a educação prevalece sobre a natureza, o resultado será uma pessoa pedante. Apenas uma mistura bem equilibrada das duas resultará em cavalheirismo.
Nas suas relações com o mundo o cavaleiro não é rigidamente contra ou a favor de nada. Ele fica do lado daquilo que é justo. Enquanto o cavaleiro acalenta o bom governo, o homem vulgar acalenta sua terra natal. Enquanto o cavaleiro acalenta respeito pela lei, o homem vulgar acalenta um tratamento generoso.
O cavaleiro entende o que é moral e o vulgar entende o que é lucrativo. O cavaleiro tem a mente tranquila, enquanto o homem vulgar está sempre tomado de ansiedade. O cavaleiro ajuda os outros a perceberem o que é de bom neles; não os ajuda a perceber o que há de ruim. O homem vulgar faz o contrário.
O cavaleiro fica à vontade sem ser arrogante; o homem vulgar é arrogante sem ficar à vontade. O cavaleiro come sem exagero, mora em um lugar simples, dedica-se ao trabalho, fala com cuidado e busca boas companhias. Uma pessoa assim gosta mesmo de aprender.
Um cavalheiro coloca todo seu coração no Caminho. Se ele se envergonha das roupas, ou da comida, ele não é sério. Um cavaleiro que é apegado ao conforto, não merece ser chamado de cavaleiro. O cavaleiro não fica triste nem assustado. Ele tem a consciência livre; por que deveria ter tristeza ou medo?
Seja fiel, leal, estudioso ande no Caminho. Não vá aonde há desordem; não more onde há tumulto. Apareça quando o Caminho vier para ficar; oculte-se quando o caminho for perdido.
O progresso do cavaleiro é para cima; o progresso do homem vulgar é para baixo. O cavaleiro vê o todo; o homem vulgar vê as partes. Aquilo que um cavaleiro procura, ele procura dentro de si próprio; aquilo que um homem vulgar procura, ele procura nos outros.
O cavaleiro teme três coisas. Teme o Decreto do Céu. Teme grandes homens. Teme as palavras dos sábios. O homem vulgar, sendo ignorante do Decreto do Céu, não teme. Trata grandes homens com insolência e as palavras dos sábios com ironia.
Há nove coisas as quais o cavaleiro deve dedicar o seu pensamento: enxergar claramente ao usar os olhos, escutar acuradamente ao usar os ouvidos, ter uma atitude cordial, ter um comportamento respeitoso, ser consciencioso ao falar, ser reverente ao cumprir seus deveres, buscar em conselho quando estiver em dúvida, prever as consequências ao ficar com raiva e à vista de uma vantagem a ser obtida, saber o que é correto.
Não se pode senão concordar com palavras exemplares, mas o importante é retificar assim mesmo. Nada posso fazer com um homem que concorda com esses preceitos, mas que não retífica a si próprio, ou com o homem que fica lisonjeado, mas que não reforma si próprio. Não se pode senão ficar satisfeito com palavras elogiosos, mas o importante é reformar a si próprio.
Aprende a viver bem, e bem saberás morrer. Quem de manhã compreendeu bem os ensinamentos da sabedoria, à noite pode morrer contente.
O céu é o autor da virtude que há em mim. Se não se respeita o sagrado, não se tem nada em que fixar a conduta.
Se eu pudesse em uma frase resumir todos os meus ensinamentos eu diria: Nunca deixe o mal dominar seus pensamentos. Quem se modera raramente se perde.
O homem que é firme, paciente, simples, natural e tranquilo está perto da virtude.
Na Paz e tranquilidade do seu ser encontra as respostas para todas as suas dúvidas e inquietações.
O silêncio é um amigo que nunca trai.
QUEM FOI CONFÚCIO?
De 539 a 533 ele foi ensinado por seu avô. A partir dos 15 anos aprendeu as seis artes do arco e flecha, condução de carruagens, escrita, aritmética, dança e música. Aos 19 anos casou-se e um ano depois gerou seu filho Li, que significa carpa.
O próprio nome Confúcio é latinizado e significa “mestre da família Kung”. No início, Confúcio trabalhou como supervisor de um celeiro público e em outros empregos para sustentar sua família. Em 530 a.C. fundou sua própria escola, onde ensinou poética, música e ritos tradicionais. Além disso, ele ensinou histórias antigas de reis do Livro de Documentos Shu-jing. Mais tarde, ele anexou a este trabalho suas próprias histórias intituladas “Primavera e Outono”.
O forte senso de tradição de Confúcio foi revelado já em seus primeiros trabalhos, o que também se reflete em seus próprios ensinamentos. Em 518 a.C. Confúcio viajou para o principado Chou, onde, entre outras coisas, aperfeiçoou seus estudos de música e costumes antigos. Durante este tempo ele conheceu Lao Tse, outro dos filósofos mais importantes da China antiga.
Em 516 a.C. Confúcio foi exilado, mas continuou a estudar história e tradição. Em 509 a.C., após a morte do príncipe, ele teria retornado ao estado de Lu, onde tornou-se administrador.
A partir do ano 501 a.C., ele inicialmente ocupou o cargo de governador em uma cidade chinesa e a partir do ano 498 a.C. exerceu um ofício ministerial. Suas atividades administrativas lhe deram a oportunidade de implementar politicamente suas ideias de tradição e ordem. Mas tendo sido desacreditado por intrigas, desistiu de todos os cargos e deixou o país. No período de 497 a 483 levou uma vida conturbada. Confúcio estava constantemente em movimento. Confúcio era cosmopolita e, no entanto, mantinha os valores tradicionais.
Depois disso ele voltou a China, mas a sua concepção da virtude do Estado e do comportamento moral era radical demais para os governantes, de modo que Confúcio não era mais empregado em nenhuma função pública.
Confúcio então dedicou-se a escrever e editar velhas tradições até sua morte. Ele fez a ordem, que ele acreditava ser alcançável através do respeito por outras pessoas e culto aos ancestrais, o tema central de seus ensinamentos. O status social era irrelevante. O ideal “nobre” de Confúcio era um ser humano moralmente impecável e mais elevado. Ele difundiu a ideia que “o homem pode ser nobre quando está em harmonia com o mundo e como um todo. Encontrar o pivô que une nossa natureza moral, com a ordem abrangente, é a harmonia central”.
Seus ensinamentos foram transmitidos apenas por seus discípulos no “Livro das Conversações” (Lunyu). Ele mesmo publicou os cinco clássicos “Shu Jing”, “Shi Jing”, “Yi Jing”, “Li Jing” e a obra “Chunqui”, que contém a história do estado de Lu no período de 722 a 481 a.C. Em seus ensinamentos, Confúcio representava o princípio da medida e da média. Ele orientou-se para a prática e comportamento moral.
Confúcio morreu em 479 a.C. com a idade de setenta e nove anos.
O confucionismo mais tarde se desenvolveu a partir de seus ensinamentos, que, no entanto, só foi desenvolvido e sistematizado em um corpo de ensino no século II a.C. O confucionismo então tornou-se a doutrina estatal chinesa.
O ensino contém valores religiosos, filosóficos e sócio-políticos, com ética social e política focada em normas comportamentais e um culto estrito dos ancestrais era praticado. O confucionismo também propagou os princípios da força masculina e feminina do yin e yang e em ação no universo.
Somente com a Revolução Chinesa em 1912 o confucionismo foi superado como doutrina de Estado e desvalorizado durante a Revolução Cultural. Foi somente depois de 1976 que Confúcio foi reconhecido novamente como um espírito de preservação do Estado Chinês.
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