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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Cangaceiros de Elise Jasmin

Por:Cicinato Neto
Ivanildo Silveira e Cicinato Neto em dia de Cariri Cangaço

Em 2006, foi publicado o livro "Cangaceiros", da francesa Élise Jasmin. Trata-se de uma edição de luxo, trazendo as fotos conhecidas dos cangaceiros e dos principais componentes de volantes. A maioria das fotos é do acervo de Benjamim Abraão, da década de 1930. Quase todas as fotografias são comentadas pela autora. Destaque para um escrito introdutório do mestre Frederico Pernambucano de Mello. O livro ressalta-se pela beleza e pelo cuidado na sua edição, embora tenha pequenos defeitos, entre os quais a indicação errônea de alguma fotografia ou de algum detalhe como o nome de um cangaceiro.

Estrutura: Texto de Frederico Pernambucano; A Guerra das Imagens; Fotografias de Cangaceiros e componentes das volantes; Comentários sobre as imagens.
 
 
Trecho significativo (edição utilizada: São Paulo, Terceiro Nome, 2006, p. 23-24): "Enquanto seus predecessores tinham feito de sua existência no cangaço um meio de obter vingança, após 1926 - e, mais especificamente, a partir dos anos 1930 - o grupo de Lampião fez do cangaço um meio de adquirir bens materiais, riquezas, e uma notoriedade que lhe permitia obter respeito de parte da classe abastada da sociedade do sertão e de algumas personalidades da vida pública e política da região. Embora muitos jornalistas fizessem questão de demonstrar desprezo por um grupo de indivíduos que se limitavam a imitar a sociedade do litoral, Lampião e seus cangaceiros exerciam sobre eles certo fascínio, gerado por essa mistura de riqueza, extravagância e barbárie. E, mesmo a contragosto, os jornalistas desempenhariam seu papel, publicando muitas fotografias e falando recorrentemente desses personagens de romance. Não foi por acaso que, em 1936, Lampião aceitou ser fotografado - e, principalmente, filmado - por Benjamim Abrahão. Sempre desconfiado dos jornais que publicavam artigos sobre ele cujo conteúdo não podia controlar, Lampião certamente compreendeu que as fotografias e o filme de Benjamim Abrahão lhe permitiriam impor uma imagem sobre a qual nenhuma intervenção, nenhuma distorção seria possível. E se, por um lado, diversos autores e jornalistas divertiam-se evocando a inabilidade de sua linguagem, que evidenciava suas origens camponesas, sua representação fotográfica e cinematográfica, muda e incontestável, deveria mostrar claramente seu sucesso e o de seu grupo. Benjamim Abrahão desempenhou seu papel e pagou caro: morreu em Águas Belas, Pernambuco, no dia 9 de maio de 1938, com 42 golpes de faca".

Cicinato Neto 

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